vinte e sete

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As Estrelas.

Não lembro ao certo se um dia admirei tanto aqueles corpos celestes como hoje, Claus havia nos levado até o terraço de um prédio no centro da cidade, a calmaria da noite nos permitia observar as estrelas de uma forma genuína.

Havíamos forrado o chão com uma manta que estava no porta-malas do carro de Claus e nos deitamos, me aconcheguei ao lado dele e ficamos apenas em silêncio apreciando o céu.

Tentei não pensar no que havia acontecido na festa, tirei até mesmo Kim dos meus pensamentos, apenas me concentrei no momento, em sentir aquele homem em meus braços.

- Nunca vi as estrelas tão lindas como hoje - digo baixinho.

Ele apenas concorda com a cabeça dando um leve beijo em minha testa.

- Tenho uma pergunta - Claus diz depois de um tempo.

- Pergunte o que quiser.

- Seu nome é Jude por causa da música dos Beatles?

Foi inevitável não sorrir, ninguém nunca questionava isso, nem os poucos amigos que tive, nem mesmo Nina, mas Claus perguntou.

- Sim - respondo. - A vovó disse que meu pai era fã da banda e colocou o nome da música favorita dele em mim - fecho os olhos tentando lembrar mais coisas. - Ela também disse que ele cantava a canção para me ninar a noite, só assim eu conseguia dormir.

Eu não conseguia lembrar desse fato, mas confiava em minha avó e principalmente confiava no que meu coração sentia quando pensava que um dia meu pai havia cantado para mim.

- É um belo nome - diz baixinho. - E uma bela lembrança.

- É sim.

O que aconteceu em seguida fez com que lágrimas de felicidade acumulassem em meus olhos, Claus começou a cantarolar trechos de Hey Jude dos Beatles, ele era desafinado, mas seu canto era sincero, ele fixou os olhos nas estrelas e continuou cantando.

A cada verso da música meu coração acelerava, fechei os olhos e tentei criar uma nova lembrança, nessa o amor da minha vida cantava a canção que inspirou meu nome, o sentimento era tão forte que pude sentir uma lágrima escorrer por minha bochecha.

- Eu amo você - sussurro para Claus.

Ele me aperta ainda mais forte em seus braços e continua cantarolando.

Acho que é nos momentos mais simples da vida que o amor acontece ou que percebemos sua presença, as pessoas esperam por grandes gestos ou provas de devoção, mas o amor em sua forma mais genuína manifesta-se nas coisas mais simples, como cantar uma canção enquanto admira as estrelas.

- Eu não canto muito bem - diz rindo de si.

- Eu concordo - rimos juntos. - Mas acontece que nunca vou esquecer essa noite.

Eu jamais esqueceria.

- Eu nunca esqueci nenhum dia ao seu lado.

Acredito que essa era sua forma de dizer eu te amo, a forma que só Claus Connelly tinha.

- Mesmo assim ainda odeio você bem lá no fundo.

Ele dá uma pequena risada com minha afirmação, então em seguida beija minha testa delicadamente.

- Sei que isso não tem tanta importância - começa. - Mas nunca estive nesse lugar com alguém.

Ele está sendo sincero, posso sentir isso, não há nenhum traço de mentira em sua voz.

- Bem, pensei que Taylor já tivesse vindo aqui.

Não sei se deveria tocar no nome de Taylor, há um pouco de silêncio e não me atrevo a olhar para Claus.

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