ELEMENTUM: O Príncipe do Ar

CAPÍTULO 20

Vitor tinha razão.

A semana que se seguiu no palacio foi muito corrida. Rafael e Guilherme pensaram que iriam ter um tempinho para descansar da rotina de aulas da PBTM. Pensaram que teriam algum momento de lazer e diversão. O que eles não esperavam, era que um casamento pudesse ser tão cansativo ainda nos preparativos.

Eles não pararam desde quarta feira. Ensaiaram e reensaiaram a cerimônia de casamento vezes o suficiente, para Guilherme ter decorado os votos do tio e de Natália.

O papel dos meninos na cerimônia era bem simples; teriam que levar as alianças aos noivos no altar. Rafael entregaria a aliança do tio, e Guilherme a de Natália. Mas havia tantos detalhes no restante da cerimônia, que pareciam não ter fim. E Bruna, a organizadora do evento, queria que tudo ficasse perfeito. - "Até parece que o casamento é dela." - Guilherme comentou para Rafael uma vez.

Mas havia uma coisa no meio daquilo tudo, que os meninos estavam gostando muito. Pela primeira vez em muito tempo, seu tio e seu pai, pareciam irmãos outra vez. André andava mais sorridente, e a todo momento estava perto de Otávio dando tapinhas em suas costas e cochichando em seu ouvido. Eles conversavam, sorriam e até se abraçavam. E claro que Vitor estava no meio como sempre.

Era como os meninos se lembravam. Era aquilo que eles mais sentiam falta. Os três pais que tinham, estavam enfim de bem outra vez.

Mara também parecia não se segurar de tanta felicidade. Ela e Natália ficavam de fuxicos o tempo todo. E até o rei parecia estar gostando de toda aquela euforia.

— Guilherme? - Rafael chamou pela terceira vez.

Guilherme que estava voando em pensamentos, se deu conta de que era a hora de entregar a aliança, pela centésima vez aquele dia. Ele levantou do banquinho e caminhou, o mais "gracioso" que conseguia. - Bruna disse que ele tinha que caminhar com elegância. Mas ele não conseguia, o que estava deixando a mulher muito irritada. - Ele foi até a noiva do tio. Estendeu a almofada com aliança de ouro, para que ela pudesse pegar, e voltou para o seu lugar perto do irmão.

— No que estava pensando? - Rafael quis saber.

— É que... o papai está de bom humor. A mamãe não está chorando à toa... até nosso avô parece feliz. Essas pessoas não são a nossa família!

Rafael riu.

Realmente pareciam outras pessoas.

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O domingo ja havia chegado e os meninos puderam finalmente dormir até mais tarde. Mas assim que acordou, Guilherme correu até o quarto de Rafael para ler as cartas que seus amigos tinham mandado.

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Para Guilherme e Rafael. Vocês nem imaginam o que o professor Tomas tem escondido nas estufas da floresta. Dois dragões. Um deles é terrestre, de uma espécie vegetariana. Já o outro é um Dragão de Lava das montanhas vulcânicas do Reino do Fogo. Eu nem sabia que se chamava assim, mas foi como Marcelo disse que se chamava. O terceiro ano está estudando eles. Dá pra ouvir os rugidos deles daqui do casarão, mesmo os dois estando bem no meio da floresta. Fora isso, aqui continua a mesma coisa de sempre. Mas e por aí como estão as coisas? Obs: Laíz está doente. Na aula de trato com ervas, ela confundiu folha de menta com erva de doende. Fez um chá e tomou, e está com diarréia desde ontem. Ela me pediu para avisar, não a parte da diarréia, claro! Abraços, Luiz.

                     ☆

Para Rafael. Não queria admitir, mas sinto falta de você. Laíz e Luíz são excelentes dominadores, mas são professores horríveis. Me pediram para fazer pelo menos um deles flutuar. Como que eu poderia fazer isso? Mal consigo fazer uma borboleta, que já voa por si só, voar. Eles não tem muita paciência. E tem mais uma coisa que eu queria dizer para você. Não sei se eu poderei ir para o casamento. Não tenho uma roupa adequada. Eu fiquei tão feliz com o convite que esqueci deste detalhe. Sinto muito. Nos vemos quando você voltar ao casarão. Abraços, Ravenna.