Capítulo VI

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Voltei para nossa tenda, um vazio enorme em meu peito.

Por que eu estou assim? Eu não deveria me sentir tão deprimida por vê-lo seduzindo outra mulher, além do mais, eu mal o conheço. Ele pode estar a seduzindo somente para se alimentar, enquanto ela fica apaixonada.

— Pobre garota patética. — Disse, baixo, olhando para minhas mãos. — Se deixando levar pelas graças de um demônio. Pode ser o maior erro de sua vida.

— Por que está falando sobre si mesma a essa hora? — Perguntou Suit, abrindo os olhos.

— Em primeiro lugar, eu não te convidei para minha conversa. Me deixe com minha esquizofrenia. — Respondi. — Em segundo lugar, eu não sou como ela. Sei a verdadeira natureza dele. Não me entregaria de tal maneira.

— Você fica ao lado dele mesmo sabendo de tudo. Até conversam como pessoas normais. O que obviamente, ele não é. — Colocou seus óculos após se sentar.

— Ele sabe se disfarçar muito bem.

— Você é cega.

— Não sou eu quem usa óculos.

— Miopia e cegueira são coisas diferentes. E todo shinigami é míope, se você não sabe.

— Ah, me perdoe por não ser um shinigami. — Respondi, sarcástica. — Me diga, qual a diferença entre shinigamis e demônios, se ambos levam almas?

— Ora, não nos compare com aqueles monstros. Enquanto demônios simplesmente desaparecem com as almas de suas vítimas, para satisfazer sua fome, nós shinigamis vamos atrás das almas de pessoas que acabaram de morrer para averiguar sua vida na terra com o registro cinematográfico. Se for uma pessoa que será útil para o mundo, voltará a vida, pois foi uma perda recente. Se não, coletaremos sua alma para que possa seguir a luz… Ou não. O nome das pessoas e seus rostos ficam todos em nossos “diários” de coleta.

— Você tem o seu aí? — Ele assentiu e me mostrou o caderno. — Tem como me achar na lista ou só quem vai morrer hoje tá nela?

— Tem, mas não é como se eu fosse divulgar informações confidenciais com você. — Ele abriu o caderno, folheando-o.

— O que acha que eu vou fazer? Prender uma placa nas minhas costas escrita “eu vou morrer amanhã”? Eu não pedi pra você dizer de outras pessoas, só a minha.

Ele parou de folhear e começou a ler. Seu choque foi visível quando chegou em certa parte.

— O que diz? Eu vou morrer hoje? Por que o choque? O que é?

— Isso é… Diferente. — Ele ajeitou os óculos. — Não é uma revelação da data da sua morte, então acredito que não haja problemas em dizer. A questão é… Eu não conseguiria revelar sua data nem se eu quisesse, porque… Ela não está anotada aqui.

— Isso quer dizer que eu não vou morrer tão cedo?

— … Quer dizer que isso é novo e eu não tenho a menor idéia do que quer dizer, nunca vi tal coisa antes. Você é humana mesmo, não é?

— Sim, por completo. Desde que nasci… Eu acho, pelo menos. Eu não me lembro da minha infância, então não posso ser específica. Mas eu não me alimento de almas nem de sangue, caso isso ajude.

— Sinto uma aura humana vinda de você. — Ele fechou seu caderno.

— Se você sente, então… Espera, você sente minha aura?

— Por que não sentiria?

— Quando eu escutei você e o Sebastian conversando. Ele disse que não sentiu minha presença, minha aura, algo assim.

Dancing With The Devil - Kuroshitsuji (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora