Capítulo 23

53 12 2
                                    

— Que linda. — Jorge sorriu ao se esbarrar comigo na porta da cozinha.

— Obrigada, Jorge. Mas foi a Fany quem fez esse milagre.

Jorge me encara como se estivesse tentando entender como Fany conseguiu me deixar um quase cinderela estando a milhas de distância.

— Video chamada.

— Oh! Tá. Você me assustou, pensei que ela estivesse aqui. Não a vi entrar e nem escutei a voz dela. Agora está explicado. Vai a uma festa da fraternidade?

— Não.

Entramos na cozinha. Minha mãe me encara de soslaio sem dizer absolutamente nada. Ela estava tão séria e aborrecida.

— Isso é mais do que preocupante.

— Porque? — Questiono encarando a minha mãe esperando um movimento ou outro olhar sério e aborrecido.

— Porque você nunca sai de casa, não sei porque eu fiz aquela pergunta. Você também não vai em festas da faculdade.

— Fui só em uma.

— Hm...— Jorge fica pensativo.

— Isso vai mudar agora que ela tem um namoradinho. — Disse minha mãe irônica.

Suspiro. Ela vai passar a me tratar assim? Como se eu fosse uma pessoa que só fez escolhas erradas na vida e merece a frieza e o desprezos dos outros sem ao menos ter uma segunda chance?

— Richard? — Jorge me encara surpreso.

— Não. — Franzo o cenho.

Eu não estou irritada eu apenas estou surpresa por Jorge achar que eu namoraria, o meu próprio professor.

— Algo pior do que isso. — Respondeu minha mãe.

— Ele...não é tão ruim assim. — Tento defender Antonie.

Jorge ficou me encarando e encarando a minha mãe que desta vez está de frente para nós dois enxugando as mãos.

— Você...está namorando alguém que eu não conheça? Agora eu mudei de ideia. Você está bem? Às vezes você caiu e bateu a cabeça e não se lembra de nada. — Brinca Jorge mesmo percebendo o clima tenso entre eu e Carolina.

— Você não o conhece. — Afirma Carolina.

— Oh! Entendi, a mãe deveria conhecer primeiro depois o padrasto que sou eu. Sem ressentimentos.

— Jorge, não se sinta excluído eu vou apresenta-lo a você.

— Onde? — Questionou minha mãe me encarando.

— Quando marcarmos um almoço em família?

— Esse cara não vai pisar na minha casa.

Jorge fez uma expressão " Nossa, ela está namorando um drogado? "

— Ela está namorando um drogado? Eu não tenho nada contra, Aninha, aliás eu sou a favor de uma segunda chance.

— Viu até ele é a favor de uma segunda chance. — Arqueio uma das minhas sobrancelhas para a minha mãe.

— Até ele saber da verdade.

Suspiro olhando para baixo.

— Mãe, você não vai mudar a minha escolha falando essas coisas ou impedindo Antonie a entrar dentro de casa. Se você quiser eu me mudo só para você se sentir melhor.

— Então se mude.

O que? Será que eu limpei os meus ouvidos direito? Essas palavras frias saíram da boca da minha própria mãe? Onde está aquela mãe que me acorrentaria nos pés da minha cama e me trancaria no quarto só para eu não sair de casa?

Reta Final • As Cores Do Perdão • Livro II • Trilogia EnvolvidaOnde histórias criam vida. Descubra agora