CAPÍTULO 17

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Os dias se passavam, e Guilherme não conseguia parar de pensar em uma maneira de se vingar de Diogo. Não disse nada para Rafael, é claro. Sabia que o irmão faria de tudo para impedi-lo. Mas até agora, não tinham chegado em nada mesmo.

Ele havia discutido algumas ideias com Luíz, seu cúmplice, mas nada que pudesse dar realmente certo. Sempre que tinham alguma ideia que valeria a pena, lembravam de algum obstáculo que enfrentariam.

Pensaram em fazer algum tipo de trote com o Sargento Leonardo, durante uma de suas aulas, e implantar provas contra Diogo. Mas era muito arriscado. Ainda mais se tratando do Sargento Leonardo, que não baixava a guarda um só momento.

Pensaram em entrar no quarto de Diogo, quando não houvesse ninguém, para colocar pó de flor picante em sua cama. - A professora de Trato com Ervas explicou uma vez, que o contato da erva com a pele, causava uma forte irritação. - "Seria muito divertido ver Diogo cheio de coceira, correndo desesperado pelo casarão". - Mas Luiz contou a Guilherme o caso de um tio seu que morreu após o contato com o pó de flor picante. Guilherme não tinha a intenção de ir tão longe por vingança, então desistiu.

E enquanto não tinha ideias boas o bastante, Guilherme continuava com sua rotina. Sua chata e entediante rotina no casarão.

Na aula de História, o professor Fernando estava explicando aos alunos sobre a divisão dos territórios elementares, que aconteceu no mesmo período em que Algusto foi aclamado o primeiro rei do Reino do Ar.

Algusto, foi o tataravô de Rafael e Guilherme. Foi dele que veio o sobrenome dos membros da familia real. Foi ele o responsável pela criação do Reino do Ar.

— Então, - o professor falava. - o recém aclamado rei Augusto, com a ajuda de Cezar, que mais tarde foi aclamado o primeiro rei do Reino do Fogo, construiram a Muralha de Fogo, que até hoje divide os dois reinos. Foi nesse mesmo período que as leis que envolvem os dois reinos foram criadas. Quem sabe me dizer a principal lei criada neste tempo?

Rafael levantou a mão.

— É a lei que proíbe os povos de atravessarem a muralha para o reino vizinho. Essa lei é cumprida rigidamente até os dias de hoje. Tanto nós não podemos ir até o Reino do Fogo, quanto eles não podem vir até aqui.

— Exatamente! - disse o professor encantado. - Desde aquela época essa lei vem sendo cumprida. E quem for pêgo tentando descumpri-la é levado a Casa do Desespero para cumprir pena.

— Professor? - Rafael estendeu a mão novamente. - Uma vez li em um livro, que a Muralha de Sangue foi construída antes da Muralha de Fogo.

O professor riu. Ele achava incrível, Rafael conhecer tanto sobre a história do reino, quando todos os outros alunos pareciam que a ouviam pela primeira vez.

— Isso mesmo, Rafael! - disse o professor contente. - A Muralha de Sangue foi construída antes da Muralha de Fogo. Na verdade foi construida bem antes dos Acordos. Era de extrema urgência construí-la de pressa. Mas isso é um assunto que verão somente no segundo ano. Então não precisamos ter pressa.

— Por que era tão urgente construí-la? - perguntou um garoto no fundo da sala.

— Bom! Nosso mundo havia acabado de passar por uma guerra sangrenta. E os habitantes que ficaram do outro lado da muralha eram, e são até hoje, nossos inimigos.

— Os Híbridos! - disse Guilherme para a surpresa de todos. Ele nunca falava nas aulas de história, em aula nenhuma, na verdade, a menos que um professor perguntasse alguma coisa. - O que foi? - disse ao perceber a surpresa da turma. - Eu leio as vezes!

— Também já ouvi falar sobre os Híbridos. - disse Pedro.

O professor ficou em silêncio por um tempo. Os alunos o encaravam sedentos por informação. O que era incomum. Ele olhou para cada par de olhos em sua frente como se olhasse para uma alcateia de lobos prontos para atacar.

ELEMENTUM: O Príncipe do  ArOnde histórias criam vida. Descubra agora