Capítulo XIII | Rastros

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— Isso é errado em tantos níveis…. — falo.

— Então, vamos? — Miguel convida.

— Vocês vão, eu vou ficar, não quero ser vista com vocês. — diz Priscila se levantando junto de Miguel.

— Cadê a minha filha? — pergunto voltando do quarto vazio.

— Está brincando com o filho do vizinho no quintal dele. — explica meu irmão.

— Vamos então, temos a localização? — pego as chaves novamente.

— Vou te enviar. — ele pega o celular e me envia um endereço, pelas notificações pude perceber várias mensagens de Elise.

As ignoro e volto ao foco do que temos que fazer agora.

— Será que não tem policiais nos vigiando? — pergunto.

— Não. — respondem juntos.

— Ok… — falo com receio.

Dirigi até um fast food e peguei lanches para nós dois, comemos, e isso seria nosso almoço, e provavelmente a única refeição até as 19:00 horas.

O endereço não era muito longe, mas era em uma área mais isolada. A igreja parece uma igreja, mas bem, é só uma capa pelo o que sabemos. Decorada com pinturas antigas no teto, não parece que vai totalmente contra a bíblia.

A falta de cruzes e santos marca a primeira coisa de diferente, possui alguns bancos com um espaçamento bem grande entre eles. Revestidos com um couro brilhoso de cor caramelada, os assentos de madeira maciça parecem bem caros para um projeto que começou a pouco tempo.

Lá no fundo um triângulo feito de aros de alumínio marcava o centro. No meio da forma uma bola de metal maciço terminava a marca.

Caminhamos até um pequeno altar e nos sentamos em cadeiras posicionadas exatamente para receber e atender as pessoas. Sobre a mesa, um potinho de tinta era preenchido por uma pena branca e comprida. Um livro de couro maltratado tinha uma página marcada por uma fita preta.

— No que posso ajudar? — um homem velho, vestido com uma batina de cor preta aparece e se senta na cadeira no outro lado da mesa.

— Muito prazer, me chamo Miguel, mas pode me chamar de Lord Miguel, se quiser. — cumprimenta com a mão carregando um sorriso orgulhoso.

— Eu me chamo…. Luci. — sorrio e estendo a mão também.

— Muito prazer, padre Daniel. — o velho sorri nos cumprimentando — No que posso ajudar?

— Somos da polícia. — Miguel mostra o distintivo falso.

— O que a polícia faz nesta humilde casa de Deus? — meu irmão solta uma gargalhada.

— Sabemos que isso aqui vende e comercializa drogas ou qualquer coisa do gênero. Porém, não viemos aqui te deter sua mercadoria ou te prender, por isso, peço que mantenha a calma. — falo respeitosamente. Miguel me cutuca repreendendo o fato de eu ter sido direto.

— Então por que estão aqui?

— Recentemente alguém comprou arsênio puro aqui? — Miguel pergunta colocando as mãos sobre a mesa.

Depois o direto sou eu...

— Sim… — respondeu após um momento de silêncio.

— Pode nos dizer algo sobre quem comprou? — pergunto.

— Não, infelizmente não. — nega com a cabeça.

— Ah vamos, ninguém aqui quer um padre algemado e um escândalo de uma igreja que na realidade é um ponto de drogas. — ameaça Miguel.

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