Capítulo 17

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Antonie Breton

Observo Charlotte fechar a porta da galeria. Essa foi a última exposição em Nova Iorque. Eu deveria estar me sentindo esplendido? Com certeza sim, mas eu não estou. Eu me sinto como uma daquelas pessoas que sabe que tem absolutamente tudo na vida, mas que mesmo assim sente falta de algo que não consegue descobrir o que é.

— Ual! Que noite maravilhosa. — Charlotte festejou com um largo sorriso.

Como ela pode estar mais feliz do que eu? Eu sou o pintor, os meus quadros estão em exposição, mas eu não estou radiando tanta felicidade como ela.

— É...— Suspiro dando meia volta colocando as minhas mãos para trás do meu corpo.

Observo cada quadro que ainda estava em exposição e lá estava ele. A minha mente refez toda a cena, foi muito real. Ela estava bem ali na minha frente, observando a sua própria obra prima.

Onde ela está agora? O que ela deve estar fazendo?

Eu tento ser astuto com os meus próprios sentimentos, mas existe um sentimento que está preenchendo a parte mais sombria do meu ser, do meu coração, saudade.

Eu estou ficando louco. Essa é a palavra certa. Imagine, eu Antonie Breton sentindo saudade de uma mulher que já foi minha. Mas Anaelle Lancaster não é uma mulher qualquer com que eu só transei, ela é...enigmática com o seu jeito único e nada amigável.

— Antonie? — Escuto Charlotte me chamar. A sua voz estava tão longe, como se ela estivesse a uma esquina de distância de mim.

— Sim? — Respondo, sem tirar os meus olhos do quadro a minha frente.

— É uma pena ele não sido vendido. Você tem certeza que a pessoa que o pintou não pode permitir que você o venda?

— Não.

— Nem mesmo se você oferecer uma boa comissão?

Encaro Charlotte.

— A pessoa que pintou esse quadro não se vende tão facilmente assim.

Charlotte piscou várias e várias vezes surpresa com a forma ríspida e grosseira da qual eu a respondi.

— Nossa, eu não...disse ela era interesseira, eu só...

— Eu entendi. Não quis ser grosseiro com você, estou muito cansado e a única coisa que eu quero é deitar na minha cama.

— Mas essa foi a sua última exposição, temos a obrigação de comemorar. — Charlotte não estava acreditando em minhas palavras. Ela estava indignada e surpresa com a minha decisão.

Tempos atrás, eu teria feito esse convite para ela sem pensar duas vezes não só com intenção de festejar as vendas dos meus quadros como também para encontrar uma mulher que me agrade, como eu sempre fiz.

— Charlotte...

— Por favor. Vamos apenas beber dois drinks, ou ficar por trinta minutos. Ou escutar uma música.

Nego com a cabeça.

— Você não é mais o Antonie Breton que todos falavam. — O tom de desprezo de sua voz, tirou a minha atenção do quadro.

Viro-me para o lado e a encaro me olhando com desprezo.

— O que disse?

— Você não é mais o Antonie Breton que todos diziam ser. Você está mais para uma pessoa de luto ou um homem sem reciprocidade no amor.

— Reciprocidade?

— Sim.

— Eu não estou apaixonado por ninguém.

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