20° - Marcus

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Maya LeBlanc — Pov.

Eu mal conseguia descrever o sentimento que me apoderava. A noite passada havia sido a melhor da minha vida. Era como se Justin fosse o único com poder de apagar todas as lembranças ruins que eu já carreguei. Com ele, eu poderia ser sempre eu mesma, não precisava ter medo de falar qualquer coisa ou fazer. Justin tinha o poder de me fazer acreditar que tudo daria certo, e eu gostava dessa sensação.
Mas nem tudo seria tão simples assim. Eu sabia que seria uma longa batalha até tirar Marcus de nosso caminho. Ele nunca fez nada na minha vida se tornar fácil, e dessa vez, não seria diferente.

— Onde você passou a noite? — é a primeira coisa que fala quando me vê entrar no quarto. Justin fora para o hospital buscar Nicolly e Jully que ganhariam alta. Eu enxergava a felicidade em seu rosto por conta da filha, e isso me fazia feliz também.

— Eu passei a noite com Anna. — minto. Não gosto disso, mas sei que é preciso. Marcus me encara por alguns instantes e coloca a mão no queixo pensativo.

— Engraçado. — começa. — Pedi para sua mãe ligar para Anna e perguntar de você, ela disse que você não apareceu por lá, Maya. — cruza os braços. Minhas mãos começam a tremer quando Marcus se aproxima de mim. Automaticamente, dou alguns passos para trás.

— Marcus... — sussurro receosa.

— Estava boa a noite com ele, Maya? — ele enrola suas mãos em meu cabelo e me puxa para mais perto. — Será que você gostou da maneira que ele te tocou? — pergunta próximo ao meu ouvido. Meus olhos se fecham com a dor que ele está causando em meu couro cabeludo.

— Você está me machucando! — choramingo, tentando me desvencilhar.

— Me responde, Maya... — afrouxa a mão sobre meus cabelos. — Será que ele te comeu na cama que divide com a esposa? Eu nunca achei que você servisse como amante, se eu soubesse disso...

Suas palavras não deveriam me machucar, mas machucam. Não consigo entender o porquê ele não pode aceitar me deixar e seguir em frente.

— Sabe o que eu acho, Maya? — acaricia a minha bochecha com sua outra mão. Eu inclino meu rosto para trás, tentando me livrar de seu toque. — Eu acho que tudo isso é você querendo minha atenção.

— Não, Marcus! — contesto. — Pare com isso, por favor! — digo. — Eu não quero chamar sua atenção, eu só quero que você me deixe ir. — peço.

— Você quer que eu te deixe ir para correr para os braços dele, não é? — me solta bruscamente. — Maya, você deveria saber que eu não abro mão do que é meu.

— Eu não sou sua, Marcus — nego. — Quando você vai entender? Eu não sou a sua mãe! — soluço.

Ele parece ser atingido por minhas palavras, porque suas mãos agora estão fechadas em punho e ele me encara raivoso. Me arrependo na hora das palavras que eu disse.

— O que você pensa que está falando, Maya? — questiona. Luto contra as lágrimas e abraço meu próprio corpo. — Me responde, porra!

— Eu sei que você acha que no fundo é igual ao seu pai. — sussurro. — Você acha que deve fazer as mesmas coisas que ele fez. — continuo. — Mas eu não sou sua mãe, Marcus. — nego. — Então, por favor, pare de me fazer sofrer o que sua mãe sofreu.

— Você não sabe do que está falando... — o olhar dele agora parece perdido.

— Você amava a sua mãe. — arrisco. — Como foi ficar atrás da porta escutando-a chorar enquanto ele a machucava? — pergunto. Marcus se senta na beirada da cama como se lutasse contra suas próprias memórias. — Como foi, Marcus? Não poder fazer nada por ela?

Cacos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora