12° - Lucca...my little brother

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Maya LeBlanc — Pov.

Eu desembaraço meus cabelos enquanto observo meu reflexo no espelho. Faço um rabo de cavalo nele com uma das mãos e com a outra passo o pente pelas pontas desfazendo os fios de cabelo embaraçados.
O som da porta batendo não tira minha concentração. Posso ver pelo espelho Marcus pensativo enquanto se senta na beirada da cama. É desconfortável tê-lo aqui, no lugar que eu automaticamente julguei ser o mais provável que ele não iria atrás. Mas eu estava enganada. Ele veio. No fundo, não sei porque ainda me surpreendo com suas atitudes, não é como se eu não passasse a conhecer o homem que me casei.

— Tudo bem? — questiono ao vê-lo pensativo. A verdade é que não me importo se ele está bem ou não, mas sou vencida pela curiosidade.

— Tudo ótimo! — me olha fixo. — Acho que já passou da hora de voltar para casa, Maya.

— Eu estou em casa. — afirmo.

— A nossa casa. — corrige.

Paro de pentear meus cabelos e me viro de frente para onde ele está sentado, apoiando-me contra a penteadeira.

— Por quê? — sussurro. — Por que você não pode aceitar que eu quero estar aqui?

Me sinto agoniada. Algo dentro de mim parece que estará sempre preso a Marcus. A sensação de não poder tirá-lo da minha vida é sufocante. Tudo o que eu quero é que ele entenda que não damos certo. Não podemos dar certo. Marcus suspira passando as mãos pelo cabelo, ele está ficando irritado, o conheço o suficiente para saber disso.

— Você não queria estar aqui antes. — grunhe. — Ele está casado, Maya! Vai ter uma filha. É sério que você voltou para acabar com uma família? Para tentar fazer uma criança crescer longe do pai?

— Não faça isso! — grito. — Não comece com isso, Marcus. Meu Deus! É sempre sobre eu e como sou uma pessoa horrível!

— Do que você está falando? — se levanta abrindo os braços. — Que porra você está falando?

— É sempre sobre o fato de que a culpa é minha, não é? — o acuso. — Você sempre faz isso! Você faz eu me sentir louca, faz eu me sentir culpada. Eu fiquei sofrendo.

— Você estava sofrendo e eu cuidei de você! — fala. — Eu estava lá quando você caiu, Maya. Você estava caindo, porra! E eu te levantei com toda a força que eu tinha! Por que você ignora isso? Por que você me faz parecer o monstro? — ele anda de um lado para o outro no quarto com as mãos entrelaçadas na nuca. — Eu fiz tudo o que eu podia por você, eu me joguei no desconhecido. E sabe tudo o que eu recebi em troca? — para e me encara. — Ingratidão.

— Não... — nego abraçando o meu próprio corpo. — Eu nunca fui ingrata a você, Marcus. E não era sua obrigação, mas você fez mesmo assim. Sou grata por isso, mas como você não pode ver o mal que fazemos um ao outro?

— O que nos faz mal é sua obsessão por aquele homem, Maya! — me acusa. — Você não enxerga que está louca? Isso não pode ser normal! Não é normal!

— E o que me torna diferente de você? — atiro. — Você diz que eu estou obcecada por ele, mas o que você sente por mim é o que Marcus?

— É amor! — grita me assustando ao se aproximar. Ele segura meu rosto com suas duas mãos e aperta me puxando para perto. — Eu te amo, Maya! Nunca vou deixar você ir!

Lágrimas acumulam nos meus olhos. Porque eu sei que é verdade, ele nunca me deixará ir. E o nunca é tempo demais para que eu possa suportar.

— Nós somos horríveis juntos. — soluço sentindo o nariz dele esfregar contra o meu rosto.

Cacos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora