Capítulo I

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Acordei, ainda meio sonolenta, e me levantei o mais rapidamente possível. O dia anterior havia sido cansativo, mas quanto mais tempo eu ficasse na cama, menos tempo teria para meus planos.

Peguei uma blusa e uma calça e as vesti, logo prendendo meu cabelo em um coque bagunçado. Comecei a calçar minhas botas, um pouco mais relaxada, porém focada o suficiente para conseguir encaixá-las com... Alguém bateu na porta.

— Já vou! — berrei, terminando de me calçar.

Corri até a porta e, após quase cair, abri a mesma.

— Pois não? — Cerrei os olhos, desconfiada.

— Uma carta para Ma… — interrompi o homem alto à minha frente.

— Maeve Streets? Sim, sim. — Peguei a carta de sua mão e a li rapidamente. — Hum... Interessante... Obrigada, verei se posso ir. E, aliás, você não me parece um carteiro. Os carteiros geralmente são menos atraentes. Você é…?

— Sebastian Michaelis. — Ele inclinou a cabeça, dando um leve sorriso. Percebi também que ele escondeu certa surpresa, ao olhar para seu rosto. Ou talvez tivesse sido apenas uma paranóia minha, considerando a correria na qual eu vivia. — Sou o mordomo do Conde Phantomhive.

— Ah, sim... É um prazer te conhecer, mordomo. Aliás, você parece ser um bem útil, para dar uma de carteiro e ainda fazer questão de dar uma de investigador para me encontrar assim, tão rápido. — O encarei, mais desconfiada ainda. Um mordomo carteiro era algo novo para mim.

Ao encontro de nossos olhos, jurei ter visto suas íris mudarem para um vermelho escarlate, mas foi tão rápido que pensei depois ter apenas imaginado coisas. Mesmo assim, algo estranho aconteceu, afinal...

— Que nada. Sou apenas um mordomo e tanto. — Continuou sorrindo.

— Ok... Vou ver se posso ir. Tenho uma agenda lotada. Até. — Fechei a porta e corri para o cômodo dos fundos de minha pequena casa.

Havia um homem deitado numa cama, ali naquele cômodo. Puxei o mesmo pelo colarinho e o joguei no chão, tendo que me conter bastante para não o cuspir.

Peguei uma adaga que havia guardado em uma de minhas botas – que, devo dizer, me incomodava muito, ainda mais em ocasiões mais... agitadas, e o esforço que eu fazia todos os dias para encaixar meu pé no mesmo espaço apertado de uma adaga afiada sem me cortar não valia muito a pena, embora fosse o modo mais seguro de andar por aí carregando uma arma sem ser exposta – e pressionei-a contra o pescoço do mesmo.

— Espero que hoje você tenha decidido me dizer onde ela está. — Balancei meu pé, tentando deixá-lo acostumado com o espaço que finalmente sobrou para ele, sem desviar o olhar do homem por um segundo sequer. — Não tenho o dia inteiro para te torturar, tenho que sair. E, se você não colaborar, eu terei de varrer Londres atrás dela, com ou sem a sua ajuda. Com ou sem você vivo. — disse pausadamente a última frase para enfatizá-la.

— E como a senhorita planeja conseguir alguma informação sem mim? É apenas um blefe. — respondeu, com uma certeza quase triste.

Um homem muito audacioso, principalmente pra alguém que estava amarrado e com uma adaga contra o próprio pescoço.

— Tudo bem. Não quer do jeito fácil? Então faremos do difícil. — Chutei sua costela e finquei a adaga em seu braço. — Afinal, concordemos que o jeito difícil é sempre o melhor e mais confiável. — Sorri, sádica, e me animei ainda mais ao vê-lo engolir em seco.

Segui o caminho que me foi dado pelo homem, certa de que estava pronta para uma emboscada.

Dancing With The Devil - Kuroshitsuji (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora