Capítulo XXVI

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Faziam algumas horas que Ciel e Sebastian haviam deixado o castelo e eu me sentia vazia. Aquilo só me dizia que eu não servia para viver dos luxos e privilégios que alguém da minha casta retia.

— Pode entrar — permiti quem quer que tivesse batido na porta e me retirei da sacada.

Meu pai entrou, e Lilith logo atrás.

As portas foram fechadas e meu pai se pronunciou:

— Minha lagartinha finalmente se tornou uma bela borboleta. — Abriu os braços, me oferecendo seu aconchego e amor.

— Eu diria aranha. — Lilith sorriu, cínica.

Ignorei seu comentário e abracei meu pai.

— O senhor poderia ficar. Trazer Sienna, Lucy e Finn e lhes dar uma vida melhor do que no submundo — sugeri, minha cabeça em seu peito.

— Eu desisti do luxo há muito tempo, Mad. — Suspirou, acariciando meu cabelo. — Ficaremos bem. Todos nós. E você sempre poderá convocar a qualquer um de nós para a visitar. Ou, quem sabe, nomear seu irmão a cavaleiro.

— Eu poderia fornecê-lo um status de nível mais alto.

— Seu irmão? Como um nobre? Estamos falando da mesma pessoa? — Ambos rimos. — Se sente bem?

— Melhor do que nunca. — Me afastei, finalmente encarando seus belos e cansados olhos. Os olhos que revelavam a experiência de alguém que já viveu muito e passou por mais coisas do que seria capaz escrever ou até imaginar.

— Tenho que ir. Sienna também merece um pouco de paz para descansar, não acha? — Piscou, se aproximando mais uma vez e tocando meu ombro gentilmente. — Não hesite em procurar por mim quando precisar, filha. Você é o meu maior orgulho. — Beijou o topo de minha cabeça.

Eu já sabia que ele se orgulhava de mim e da maioria de minhas atitudes. No entanto, ouvi-lo dizer era algo completamente diferente. Eu gostava quando pronunciava aquelas palavras. Quando as direcionava para mim.

— Seu amigo está lá fora a esperando. Não o deixe plantado por muito tempo. — Começou a se afastar.

— Espere! — pedi, alto, e ele parou.

O alcancei rapidamente e beijei sua bochecha.

— Obrigada. — Sorri, sincera, antes de pronunciar uma das mais verdadeiras frases que já disse em toda a minha vida: — Eu te amo, pai.

— Eu também te amo, filha.

O acompanhei até o corredor e avistei Mason, observando pela janela o lado de fora. Estava chovendo.

— Está tudo bem? — Arqueei uma sobrancelha, curiosa.

— Ele só está com saudades suas. — Lilith apoiou seu cotovelo no ombro de seu destinado e riu. — Afinal, ele perdeu essa oportunidade para um demônio. Aliás, quantas vezes vocês transaram essa madrugada?

— Lilith...! — Mason franziu o cenho. Isso só fez o sorriso dela aumentar.

Abri a boca, mas nada saiu. A Lilith da noite anterior fora muito mais tolerável.

Dancing With The Devil - Kuroshitsuji (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora