CAPÍTULO 02

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O dia mal tinha amanhecido, e Rafael já estava de pé. Sua cama estava arrumada e os lençóis dobrados sobre ela. Ele também tinha tomado banho e trocado de roupa; calça e camisa de algodão e botas de couro. E agora estava em frente ao espelho penteando seus, molhados e bem cortados, cabelos castanhos.

Seu quarto era bem amplo e organizado. Nas paredes, várias pinturas mostravam as mais variadas paisagens, feitas com traços precisos por uma mão extremamente habilidosa. Todas assinadas com a mesma letra elegante; Guilherme Augusto. Em um canto, próximo a um dos três pares de grandes janelas que arejavam seu quarto, havia uma harpa e uma mesinha que continha papéis organizados em cima. Rabiscos de partituras inacabadas.

No espelho, olhos verdes encaravam o menino com tal profundidade, que nem pareciam seus próprios olhos refletidos, mas os olhos de alguma outra pessoa que sempre o observava.

Alguém bateu na porta.
Antes que Rafael pudesse dizer alguma coisa, a porta se abriu e Guilherme entrou. - Ele não precisava de permição para entrar ali. - Só que Rafael discordava, mas não dizia nada.

Assim como Rafael, Guilherme havia trocado de roupas. Porém os cabelos permaneciam secos e bagunçados, sinal que ainda não havia tomado banho.

Ambos os meninos eram muito parecidos, tanto em seu tamanho quanto na aparência física. Mas não eram exatamente iguais, apesar de serem gêmeos. Haviam detalhes que os diferenciavam, e o maior era a cor de seus olhos. Guilherme tinha olhos azuis, parecidos com os de sua mãe, já Rafael tinha os olhos esverdeados.

— Por que tanta demora? - perguntou Guilherme irritado. - Estou com fome! E você não vai conseguir deixar o cabelo tão bonito quanto o meu, nem se usasse todas as loções capilares do reino.

— O café só é servido daqui quarenta minutos. - disse Rafael chateado.

Guilherme revirou os olhos.

— Está bem, vamos! - disse Rafael numa tentativa de evitar que o irmão começasse a insistir muito. Deixou o pente na penteadeira e saiu com Guilherme.

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O interior do Palácio estava bem iluminado, diferente da noite passada. Os janelões que iam do chão ao teto, eram os responsáveis por permitir a entrada dalus do sol.

Vários criados caminhavam de um lado para o outro, fazendo reverências sempre que cruzavam pelos meninos que iam a passos largos.

Não demorou muito, e os dois já estavam em frente as portas que davam para a sala de refeições. Guilherme abriu as portas e ao entrar, quase esbarrou com um senhor que saía naquele momento.

Era um senhor bem alto e forte, vestido de linho puro e em tons de azul claro e branco. Em seu peito, carregavam uma gigantesca quantidade insígnias das mais variadas cores, formatos e tamanhos. Também trazia uma grande espada de ferro brilhante na lateral do corpo. Os meninos sabiam que aquela espada era apenas mais um assessório que o senhor usava para parecer importante. O nome dele era Duque Allan Montanhês.

— Altezas! - exclamou o homem com tom de sarcasmo.

— Duque! - disseram os meninos em uníssono.

— Um pouco cedo para o café. Tentando impressionar alguém? Ou apenas tentando se desculpar por algum mal feito! - finalizou encarando Guilherme.

Guilherme ficou calado.

— Nenhum dos dois, Duque. Apenas estamos com fome. - respondeu Rafael educadamente, tentando evitar um problema entre o Duque e o irmão.
Sempre acontecia alguma coisa quando Guilherme e o Duque se encontravam.

ELEMENTUM: O Príncipe do  ArOnde histórias criam vida. Descubra agora