Custei a acreditar, em toda a minha vida, até nesse exato momento, que as pessoas possuem um desejo inigualável e persistente em magoar as outras, em usar umas às outras. Elas não se casam, e parece que nunca vão cansar é como se elas sentissem prazer, êxtase em ver a tristeza alheia. E Antonie Breton não se torna isento desse tipo de falta de humanidade cruel.
Se estivéssemos nesse exato momento em Paris, e ele não tivesse feito tudo o que ele fez para mim, eu teria feito questão de acreditar na sua declaração amor. Mas as suas palavras frias e egoísta ao admitir para mim, que eu fui apenas uma conquista, fala mais alto não só no meu coração como também na minha cabeça, por mais que, um terço dos meus pensamentos e sentimentos gritam na minha cabeça que ele pode estar falando a verdade e que, eu deveria dar uma chance.
— Você é a única que preenche o vazio do meu coração.
Eu custei a dar os meus primeiros passos em direção ao elevador depois de uma parada brusca. Mas eu estou com tanta raiva, que eu estou a ponto de pegar qualquer objeto e tacar na cabeça.
— Como você consegue? — Questiono dando um largo sorriso incrédulo e ao mesmo tempo sarcástico.
— Como eu consigo o que?
— Não tem um pingo de bom senso.
— É isso que você pensa que eu estou fazendo?
— Eu não estou pensando, eu estou afirmando. Você não tem limites Antonie. Já não é o suficiente para você tudo o que você me causou em Paris? Você quer fazer tudo aquilo de novo?
— Eu não quero fazer nada daquilo, você está entendendo errado.
— Eu estou entendendo muito bem. — Fecho os meus olhos tentando segurar a minha angustia, as minhas lagrimas. — Eu passei todos esses dias, todas essas semanas tentando esquecer ou pelo menos amenizar toda magoa, toda a tristeza que você me causou. Eu estava indo bem, até ver você de novo. Eu sei que você veio para nova Iorque por causa da sua exposição, e que aquele encontro na galeria foi uma coincidência...
— Assim como todos os outros encontros. Eu não persegui você, se é isso o que você está tentando dizer.
— Então porque toda nós dois nos encontramos?
— Eu não sei, talvez seja coisa do destino. Eu não sei, eu juro que eu não sei.
— Jura? Qual é Antonie, para com isso. As suas juras, as suas promessas ou até mesmo a sua patética declaração de amor não valem de nada para mim. Você achou mesmo que dizendo essas três palavras eu fosse correr para os seus braços? — Dou três passos para frente. — Eu espero muito que você não tenha pensado isso. Você seria o maior dos idiotas. Eu cai uma vez no seu jogo, para nunca mais.
Volto a caminhar em direção ao elevador.
— Ana, espera! — Escuto a voz de Antonie se aproximar de mim. — Ana! — Antonie segura o meu braço.
— Me solta! Me deixa em paz! Vai embora dessa cidade! Vai embora da minha vida! — Eu já não sabia mais, se eu estava chorando de tristeza, ou se eu estava chorando de raiva, mas a única coisa que eu tinha certeza é que tudo isso ia destruir ainda mais o meu coração.
— Ana...— Antonie me abraça, colocando os seus braços por cima dos meus ombros e deitando a minha cabeça em seu peito.
Eu já não tinha mais força para fazer absolutamente nada, apenas chorar.
— Eu estou cansada disso tudo. Eu estou cansada de sofrer todos os dias por sua causa. Eu não deixo mais as pessoas se aproximarem de ser usada novamente. É tudo sua culpa. Sua culpa. — Dou um leve soco em baixo da sua costela. — A minha vida era perfeita antes de te conhecer. Eu daria tudo para voltar no tempo, e fazer diferente.
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Reta Final • As Cores Do Perdão • Livro II • Trilogia Envolvida
RomanceDepois de um longe período de férias emocionantes em Paris, Ana está de volta a Nova Iorque com um belo sorriso em seu rosto, mas de coração partido. As últimas palavras atrozes que ouviu do homem que ama não sei de sua cabeça, principalmente a pa...