Capítulo XXII | Plumas da verdade

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Voltamos à mesa que estávamos antes. Miguel também quebrou o seu ponto de comunicação e a câmera. Só penso na bronca que vamos levar da polícia.

Não demorou muito e percebemos olhares, dedos apontados e cochichos para nós. Um homem com braços tatuados se aproximou da mesa e pegando uma cadeira, sentou na nossa frente.

— Ah que merda… — Elise deixa escapar.

— Olha só quem está aqui — ele sentou com a cadeira virada, com os braços apoiados na escora.

— Boa noite — cumprimento educadamente. Ele me olha e solta um riso.

— Como se chamam? — perguntou.

— Eu me chamo Erasmo. — inventei um codinome — E ele — me referi a Miguel — é Sebastiano.

— Muito prazer, eu me chamo Zaque. — ele pega um chiclete e o lança dentro da boca — Você anda bem Elise?

— Sim, muito.

— Você não presta mesmo né, sempre com as coisa ruim — ele riu bagunçando o cabelo preto.

— Se conhecem? — indagou Miguel.

— Ah sim, namorávamos há um ano atrás mais ou menos. — acendeu um cigarro — Sempre metida com os drogados — ele gargalhou, uma risada estranha.

Ele tinha uma sobrancelha cortada, alguns brincos nas orelhas além das tatuagens cobrindo quase todo seu corpo. Coçava o nariz seguidamente além de mascar um chiclete com a boca aberta.

— Mas então, com o que posso ajudá-los?

— Temos uma dívida com o Italiano, queríamos saber se está aqui — Miguel toma a iniciativa.

Ele passa a língua por dentro da bochecha e pensa consigo mesmo por tempo. É óbvio que está tentando se mostrar superior, com certeza vai tentar nos fazer de bobos.

— Estão com sorte, tem um cara aqui que talvez possa ajudar vocês. — ele pega o celular — Deixa eu só chamar ele…

— Não — o interrompi — Nos leve até ele.

Zaque me olha com um sorriso exibido no rosto.

— Vejo que você não é um bobo. Tudo bem, vamos lá, me digam o lote de vocês — ele rola a tela do celular impaciente.

Ah merda, sabia que ia pedir algo do tipo.

— Ele nos conhece, não se preocupe com os lotes — digo.

— Ele pode conhecer vocês, mas eu não, então não entra. Fala o intermediário, sei lá, qualquer coisa.

— Kraken é o meu intermediário — disse Miguel.

Ele o olhou e riu, começou a rir, a gargalhar muito se revirando na cadeira.

— Eu adoro vocês, Lúcifer mesmo, olha, nota 10 para a atuação. Quase caí.

Ele me conhece… Ferrou!

De onde esse cara sabe da minha existência?

— Ah parem! Miguel, Lúcifer! Que bom que nos reencontramos! — ele abre os braços feliz.

— Isso é uma armadilha — Miguel disse em enoquiano.

— Não sei do que está falando… — falei.

— Ah para, a Liz me falou muito sobre você enquanto quicava no meu pau — Zaque gargalhou.

Meu peito doeu e senti minha pressão cair, tudo em volta girou. Não, não, não, eu não posso acreditar nisso…

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