Capítulo XVII

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Quando chegamos na mansão, Ciel já tinha permitido que Sebastian descansasse, então eu o acompanhei até meu quarto, tranquei a porta e tentei cuidar dele com o que eu sabia.

— Tire suas roupas. — Pedi, me aproximando da minha penteadeira. — Vou ter que fazer um check-up completo.

— Sua inocência é admirável. — Ele disse, retirando seu fraque.

— Por que diz isso? — Arqueei uma sombrancelha, pegando a caixa com os materiais de sutura.

— O duplo sentido por trás dessa frase foi imperceptível para quem a disse. Não vejo muita diferença na personalidade da Madyson de antes e da Madyson de agora.

— Duplo sent… — Corei. — O quê? Pelos céus, Sebastian. Eu não sou você para ficar te provocando enquanto está com dor.

— Ora, mas eu não a provoco apenas quando está com dor. — Ele sorriu. — E não me incomodaria com uma provocaçãozinha.

— Sim, eu acho que eu percebi isso. Agora deite-se. Ande, ande. — Me aproximei dele novamente.

— Não acho que seja uma boa idéia fazer isso aqui. Irá sujar sua roupa de cama.

— Você que vai trocar, de qualquer jeito. — Sorri.

Ele quer ser provocado? Então ele vai ser provocado.

— Eu vou limpar o corte, depois suturar e depois limpar de novo. Será que eu utilizo álcool? — Perguntei, me lembrando de quando ele estava cuidando de mim.

— Parece que minha garota é vingativa. — Seu sorriso continuou. — Por que não para de falar e me mostra logo o que está planejando? — Seus olhos brilharam em vermelho.

Suspirei e me sentei ao seu lado, passando um dos dedos perto do corte.

Flashs da morte de minha mãe vieram à minha mente. O corte era igual. O sangue escorrendo… A dor… Seus olhos sem vida…

— Madyson? Está tudo bem? — Perguntou ele.

— …Sim… Sim, está tudo bem sim. — Peguei um pano e passei ao redor de sua ferida. — É uma ferida bem grande, não é? — Ele concordou. — E tem bastante sangue…

— Algum problema com um pouco de sangue? — Perguntou.

— Não. Eu só estou acostumada a ver gente com feridas menores.

— Como as pessoas que você torturava?

— É… Espera, como você sabe? Não, quero dizer… Eu não “torturava”, eu “conseguia informações”. São coisas diferentes. Além do mais, eu nunca fiz isso com pessoas de bem.

— Ora, não é nada demais. Quero dizer, para mim. Afinal, você deve se importar com isso. Ou não será uma boa rainha, não acha?

— Confesso que antes de você aparecer em minha porta, eu gostava de fazer aquilo. Era… “Bom”… — Seu sorriso aumentou. — Não, não “bom” num sentido ruim. Sinceramente, como consegue pensar assim de mim?

— Ah, eu não penso. Te conheço o suficiente para saber como age e reage. Mas é divertido vê-la tentando se explicar. — Afirmou.

— Você é terrível! — Apertei o pano e ele gemeu. — Não esqueça que quem está te ajudando sou eu. — Terminei de limpar. — Se sente para que eu possa enrolar a gaze na ferida.

— Não está se esquecendo de nada? — Arqueou uma sombrancelha.

— Estou?

— Talvez os pontos?

Dancing With The Devil - Kuroshitsuji (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora