Capítulo 5

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— Ana? — Escuto Jorge me chamar.

— Sim?

— Você me ouviu?

— Não, me desculpa. O que dizia?

— Eu estava falando para você sobre o estacionamento de carros usados que um amigo meu abriu no Brooklyn. Como outro dia você havia dito que estava querendo comprar um carro, eu pensei em levar você lá para dar uma olhadinha, o que acha?

— Eu gostei da ideia, mas... não acha cedo demais? — Carolina me encara.

— Tenho mais de vinte anos mãe.

— Idade não é justificativa para nada.

— Meu amor, a Ana já é maior de idade, precisa ter o seu próprio carro. Ela não vai ficar dependendo do nosso carro a vida toda.

— Eu não me importo. Carros servem para pessoas com muita responsabilidade.

Jorge a encara incrédulo.

— Mais do que a Ana já tem?

Se eu não tivesse feito merda nas minhas férias, estaria dando razão a ele.

— Ando duvidando disso.

Nós duas nos encaramos. Jorge ficou sem entender a troca de olhares.

— Hãm... bom, pense melhor sobre o assunto Ana. Não precisa ter presa.

— Está na hora mesmo deu ter o meu próprio carro. Podemos ir hoje mesmo se o seu amigo não se importar.

— Claro, vou ligar para ele assim que chegar na loja.

— Obrigada, Jorge. — Sorri.

Eu nunca estive preparada para ter o meu próprio carro, sempre adiei essa possibilidade e conquista na minha vida, alegando para mim mesma que aquele momento não era apropriado.

***

— Ana! Ana! — Escuto Gina me chamar assim que eu desço do ônibus.

— Oi.

— Bom dia!

— Bom dia!

— Eu te assustei?

— Não, claro que não.

— Que bom. Eu vou tomar café no Blue Bottle, quer se juntar a mim?

— Não sei se é uma boa ideia, podemos nos atrasar para a aula.

— Estamos vinte minutos adiantados. — Ela rebate com desdém.

— Oh... é... bom... pode ser. — Sorri.

Seguimos para o Blue onde encontramos o professor Richard sentado no mesmo lugar de antes, acompanho por diversos papeis e seu notebook.

— Olha, é o professor Richard. Vou cumprimenta-lo.

— Eu acho que ele está ocupado.

— Bobagem. — Gina se aproxima rapidamente. — Bom dia, professor.

Richard a encara sério, mas ao perceber que se tratava de Gina ele automaticamente sorri.

— Bom dia, Gina. — Não percebi que era você, peço desculpas.

— Tudo bem, o senhor deve estar muito ocupado.

— Um pouco na verdade. Estou corrigindo provas.

— Eu o atrapalhei? — Gina questiona apavorada.

— Não, claro que não. — Richard me encara. — Bom dia, Ana.

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