O QUÃO PROFUNDO NÓS SOMOS?

Suas mãos macias

   Dois dias depois Pérola e Pietro estavam juntos de novo no bar , em outra noite chuvosa do ano:

- seu trabalho não te cansa? - a mulher perguntou.

- muito, tem clientes do escritório que são  verdadeiros demônios, mas eu me adapto por causa do meu bom salário.

- imagino, vejo muitos casos malucos dessa cidade no jornal.

- mas e o seu, como é cuidar de uma empresa?

- é cansativo, mas me acostumei.

- sua bebida senhores. - Will os serviu um bom vinho.

- obrigada. - Pérola o agradeceu com um sorriso e Will sorriu de volta e saiu dali.

- é estranho imaginar você como uma mulher de negócios. - comentou Pietro.

- não pareço?

- mais ou menos, porque eu te conheci de um jeito mais melancólico.

- você descobriu coisas de mim que eu não abria com ninguém a muito tempo, então me abri pra você e me senti muito melhor.

- nós nos encontramos, aqui nesse bar, você me intrigou desde o primeiro momento e acho que me apaixonei de cara, porque você foi muito franca comigo.

- achei que tinha me achado maluca por causa da bomba que lhe falei de cara.

- não, acho que eu teria reações espontâneas também se me separasse de um babaca.

- com certeza, mas Pietro, você  é mais controlado.

- um pouco, tento ser, mas as vezes eu canso de tudo, mas sigo forte.

- ser forte que é difícil, mas eu tô me sentindo melhor, até agora nada mais aconteceu.

- e nem vai. - Pietro disse segurando em sua mão.

- você tem mãos tão macias.

O homem riu e encarou de um jeito fofo.

- por que sorriu?

- a suas mãos são delicadas, as minhas não e você me fez lembrar de coisas falando isso.

- coisas erradas... Pela sua expressão.

- sim, coisas bem erradas.

- a gente podia ir pro meu apartamento hoje.

- eu aceito, amanhã é sábado mesmo, nós podemos ir. - aceitou Pietro.

Os dois beberam mas um pouco, sairam uns minutos depois para ir buscar roupas para Pietro e pegar um táxi e ir até o apartamento de Pérola.

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