— Você o que? — Questionou minha mãe tentando entender as minhas palavras.
Eu tentei ser a mais sucinta possível nas palavras "Antonie e eu estamos juntos". Mas o que eu poderia esperar? Alias, qual outra reação eu gostaria de ver em seu rosto nesse exato momento depois de tudo o que eu contei para ela, depois dela me ver em prantos? A sua expressão foi a mais calma que eu já vi em toda a minha vida.
— Antonie e eu estamos juntos. — Pigarreio logo após repetir as mesmas palavras de poucos segundos atrás.
Minha mãe apoia as duas mãos sobra a sua testa incrédula com o que ouviu.
— Eu sempre tive medo de que um dia você me diria algo idiota, ou algo que me levasse a ter um infarto fulminante, mesmo sabendo que isso nunca seria possível porque eu sempre soube quem era a minha pequena Ana, mas agora...— Ela suspira. — Você pode voltar e entrar de novo pela porta da sala e me dizer algo menos idiota?
— Mãe...— Tento me explicar.
— Não!
Quando eu era pequena nunca fui uma menina de fazer muita bagunça, e quando eu fazia minha mãe sempre mantinha o seu tom de voz, porque ela sabia a forma de chamar a minha atenção, e sabia que eu nunca mais faria aquilo, só que agora...é como se eu fosse uma adolescente de 16 anos e acabasse de dizer para ela que eu estou gravida. Não quero comparar uma coisa com a outra, são coisas MUITO diferentes, mas vendo por um outro lado parecem ser iguais.
— Não! — Repetiu ela enquanto dava um leve sorriso amarelo. — Você está brincando comigo — Afirmou entre dentes. — Você não pode ter aceitado aquele filho da puta de volta na sua vida depois de tudo o que ele fez. Qual foi o discurso? Ah! Deixe-me ver. Ele disse que te ama, pediu perdeu e praticamente implorou uma segunda chance de joelhos prometendo que será tudo diferente? — Ela cruzou os braços.
— Eu sei que é difícil de acreditar, mas existem pessoas que podem mudar.
— Então foi isso que ele te falou. — Afirmou novamente. — Deixa eu te dizer uma coisa, ele não vai mudar. Pessoas como ele, que manipulam, que usam e abusam da bondade das outras pessoas, nasceram assim e morrerão assim. Ana, você é a pessoa mais inteligente que eu conheço na minha vida, por favor você não pode se tornar uma pessoa estulta.
— Mãe, as pessoas merecem uma segunda chance. Você também acredita nisso.
— Sim eu acredito, mas não pessoas como ele.
— Porque não pessoas como ele?
— Porque ele te usou Anaelle. — Carolina se aproxima e segura o meu rosto com um olhar cheio de ternura. — Você sofreu demais por causa desse homem. Se eu me esqueci?
Caramba mãe, até parece que os corações humanos são capazes de esquecer as dores.
— Não, eu não me esqueci. Eu ainda sofro, todos os dias, inclusive agora.
— E você acha que dando uma segunda chance para ele vai mudar alguma coisa?
— Não, não acho. Mas eu preciso acreditar que as pessoas...que ele possa mudar com essa segunda chance. Se eu estivesse no lugar dele também faria a mesma coisa. As pessoas erram, mãe, quantas e quantas vezes, você o Jorge ou até mesmo o papai não erraram? A dor que eu sinto nunca vai passar, é como se ela fosse um navio, ele tem o seu destino tanto para ir quanto para voltar. É a mesma coisa com a minha dor, as vezes eu penso que ela foi embora, mas quando dou por mim, ou quando Antonie está próximo de mim eu sinto tudo novamente. Eu prometi para mim mesma que tentaria de todas as formas esquecer tudo o que aconteceu,
— Nem sempre o navio volta para casa.
Suas palavras fizeram o meu coração se contorcer de dor.
— Eu o amo, mãe. Isso talvez nunca mude.
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Reta Final • As Cores Do Perdão • Livro II • Trilogia Envolvida
RomanceDepois de um longe período de férias emocionantes em Paris, Ana está de volta a Nova Iorque com um belo sorriso em seu rosto, mas de coração partido. As últimas palavras atrozes que ouviu do homem que ama não sei de sua cabeça, principalmente a pa...