vinte e cinco

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A Rua London's estava localizada ao sul de Valley City, casas luxuosas e esplêndidas eram vistas dos dois lados, obviamente eu nunca estive em nenhum daqueles imóveis antes, mas agora a casa de número setenta e sete era meu destino naquela noite.

Uma construção tradicional com pintura clara e janelas de vidro denunciava que o interior da casa estava tão cheio quanto o lado de fora, no entanto, algo chamou minha atenção: não havia lixo na grama.

Eu ainda estava dentro do carro, com vergonha ou talvez fosse apenas a excitação que era fazer algo daquele tipo, nem sei ao certo como consegui chamar um taxi e entrar no veículo vestida com aqueles trajes, se é que aquele pedaço de pano poderia ser chamado assim.

O taxista olhou para mim através do espelho do porta-luvas impaciente, estávamos parados ali havia quinze minutos, na certa eu teria que pagar a mais por isso, precisava apenas criar coragem para sair do carro, mas antes que pudesse fazer isso o homem atrás do volante se prontifica em pigarrear alto.

— Tudo bem, já vou descer — digo procurando o dinheiro na bolsa.

Entrego vinte e cinco dólares a ele e então respiro fundo.

— É só uma festa moça!

— Eu sei, só...

— Está com medo de entrar vestida assim.

Acertou na mosca!

— Acho que exagerei um pouco, não é? — pergunto olhando para ele.

— Pois eu acho que você está perdendo tempo aqui dentro enquanto deveria impressionar todos os idiotas riquinhos com sua beleza.

Ele deu um sorriso reconfortante e encorajador, me senti um pouco mais confiante e então agradeci aquele senhor descendo do carro e indo em direção a casa.

Foram instantâneos os olhares em mim, a cada passo que dava em direção a porta ouvia alguns assobios e elogios, tentei não mudar o foco e continuar andando, eu apenas precisava girar a maçaneta e cumprir com o que havia prometido em frente ao espelho.

Ao adentrar o interior da casa pude finalmente entender o porquê das pessoas falarem tanto sobre as festas nessa rua, havia uma porção de gente com as mais variadas fantasias sensuais e sofisticadas por toda parte, por um instante me senti em um baile antigo totalmente malicioso.

Não demorou até que os olhares se dirigissem a mim, mesmo com o som de Sweet Dreams (Are Made Of This) do Eurythmics explodindo nas caixas de som não foram suficientes para que qualquer um ali desviasse o olhar de Jude Whide.

Os homens estavam praticamente me devorando com os olhos e algumas mulheres faziam o mesmo, nunca estive tão exposta daquela forma, usando apenas um body preto de renda, botas de cano longo e jaqueta de couro.

Céus! Eu estava parecendo uma groupie.

Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto e em meu pescoço estava exibindo uma gargantilha apertada e brilhante, havia maquiagem forte contornando os olhos e gloss nos lábios, aquela definitivamente não era Jude Whide, nem mesmo em uma versão alternativa, mas estava disposta a ser outra pessoa essa noite.

Só parei de andar quando cheguei ao balcão do pequeno bar da casa, finalmente soltei o ar preso nos pulmões e então consegui olhar por cima do ombro toda aquela gente, ainda me encaravam, mas dessa vez de forma discreta, muitos ali já foram ao Fast Drink Bar, porém, não lembravam ou me reconheciam.

— Vai querer alguma coisa?

Uma moça com uma tatuagem de tarântula no pescoço perguntou.

— Uma água — respondo.

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