Capítulo 1

138 23 11
                                    

— Jorge não é assim que se faz panquecas. — Escuto minha mãe repreender Jorge ao descer os últimos três lances de escada.

— Por que vocês já estão brigando? — Questiono, deixando a minha bolsa sobre a cadeira ao lado da minha.

— Jorge não sabe fazer panquecas.

— Eu saberia se você me ensinasse.

— Eu já te ensinei você quem não quis aprender.

— Não ensinou não.

— Ensinei sim.

— Não ensinou.

— Ensinei.

Carolina e Jorge travaram uma batalha no meio da cozinha. Minha mãe nunca ensinou Jorge a fazer uma panqueca e disso eu me lembro muito bem, pois ele quem pediu para ela ensinar.

— Vou me intrometer na briga de vocês. — Afirmo pegando um copo.

— Que bom. — Minha mãe sorri. — Você vai ver que está errado. — Ela cruza os braços encarando Jorge, que segura muito mal a sua risada.

— Jorge pediu para você ensina-lo a fazer panquecas, mas você esqueceu mãe.

— O que? Isso é mentira. Os dois estão de complô sobre mim.

— O que? Não estamos fazendo nada disso. Mãe você se lembra exatamente quando Jorge lhe pediu para você ensina-lo a fazer panquecas?

— Sim, dois meses antes das suas férias, e... Oh! Deus, eu não ensinei. Jorge, me desculpa.

Ri.

— Você já está louca da cabeça.

— Está mesmo. — Jorge confirma se afastando de Carolina e se sentando para tomar o seu café.

— Há, há. Muito engraçado, vocês dois. Está animada para o seu último semestre?

— Normal. — Dou de ombros.

— Como assim, normal? Não está nervosa com as provas?

— Não.

— Tem certeza?

— Sim.

— Ana, você é tão... problemática. No meu último semestre quase arrancei os meus cabelos.

Jorge sorri.

— Podemos imaginar.

— O que quer dizer com isso, senhor?

— Nada.

— Nada, sei. Enfim, por mais que eu saiba que a minha filhota vai passar em todas as provas, eu fico apreensiva. Por mais que essa sua escolha estranha de carreira seja... estranha, eu torço por você.

— Não é estranho a minha escolha.

— Na verdade é, mas como eu disse eu torço por você. — Ela sorri. Reviro os meus olhos. — Nossa, nem acredito que você voltou das suas férias. — Suspira. — Falando em férias você não nos contou absolutamente nada do que fez em Paris.

De novo esse assunto.

— Eu contei sim, em todas as ligações que fizemos.

— Não foram tantas assim, umas quatro?

— Carolina ela estava se divertindo — Jorge me defende.

— Mesmo assim, dava tempo de me ligar, a não ser que...

Reta Final • As Cores Do Perdão • Livro II • Trilogia EnvolvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora