Capítulo 6

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-Ei, capitão!- é a primeira coisa que Harry ouve ao sair do quarto.
-Ei, que queres?
-Lembraste da nossa conversa na manhã de ontem?
-Lembro, porquê?
-Então chegou o momento que seria incrível dar uso ao referido penico.
-Sério?
-Não, como estou aqui fora ao sol os líquidos que tinha evaporaram. É claro que é sério, e já tens sorte de ter demorado para pedir isso já que estou aqui há mais de um dia.
Ignorando-o Harry começou a desamarrar as cordas. Quando ficou sem nenhuma corda a prendê-lo Draco levantou-se e alongou-se com os olhos atentos do moreno a observá-lo. Antes que Harry o pudesse segurar Draco começou a correr em direção à borda indo o mais velho atrás para agarrá-lo, porém antes de chegar à borda o mais novo parou e virou-se a rir para o dono dos olhos verdes.
Sem paciência o mais velho segurou no braço de pele clara levando-o em direção ao seu quarto.
-Disseste que te lembravas da nossa conversa, mas o facto de teres acreditado que iria saltar é a prova que não. Eu ontem disse que era impossível chegar vivo a costa.
-Eu lembro, porém eu não sei se és suicida.
-Porque motivo quereria morrer se segundo as tuas próprias palavras eu tenho uma vida perfeita?
-Se calha és um mimado que acha que não é mimado o suficiente por todos ao seu redor, e como foi habituado a ter tudo acha que é o fim do mundo quando isso não acontece. Vai!- Harry falou apontando para o local.
-Deve ser uma vida incrível, não achas? Ter tudo o que queres? Um pouco injusto, mas parece boa.
-Como se não tivesses tido essa vida, e é incrível como tens a audácia de falar de injustiça. -o mais velho falou sem olhar para o outro.
Quando Harry olhou novamente viu o mais novo à beira da mesa a olhar para esta. No momento que chegou perto com a intenção de o levar novamente para o convés viu que o olhar do mais novo encontrava-se nos mapas e deu-se conta que tinha deixado lá a espada devido a não ter se dado ao trabalho de a guardar. Ele esperou o outro tomar alguma atitude em relação à espada quando este não o fez pegou na arma o que pareceu tirar Draco de uma espécie de transe.
-Então? – Harry perguntou para aproveitar a tamanha atenção do outro em relação aos mapas para conseguir alguma informação.
-Só esqueçam essa rota.
-Não foste tu que disseste que não sabias de nada.
-Não é necessário saber para constar que se eles mudaram não foi para algo parecido. Se é para mudar principalmente por causa de andarem a roubar algo que tu pensas ser teu vais mudar de forma que essas pessoas não descubram como voltar a fazê-lo. Então se queres dar alguma importância a esta rota é para usares para saber onde não perder tempo.
Por momentos Harry esqueceu-se que o rapaz que falava era dessa nobreza odiada, ainda mais quando falava como se não o fosse.
-Mais alguma coisa?
-Não, mas, por favor, diz-me que vocês não continuaram a insistir naquele caminho.
-Claro que não. Lembra-te que não és o único ser inteligente neste mundo.
-Obrigada pelo elogio.
-Que elogio?
-Ser inteligente. -a resposta trouxe novamente de forma impactante que aquele idiota era um nobre arrogante que fazia parte da nobreza desprezada tão ou mais filha da puta que ele.
-Vamos. -o capitão disse segurando novamente no braço alheio levando-o de volta ao mastro e prendendo-o lá antes de descer para a cozinha, destino o qual ele estava a fazer o caminho quando foi interrompido pelo mais novo. Todo o ato foi feito sem Harry dar ao outro a oportunidade de entrar noutra conversa com ele.
A verdade era que eles tinham insistido naquele caminho durante um tempo e odiaria admitir isso, Draco já era muito seguro de si para o capitão dar-lhe razão e ajudá-lo a aumentar a sua arrogância.
-Demoraste. -Ginny disse a Harry quando este se sentou.
-Malfoy.
-Então, já começaste o dia sem paciência?
-Vocês não vão parar com isso pois não?
-Nop. Eu estou ansiosa para ver como vais aguentar tê-lo aqui durante tanto tempo se já estás farto dele no segundo dia.
-Nem me lembres que este é só o segundo dia, parece que já é a segunda semana.
O moreno aproveitou a companhia da ruiva e dos demais presentes para desanuviar a cabeça que só pensava no de olhos nublados. Após esse momento de conversa com os tripulantes pegou numa maçã verde para alimentar o loiro, o que fez ter de desamarrá-lo pela segunda vez naquela manhã.
-Aqui está o pequeno almoço, sua Alteza Real. -disse sarcástico ao atirar a maçã para o outro apanhar. 
-Percebemos que estamos na miséria quando a pessoa que nos serve está no estado em que tu estás. Porém ...
-É bom saber que o pior nesta situação é a minha aparência. Não é o facto de estares sentado encostado a um mastro na vez da tua cama feita de sei lá qual madeira entre os tecidos de sei lá onde, feito por sem lá quem que deve custar mais que a mercadoria que vamos buscar ou até mesmo o teu pequeno almoço ser uma maçã e não várias bandejas de comida que te servem até que saibam perfeitamente que não comerás nem metade.
-Já acabaste? No caso ia agradecer pela maçã já que por um milagre acertaste na minha fruta favorita além de que pensava que nem comida iria ter pela manhã mas agora podes pegar no obrigado e enfia-lo bem naquele sítio onde o sol não brilha.
-Ai que fofo o principezinho não consegue dizer um palavrão. A palavra vai sujar a tua boquinha?
-Eu decidi dizer com mais palavras para ver se o senhor capitão entendia o lugar sem eu ter que repetir já que é uma palavra bem pequena e poderia não ouvi-la devido à surdez.
-Cada vez mais a ideia de te mandar para o mar como comida de peixe soa melhor.
-A sério? Porque a mim também, poder não te ver e ouvir seria incrível.
-Então queres que te mande?
-Podes mandar à vontade. Pena que perderias o teu dinheiro.
-Estou a começar a achar que o dinheiro não vale o sacrifício que estou a fazer em ter te aqui.
-A vida do povo não vale esse sacrifício? Porque se é isso que estás a dizer desculpa te dizer querido pirata mas há pessoas que sacrificaram muito mais sendo que não tinham a necessidade de mexer uma palha.
-E quem é essa pessoa?
-É necessário conhecer alguém específico para saber disso? Porque não sei se sabes mas não és o único bom samaritano no mundo.
-Obrigado pelo elogio. -respondeu Harry com a mesma frase usada por Draco mais cedo, fazendo o mais novo revirar os olhos enquanto terminava de comer a fruta.
Desta vez quando voltou a amarrar os pulsos vermelhos que em pouco tempo ficariam em ferida devido ao material entrelaçado, o moreno colocou-o de forma que ele não ficasse de frente para a sua porta, mas de forma que mesmo assim o pudesse ver se necessário, colocando-o de lado.
-Ele vai ficar ali preso o tempo? -perguntou Hermione em algum momento do dia ao amigo.
-Tens ideia melhor?
-Se calhar podíamos pô-lo como ele próprio disse a fazer algo. E também não nos é conveniente estar sempre a ter que desamarrá-lo e voltar a amarrá-lo para qualquer coisa, é uma perda de tempo, além de que isso acabará por magoar-lhe os pulsos. Para não falar que ele está a ficar queimado do sol. – falou a navegadora.
O capitão já se tinha apercebido desses factos. Na última vez que amarrou o mais novo tinha reparado na vermelhão causada pelas cordas, e sabia que em pouco tempo causaria ferida. Também havia se apercebido que a pele clara quase branca do outro encontrava-se rosa  em consequência de passar tantas horas ao sol. E como pessoa que tratava de tudo em relação ao nobre sabia o quão inconveniente era e continuaria a ser estar sempre a mexer nas cordas para qualquer coisa que o outro tivesse que fazer.

Porém a verdade era que até que tivesse consciência de tudo isso não sabia o que fazer com o mais novo. Não sabia o quão melhor seria tê-lo livre pelo navio. Não sabia em que cargo poderia pô-lo. Não sabia se valeria a pena tê-lo a andar por aí e ter que vê-lo constantemente, ao contrário do que acontecia no momento em que ele só o via quando tinha mesmo que ser e quando era necessário, e mesmo nessas alturas ele podia escolher entre adiar esse momento ou não. Se o outro ganhasse essa liberdade teria que ver a carinha arrogante e ouvir a voz que trazia todos os nervos à pele mais regularmente. A pensar talvez preferisse ter que amarrá-lo e desamarrá-lo uma dezena de vezes por dia do que ter que aturar as consequências da outra possibilidade. Mas também poderia mandá-lo fazer algo num lugar onde não costumava ir, com alguém de olho nele, e assim a majestade de merda permaneceria com os seus pulsos intactos e sem qualquer marca, e a sua pele continuaria com a delicadeza da cor da neve e livre de qualquer vermelhão que estragasse esses tons claros. Para não falar no melhor resultado dessa ideia que seria não vê-lo com tanta frequência.

O problema era que aquele ser que nunca deve ter feito nada com as próprias mãos não deveria ser bom em nada e ainda deveria incomodar quem soubesse. Mas teria que ser um problema a resolver, pois Harry não gostava de se lembrar como aquele idiota reagia a toda a situação, agindo como se fossem umas férias, e ele não gostava de saber que estava a dar-lhe aquele prazer.

Ora como o loiro mesmo disse ele era um bom samaritano e seria uma boa ação tornar o futuro rei numa pessoa trabalhadora e que soubesse o que é esforço e responsabilidade.
-E o que ele poderia fazer? Aquela criatura não tem habilidade para nada, além de que nunca fez nada. É bem possível mandarmo-lo fazer algo e ele no segundo seguinte reclamar que está cansado.
-Acerca do que ele pode fazer não sei.
-Então será melhor deixá-lo onde está até sabermos o que fazer com aquele ser.


(15-01-2022)Desculpem-me por qualquer erro. Tive uma semana em que tive pouco tempo para escrever e acabei agora o capítulo durante um jantar para cumprir com o que tinha dito de postar aos sábados. Desta forma acabei por não revisar.

Até ao próximo sábado!

(19-01-2022)Revisei este capítulo, porém é possível que tenha me escapado algo, se isso aconteceu desculpem. Também houve algumas frases que mudei, mas vai dar ao mesmo que já estava escrito. :)

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