Capítulo 2

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A tripulação já se encontrava em terra à cerca de uma semana. Todas as noites Harry e mais alguns tripulantes iam ao Três Vassouras, bar que sabiam ser frequentado por Draco, mas nenhum sinal dele.
A maioria dos tripulantes da Fénix não demonstravam descontentamento com a situação, afinal a demora do rapto do Malfoy significava mais tempo com a família e mais tempo de diversão em terra.
Esta era oitava noite que o capitão dirigia-se para o bar agora diariamente visitado. Com poucas esperanças Harry acompanhado por Ron, Seamus e Dean entraram indo sentar-se no balcão.
-Ele não apareceu. - Madame Rosmerta disse antes de Harry perguntar-lhe a questão todos os dias feita.
Harry assentiu. Ele sabia que Rosmerta devia estar cansada de ouvir perguntas sobre Draco.
Logo na primeira noite que lá foram desde a chegada a Hogwarts perguntaram-lhe quando tinha sido a última vez que ele tinha estado lá, quanto tempo demorava a ele aparecer novamente, e quanto tinha sido o maior período de tempo sem ele comparecer ao estabelecimento.
As respostas tinham sido que ele tinha estado lá há cerca de duas semanas, e que o tempo que ele demorava a aparecer variava muito sendo meses o maior período sem ir.
-Vão querer o mesmo dos últimos dias?- perguntou Rosmerta.
-Sim, por favor.
As bebidas já tinham acabado fazia uma hora quando a porta do estabelecimento foi aberta, o que chamou a atenção de Harry. A pessoa que entrou tinha a cabeça coberta por um capuz que foi logo retirado dentro do bar deixando à mostra cabelos quase brancos, uma face de pele clara e olhos azuis.
Harry reconheceu de imediato Draco. Este dirigiu-se para a outra ponta do balcão onde sentou-se como se não tivesse percebido a presença de Harry no local.
-Por favor não causem problemas novamente.- Rosmerta pediu a Harry depois de ver Malfoy entrar.
-Eu não tenciono fazer nada cá dentro.
-Assim espero.
-Ok, agora que ele está aqui, como vamos fazer?- questionou Seamus.
-Ficamos aqui mais algum tempo depois saímos e esperamos por ele lá fora.
-Mas lá fora como vamos fazer para ele vir connosco?
-É uma boa pergunta. Ele nunca virá connosco por livre vontade e não podemos só arrastá-lo, ele irá debater e chamará a atenção.- disse Dean depois da pergunta de Ron.
-Nós nestes dias todos deveríamos ter falado sobre isto.
-Já posso falar?- questionou Harry quando os três finalmente calaram-se.- Eu estava a pensar em pô-lo inconsciente.
-Como?
Harry tirou do bolso um pequeno pedaço de tecido que amostrou aos amigos.
-O que isso tem?- Dean perguntou curioso.
-Não sei, só o Neville sabe.
-O Neville preparou algo para deixar alguém inconsciente?- perguntou Seamus com os olhos arregalados.- Deveria começar a ter medo dele?
-Pergunto o mesmo.- disse Ron.
-Vou ser sincero. Não sei.- admitiu Harry.
-Ok. Temos um potencial assassino com cara de santo a bordo.- Seamus disse fazendo-os rir.
Os quatro ainda permaneceram no bar por mais alguns minutos até Harry pagar e todos saírem.

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-Não podemos ir lá dentro e arrastá-lo?
-Ron, já percebemos que não tens paciência.
-A sério, nós estamos cá fora há quanto tempo à espera daquele ser? É claro que para ele está tudo bem, não é ele que está ao frio.
-Ron, primeiro de tudo ele não sabe que estamos à espera dele e se ele soubesse podes ter a certeza que era assim que ele nunca mais apareceria porque duvido muito ele estar com vontade de ser raptado. Em segundo, nem está frio. - Dean disse.
-Eu não tenho culpa que sejas calorento e não sintas frio.
-É que nem venhas com essa.
-Eu tenho que concordar com o Dean. - Seamus interveio. - Mas por favor não parem, estava-me a divertir com a vossa discussão.
-Eu neste momento questiono-me se não deveria ter vindo sozinho. - lamentou Harry.
-Cala-te tu adoras-nos. - retorquiu Seamus.
-Shh!- Harry mandou-os calar quando ouviu a porta do Três Vassouras abrir.
Eles viram Draco sair e quando este fechou a porta sufocando o barulho do interior do bar eles saíram de onde estavam para darem-se a ver ao Malfoy.
O loiro continuou a andar ignorando-os. Esta atitude fez Harry dar sinal a Finnigan e a Thomas para intercetá-lo, o que o fez parar.
-Um rapaz não deveria andar indefeso.
-Quem disse que eu estava indefeso?- respondeu Draco depois de virar-se para Harry.
-Não estás?
-Não.- Malfoy respondeu tirando uma espada debaixo da capa que trazia e levantou uma sobrancelha em forma de desafio em direção a Harry.
-Com medo?- o capitão perguntou após pegar na própria espada.
-Aqui quem parece ter medo és tu, afinal trouxeste três homens contigo, se não tivesses medo terias vindo sozinho.
Sem dar tempo de Draco dizer mais alguma palavra Harry atacou-o e sentiu lamina atingir lamina fazendo-o esquecer tudo o resto e focar no adversário à sua frente. O capitão iniciou um ataque com toda a sua força e velocidade bruta e pode ver a força do impacto viajar pelos pulsos e ombros de Draco e quase cumprir o seu objetivo de arrancar-lhe a espada de mãos, contudo só o fez desequilibrar um pouco e recuar alguns passos.
Malfoy recuperou-se e logo começaram uma troca de ataques e defesas. O mais velho não tinha a intenção de magoá-lo, pelo menos não gravemente, ele só golpeava com o propósito de desarmá-lo.
Harry não tinha começado o ataque a pensar que seria difícil, porém Draco surpreendeu-o. Draco tinha uma agilidade impressionante, para além de ser demasiado imprevisível, sempre atacando de uma forma que Harry não conseguia prever.
Harry atacava com golpes que implicavam força nos pulsos do adversário, todavia este conseguia sempre minimizar a força com certas técnicas. Harry continuou com os ataques com o objetivo de o desarmar, mas o nobre sempre conseguia defender e contra-atacar.
O que mais estava a enervar Harry era que Draco não demonstrava qualquer sinal de cansaço e esforço para ser bom como estava a ser. O moreno tentava sempre usar a vantagem de ser mais forte que o loiro a seu favor mas este conseguia sempre minimizar essa desvantagem que tinha.
O capitão encontrava-se com a espada em contacto com a de Draco quando sentiu a lamina do adversário perder a força contra a dele. Pelo impulso de perder o objeto contra o qual incitava força Harry perdeu o equilíbrio o que o fez dar um passo à frente e quase calcar Malfoy que se encontrava inconsciente no chão.
-O quê?- o capitão perguntou sem entender o que tinha acontecido.
-Eu sei que não gostas que nós nos metamos nas tuas lutas, mas eu já estava farto de ficar aqui sem fazer nada.- Seamus respondeu e continuou quando Harry lançou-lhe um olhar confuso.- Eu bati-lhe com o punho da minha espada. O nosso objetivo já era pô-lo inconsciente eu só o fiz de uma forma diferente.
-Afinal não sou eu o impaciente do grupo.- disse Ron.
-Ele não está morto?- Dean questionou a olhar para o corpo inanimado.
-Esperemos que não.- respondeu Harry.- Agora ajudem-me a levantá-lo precisamos levá-lo para o navio.
Harry antes de levantá-lo verificou a pulsação confirmando que ele ainda se encontrava com vida. Eles colocaram um dos braços de Malfoy à volta do pescoço de Harry e o outro do de Dean. Os dois arrastaram o rapaz pelas ruas de Hogwarts em direção ao porto enquanto os outros dois, a mando de Harry, tinham ido avisar os outros tripulantes que era para aparecerem na Fénix de madrugada porque eles precisavam de entrar em oceano o mais rápido possível.
Quando finalmente pousaram Draco contra o mastro principal os dois alongaram os ombros que se encontravam doloridos por causa do peso e do esforço de trazerem o loiro. 
-E agora?- Dean perguntou.
-Vamos prende-lo ao mastro. Eu vou buscar a corda.
O capitão foi buscar uma corda e quando voltou junto com Dean prendeu o mais novo ao mastro. Quando achou que estava bem preso afastou-se dele e analisou-o.
Draco agora sem a capa preta que tinham lhe tirado para facilitar o trabalho de prendê-lo só se encontrava vestido com uma fina camisa branca dentro de umas calças pretas. Devido à inconsciência tinha a cabeça caída e as pálpebras fechadas a esconder os olhos claros.
-Podes ir.- Harry permitiu a Dean.
-Não precisas de nada?
-Não, podes ir a casa despedir-te.
-Vou tentar não demorar para puderes ir aos teus tios.
-Não é necessário. Os outros já devem estar a chegar.
Dean assentiu com a cabeça e saiu do navio deixando Harry com um Draco inconsciente. O mais velho pegou na capa e tentou cobrir Draco com ela para o proteger do frio que se encontrava à beira mar, afinal Harry precisava dele bem para poder fazer a troca.
Harry enquanto era o único ser consciente no navio começou a preparar o que era necessário para que quando todos estivessem presentes embarcar.
O capitão não precisou de esperar muito pela chegada de alguns marujos que demoravam para perceber a presença de Draco no mastro devido à escuridão da noite, mas que quando davam pela sua presença perdiam alguns segundos a observá-lo.
Antes de sair para se despedir dos tios Harry pediu a Hermione para esta confirmar que estava tudo bem com o Malfoy, e disse aos presentes que se ele acordasse não era para falar com ele até ao seu retorno.
Ele andou pelas ruas agora silenciosas e escuras de Hogwarts em direção à casa dos tios que a esta hora deveriam estar a dormir. Quando chegou tentou abrir a porta silenciosamente e só quando chegou ao quarto é que bateu à porta na tentativa de os despertar.
-Harry?- Remus questionou quando levantou a cabeça para tentar ver no escuro quem se encontrava na porta.
-Sou eu. Eu só vim me despedir.
-Quê?- Sirius perguntou ao despertar com a frase dita por Harry.
-Nós já o temos no navio e é melhor irmos o mais rápido possível.
-Certo.- Remus disse antes de levantar-se e ir até Harry abraçando-o.
-Agora é a minha vez.- Sirius disse antes de puxar o sobrinho para si e apertá-lo num abraço.- Vamos ter saudades.
-Eu também. -Harry disse ainda no abraço e tentou puxar Remus também para o abraço.- Desta vez não devo demorar tanto para aparecer.
-Ainda bem.
-Acho que é melhor ir.- o mais novo disse ao sair do abraço.
-Toma cuidado.- Remus pediu.
-Eu tomo sempre.
-Espero bem.
-Tchau!
-Tchau!
-Não te esqueças de nós!- Sirius exclamou fazendo Harry rir.
-Como se fosse possível.
Depois das despedidas os adultos ainda foram até à porta de casa onde ficaram a ver o sobrinho desaparecer entre as sombras da rua.

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