Capítulo 4

49 5 7
                                    

-Já sabes o verdadeiro motivo de estares aqui?
-Primeiro posso questionar onde é suposto eu fazer as minhas necessidades?
-Quê? -Harry perguntou a pensar que ele só poderia estar a brincar com ele.
-É para eu fazer aqui e depois vocês limpam? Eu acho que esta opção não é do meu nem do vosso agrado.
-Vais até ali viras o rabinho para o mar e fazes o que tens que fazer. -Harry disse a apontar para a borda de madeira.
-E se eu for fazer…
-Viraste de frente para o mar. -o capitão cortou-o já a perder a paciência.
-Eu faria isso de bom agrado, mentira não faria não, se não estivesse preso.
-Deverias ter pensado nisso antes de me raptares e me prenderes ao mastro.- Draco disse quando Harry não lhe deu uma resposta e levou a mão à testa como se estivesse cansado daquilo.
-Podemos falar do que vim aqui falar?
-Podemos, mas eu preciso de uma resposta. Eu ontem fui a um bar e mais tarde ou mais cedo vou ter que colocar para fora os líquidos que ingeri.
-Ok, quando precisares chamas-me e eu venho aqui para te levar a algum penico. Agora posso fazer a pergunta novamente? -Harry questionou farto daquela conversa.
O mais velho tinha a certeza que o loiro só tinha começado aquela conversa para o enervar, o que tinha funcionado, mas ele tinha que admitir, no caso nunca diria a ele, que ele tinha um ponto. Aquela questão nunca tinha lhe passado pela cabeça, e era óbvio que ele como ser vivo teria que fazer as suas necessidades.
-Claro. -o nobre respondeu dando finalmente a chance de Harry falar sobre o que vinha falar.
-Então neste tempo que te deixei sozinho chegaste a alguma conclusão de o porquê de te termos raptado?
-Tenho uma suspeita, mas acho que preferes ser tu a dizer.
-Não. Podes dizer à vontade.
-Eu serei usado como troca?- Draco adivinha.
-Não é que acertaste? Sim, é esse o nosso objetivo contigo. Iremos entregar-te por uma quantia de dinheiro.
-Porquê eu?
-Porque és uma pessoa importante para o rei.
-Sinto-me honrado por pensares isso de mim. Mas se tu quisesses mesmo que este plano funcionasse terias raptado a princesa não eu, então eu pergunto-me, será que isto não é mesmo pessoal?
-A princesa ainda é nova para passar por isto.
-Mas comigo há o risco de este plano nunca funcionar.
-Se estás a ver uma forma de te levar de volta isso não vai funcionar.
-Não. Eu só estou a dizer-te a verdade.
-Não. A seguir à princesa tu és uma das pessoas mais importantes. Toda a gente sabe que estás prometido à princesa. O rei não iria querer perder o rapaz que preparou para o substituir.
-Tu superestimas-me.
-Será? Se não for pelo rei, os teus pais farão pressão para te ter de volta.
-Eu repito, tu superestimas-me.
-Então se não houver troca podes sempre começar por dizer-nos qual o novo caminho dos navios de mercadoria.
-Eu vou ter que repetir? Eu sinto-me lisonjeado por pensares que sou de tal importância para o rei, mas estás me a superestimar. Ele nunca iria me dizer.
-Não há dúvida que vocês são todos iguais. São todos uns egoístas que só querem saber de vocês e do luxo.
-Tens muita água aqui à volta, aproveita e lava os ouvidos. Eu disse que não sabia.
-E se soubesses dirias?
-Talvez.
-Não, não dirias. É como eu disse vocês só se interessam com vocês, com o luxo em que vivem e ignoram que para isso os outros vivem na miséria.
-Todos no povo são iguais?
-Quê? Não. -Harry respondeu confuso com o rumo que a conversa estava a tomar.
-Exatamente. Não é por fazer parte da mesma classe que somos todos iguais. -Draco falou exasperado.
-Mas a maior parte é assim.
-Eu não desmenti isso. Só não gostei que generalizaste, há pessoas que fariam muito pelo povo. -Draco disse.
-Pena que elas não se amostram e ajudam.
-Elas não precisam de se mostrar para ajudar.
A olhar para o rapaz sentado à sua frente Harry até poderia dizer que ele falava a pensar em alguém. Ele tinha deixado a calma de lado como tinha feito quando questionou sobre a espada e demonstrado verdadeiros sentimentos.
-Então não estavas a falar do porquê ter sido raptado? -o loiro questionou novamente calmo como se quisesse desviar do assunto anterior.
-Sim. Tu ficarás conosco durante cinco semanas. No último dia do próximo mês iremos te levar de volta e executar a troca, e eu não quero saber se acreditas que eles não te vão querer de volta. Entendeste?
-Entendi.
-Em relação à comida, alguém irá trazê-la. Agora eu tenho que fazer, já vou ter a infelicidade de te aturar durante semanas.
-Só me raptaste porque quiseste.
E sem responder Harry voltou para a sua cabine aonde Hermione ainda se encontrava a olhar para alguns papéis.
-Como correu falar com ele?
-Eu não vou conseguir cumprir a promessa de não o magoar.
-Prometeste isso a quem?
-Sirius.
-Porquê? -a navegadora perguntou ao levantar os olhos dos papéis que olhava até ao momento.
-Ele diz que ele é só um rapaz. -Harry respondeu ocultando o facto de que o rapaz que ele se referia era da família de Sirius.- E que se queremos que isto funcione é melhor entregá-lo em condições. -ele continuou quando Hermione demonstrou achar a primeira justificação insuficiente.
-Nisso ele tem razão. Mas porque isso tudo com o rapaz? Ainda só tiveste duas conversas com ele.
-E foi o suficiente. Por mim não falava, não o via, e nem falaria sobre ele para sempre.
-O que é que ele fez para ficares assim?
-Eu vou lá para lhe falar do motivo de ele ter sido raptado, um assunto que deveria ser do interesse dele, e ele pergunta-me aonde ele fará as suas necessidades. -Harry fala como se aquilo fosse a coisa mais incrédula de sempre.
-Foi só isso?
-Só? Ele estava literalmente a brincar com a minha cara. Eu me questiono se ele ainda não entendeu que foi raptado e está a quilómetros de distância de Hogwarts e que nós podemos fazer o que bem nos apetecer com ele pois ninguém vai nos impedir.
-Harry temos que admitir que ele tinha um ponto, nós nunca tínhamos pensado nisso. -Hermione respondeu parecendo divertida com o drama do amigo.
-Mas mesmo assim! Eu acho que é muito mais importante falar do porquê de ele ter sido raptado. E ainda! Quando conseguimos finalmente falar disso ele tem a audácia de dizer que nunca funcionará e que eu supere…superestimo. -ele fala a olhar para a amiga que tentava manter-se séria ao tentar não se rir da irritação e dificuldade do amigo de dizer a palavra.
Hermione esperou uns segundos para o amigo acalmar-se antes de voltar a falar.
-Mas achas que ele pode estar certo? -Hermione questionou novamente séria e preocupada com a possibilidade.
-Acho que não. Acho que ele só estava a tentar fazer me duvidar.
-É que se não funcionar o que depois faremos com ele? Devolvê-lo? Sendo que nós queríamos fazer isso em troca de algo.
-Eu não sei, Mione.
-Nós deveríamos ter pensado muito mais neste plano antes de saltarmos de cabeça nele.
-Agora já está. Agora é só continuar a pensar que tudo dará certo.
-Sim.
-Eu vou ver se está tudo em ordem, fica o tempo que precisares.
-Ok.
Quando Harry saiu da sua cabine os seus olhos foram logo de encontro com a imagem do rapaz sentado preso contra o mastro. Agora a meio da manhã, com o sol a brilhar no céu, os cabelos loiros já claros do mais novo estavam ainda mais claros e com um brilho devido ao astro do dia. Era como se o sol tivesse partilhado um pouco do seu brilho com o rapaz. Os olhos estavam semicerrados para não serem magoados pela luminosidade. A camisa branca leve com poucos detalhes que ele tinha vestida e a pose descontraída em que ele se encontrava ajudava-lhe a passar uma imagem de tranquilidade. Se o mais velho não soubesse o quanto aquele ser humano podia enervar alguém até poderia dizer que ele era um anjo devido à aparência angelical que apresentava.
Ao andar de encontro a Neville para falar sobre as refeições, o moreno questionou-se o porquê de pela infelicidade de o acaso ter colocado o loiro de frente para a sua cabine fazendo com que sempre que saísse tivesse que se deparar com ele, sendo que ele queria vê-lo o menos possível para conseguir cumprir a promessa que fizera a seu tio.






Uma Mercadoria Diferente |Drarry|Onde histórias criam vida. Descubra agora