Capítulo XXXI | Dança angelical

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Continuamos ali, perdidos em conversas sobre si mesmos, relembrando os momentos bons, ruins e vergonhosos, no meio de risadas e goles de whiskey.

Estava bom, legal e divertido, mas sentia que contar sobre as minhas vivências e feitos como Diabo não a agradaram nem um pouco, na realidade a deixaram meio desconfortável.

Não queria tocar muito nesse assunto, mas contar sobre mim mesmo não tem como fugir disso. Eu sou péssimo em flertar e não conseguia encaixar nada no meio dos nossos diálogos.

Já estava ficando tarde e sentia que o tédio havia ganhado bastante espaço naquela mesa.

Elise já começara a observar o movimento ao redor girando o canudo dentro do copo cheio até a metade de gelo e a outra por um líquido azul claro.

Não tinha mais nada para conversar, apenas um silêncio pairava entre nós como uma barreira.

Vai Lúcifer, faça alguma coisa…

— Ei… — falei no impulso. Ela me olhou colocando o canudo entre os dentes.

— Hum?

Ah merda, não tenho nada em mente.

— É… Por que a gente não… é… — gaguejei. Ela arqueou uma sobrancelha.

— A gente…? — insinuou para que eu continuasse.

Me levantei e parei a sua frente, estendi minha mão colocando a outra fechada nas costas e a convidei gentilmente:

— Eu poderia ter o gosto de dançar com você?

Seu rosto congelou em uma feição de surpresa por alguns segundos.

— Convite todo formal para dançarmos putaria?

— E quem disse que vamos dançar isso? — sorri. Ela me olhou confusa — Vem comigo!

Elise repousa sua mão leve e delicada sobre a minha e se levanta fazendo uma reverência com os joelhos.

Fomos até a pista de dança e a deixei próximo a mesa do DJ que comandava as músicas. Cheguei perto e timidamente falei com ele.

O mesmo não me escutou, gritei chamando seu nome e ele me olhou assustado.

Pedi para que trocasse a música para a que eu queria, mas nada feito.

— Cara, geral tá curtindo de boas aqui, sacou? — gritou.

— Por favor, eu insisto… — pedi. Ele negou — Aqui — coloquei uma nota de 100 dólares em cima da mesa Mixer.

Ele parou e observou a nota como se pensasse se valeria a pena.

— Mil dólares e eu toco a sua música.

Tirei o valor pedido e coloquei sobre suas mãos. Ele soltou um sorriso.

— Me dê o seu celular que eu vou conectar o cabo. — pediu. Desligou a música que estava tocando naquele momento e todos o olharam confusos — Eae galera, vou parar um pouco porque tem um casal de velhos querendo uma música mais antiga aqui — anunciou no microfone.

Houve desaprovação dos jovens que dançavam ali. Desci e encontrei Elise que me olhava desesperada.

— Você tá maluco? — gritou — Lúcifer você parou tudo… Seu doido.

— Vem — estendi a minha mão.

— Me diz pelo menos que música a gente vai dançar Lúcifer… Lúcifer, eu não sei dançar — se lamentou.

— Eu também não… Só vai pelo ritmo — puxei sua mão.

Os jovens se afastaram deixando o piso que brilhava em cores diferentes só para nós que paramos bem no centro.

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