Capítulo XL | Alcatéia

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Aviso: esse capítulo pode ter gatilho para pessoas que possuem fobia ou agonia a insetos, a parte está demarcada por "*" e pode ser pulada sem influenciar nada na história :)

Aviso: esse capítulo pode ter gatilho para pessoas que possuem fobia ou agonia a insetos, a parte está demarcada por "*" e pode ser pulada sem influenciar nada na história :)

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ELISE

Hanna pegou suas coisas na biblioteca e partimos para dar uma volta na cidade e conhecer novos lugares. Eu fiquei um tanto desconfortável com aquele cara da biblioteca. Seus olhos eram de deboche e ironia sempre, qualquer coisa que falássemos ele ria disfarçadamente… Uma energia negativa.

Sabe quando você tem um momento de nervosismo e fica tremendo muito? Eu estou assim desde que quase morri de susto hoje mais cedo. Miguel chegou alterado e parecia apavorado, eu gelei na hora que ouvi que o Lúcifer estava quase morto.

Obviamente era exagero, mas ele quase morreu de verdade, isso me desencadeou um tremelique sem parar. Eu gosto dele, me sinto bem quando estou com ele… É o único momento em que eu fujo do mundo, fujo de todo esse caos…  Ele faz com que eu me sinta importante, que eu me sinta amada.

Eu já estava péssima antes disso, perdida com aquela declaração da Deusi e com o que a mãe me falou. Meu mundinho virou de pernas para o ar.

Quando foi que eu saí de garçonete para "namorada" do Diabo e paixão de um demônio serial killer?

Todas essas coisas ecoam na minha cabeça sem me deixar em paz, cada vez que fico em silêncio ouço aquelas malditas palavras da minha mãe.

Isso tá me matando por dentro, eu tento de verdade ignorar e seguir a vida, mas não tá dando certo.

Demos entrada em uma cafeteria em um bairro mais isolado, Hanna assim como eu não quer aglomerações. Nos sentamos próxima a janela e a loira arrumou o que pegara na biblioteca em cima da mesa.

Uma sensação estranha de estar sendo observada caiu sobre mim. A atendente me fitava descaradamente como se julgasse todos os meus pecados. A mulher de pele como um achocolatado e dreads verdes se aproximou de nós com má vontade e desleixo que fez Hanna até parar de assinar seus milhares de papéis para olhá-la.

— Querem algo? — perguntou mascando um chiclete. Seus olhos eram negros como jabuticabas e finos, contornados por um delineador feito uma egípcia. As narinas trabalhavam intensamente captando algum cheiro, o que me faz pensar se eu não esqueci de passar desodorante antes de sair.

— Duas xícaras de café, por favor — a loira pediu.

Meu coração errou batida no exato momento em que testemunhei uma mosca penetrando a pele da mulher. O inseto não teve dificuldade nenhuma de se fundir com a atendente, e ela parece não ter notado ou se importado com aquilo.

Mas o que...

As jabuticabas se encontraram com o meu olhar um tanto assustado e ela me fitou com frieza sem esboçar uma santa reação.

O Diabo Também ChoraOnde histórias criam vida. Descubra agora