Capítulo XXVIII

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Não conseguia conversar direito com Sebastian desde o nosso último encontro.

Aparentemente, ser supervisor exigia muito dele, como interação diária com os alunos, sendo um conselheiro a toda hora, professor durante o dia e auxiliar de estudos durante a noite. E, como se não pudesse piorar, flagrei Ciel o encarregando de tarefas das mais bobas às mais intensas para receber créditos por suas ações e elevar a confiança do monitor do Sapphire Owl com elas.

Virei a cadeira para trás a apoiei os pés na janela, esperando por ele.

Vê-lo somente em salas de aula estava me matando. E pior, sempre que o visitava à noite, estava ajudando um aluno.

A que eu estou me submetendo?

A voz familiar pigarreou atrás de mim.

— Poderia me dizer o que faz aqui, Senhorita Nightgaden?

Não me virei para ele. Encarava a lua a iluminar céu. As estrelas pontilhando-o com a esperança de auxiliá-la. Era uma pena que estrelas explodissem e engolissem a tudo que estivesse por perto, sempre fadadas ao terrível fim de um buraco negro.

Sebastian uma vez comparou demônios a buracos negros. Eu agora era um buraco negro?

De repente, tive um sobressalto quando ele me pegou no colo e se sentou na cadeira.

— Nunca prestou atenção quando eu lhe apontava as estrelas.

Curvei uma sobrancelha.

— Apontava estrelas para mim?

— Exatamente.

Recostei a cabeça em seu pescoço.

— Aqui é entediante.

— Eu diria aborrecedor.

— E como é aconselhar crianças, para você? — Repuxei o canto dos lábios num sorriso discreto.

Ele suspirou.

— Honestamente, as crianças são suportáveis. E a única que não suporto é justo aquela da qual não posso me livrar.

— Pare de falar assim do Ciel.

— Quem concluiu isso foi você. — Dedilhou minha cintura, excitando-me. E inspirou meu aroma como se eu fosse o melhor dos alucinógenos. — Me precipitarei ao dizer que estou enlouquecendo mais e mais a cada dia que não sinto o seu cheiro dessa forma, próximo a mim.

Grunhi contra o seu toque e entremeei os dedos entre os seus fios negros.

— Somente assim para eu ter certeza de que essa luxúria toda não vem apenas de mim.

— Minha área não é a luxúria, meu amor. É o orgulho. — Lambeu a minha bochecha. — Seu gosto está mais divino do que nunca.

— Que nojo, Sebastian. — Esfreguei a bochecha e ele riu.

— Sente nojo de minha língua em sua bochecha mas não em sua boceta? — provocou.

Rubores intensos queimaram meu rosto.

— Não é à toa que você é um demônio.

Ele não respondeu. Preferiu afagar minhas costas e proporcionar-me um efeito sonolento. E estava funcionando, porque as estrelas escureciam mais e mais a cada segundo.

A porta bateu e um estrondo soou, fazendo-me dar um pulo.

— Aquele merda me enganou! — esbravejou Ciel.

Deixei a cadeira e me sentei na janela enquanto Sebastian levantava-se incomodado.

Recostei-me de um lado da janela e apoiei os pés na ponta do outro, voltando a observar ao céu ainda com algum sono.

Não prestei atenção na conversa deles, mas sabia que falavam qualquer coisa sobre vingança contra um engomadinho qualquer chamado Maurice Cole. Aparentemente, ele havia mexido com Ciel. E o garoto não deixaria barato.

O pouco que eu prestei atenção me fez refletir sobre algo um tanto quanto assustador.

E se Maurice fosse minha primeira alma?

— Maddy? — questionou o conde. — Não imaginava que esbarraria com você por aqui. Parecia estar me evitando.

E estava.

— Não é um bom momento para... — Pensar em almas me fez ver algo no Ciel. Algo que estava muito errado. Algo que deveria ser puro, mas era a representação da corrupção. Sua alma. Desviei os olhos para o exterior. — Eu não me sinto muito bem.

— Você quer... — Ele tentou se aproximar, mas Sebastian o barrou.

— Ela precisa descansar.

— E como descansará com a sua presença sobre ela como um inseto irritante? — rebateu, e senti sua pequena mão em meu ombro. — Madyson? O que sente?

Arregalei os olhos e dispensei o seu toque com agilidade.

— Por favor, Ciel. Mantenha distância. — A maneira como pedi pode ter soado dura. Mas era pelo bem dele.

Ele recuou. Não vi, podia só imaginar que estava chateado por eu o repelir de tal modo.

— Sebastian. Não esqueça o que eu lhe pedi. — Deixou a sala.

Suspirei, frustrada.

— Qual a possibilidade do buraco negro engolir-se sozinho?

— Você teve um bom autocontrole. A alma do Jovem Mestre é das mais apetitosas por tudo o que vem atrelado a ela. E você resistiu. — Sebastian segurou o meu queixo e depositou um beijo gentil em minha bochecha, puxando-me mais uma vez para o seu colo, sobre a cadeira. — Já passou mais tempo do que deveria por aqui. Volte para o castelo pela manhã.

— Me matarão quando me virem com o cabelo assim.

Ele encostou a testa na minha e fechou os olhos.

— Ah, Madyson, quando compreender que a opinião alheia é detestável... — suspirou, e algo tocou minha nuca. Meu cabelo havia crescido. — Mas enquanto for importante para você, será também para mim — soprou em meu ouvido. — Prometa agora que retornará. Ou eu serei obrigado a estripar Behemoth.

Ri, empurrando-o.

— Eu prometo. Mas me deixe acompanhá-los na missão seguinte.

Ele revirou os olhos.

— Não posso prometer. Contudo, influenciarei como puder para que ocorra.

Envolvi o seu pescoço com as mãos, aconchegando-me contra si.

— Eu te amo — murmurei, num ultimato antes de cair no sono.

▪︎

Ei, você, leitor dessa fanfic. Você, você mesmo. Se não quiser ler, pode passar batido.

Não sou muito fã de comentários em quaisquer partes de um capítulo, mas me sinto na obrigação de justificar a minha ausência para todos que acompanham essa fanfic desde – PASMEM – 2021.

Já faz três anos que isso nasceu e agradeço muitíssimo aos comentários e votos e principalmente quando vocês vêm puxar a minha orelha no meu perfil. Garanto que me motiva.

Minha ausência deve-se ao fato de que estou escrevendo um livro. Bem, estou não. Hoje eu terminei de escrever e, se tudo der certo, mês que vem ele sai na Amazon! E, esse é o principal motivo pela qual não tenho trazido nada, para além da criatividade se divergindo em diversas ideias diferentes para muitas fanfics diferentes da qual eu sempre tento reproduzir, porque gosto de seguir a minha própria linha de raciocínio e aprimorar a minha escrita com base em coisas básicas, como fanfics.

Muito obrigada a todos e prometo que tentarei ao máximo trazer mais capítulos em menos tempo!

P.s.: caso tenham interesse, o meu livro tem demônios também, embora o foco sejam os vampiros (eita o marketing)

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 18 ⏰

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Dancing With The Devil - Kuroshitsuji (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora