Eu estava no quarto, encolhinda em um canto, chorando. Eu não queria ir embora, sei que não irei sozinha, mas e daí? Vou ir do mesmo jeito.
Entrei no banheiro e me tranquei. Ali eu poderia chorar mais a vontade.
— Por que eu vou embora?
Era uma pergunta que ninguém sabia responder. Talvez esse seria o meu futuro: ficar sozinha.
Pego o fone de ouvido no meu bolso, junto com meu celular e começo a ouvir algumas músicas.
Mas isso não ajudou.
Eu estava muito nervosa, muito mesmo. Limpei o rosto e saí do banheiro. Logo, dei de cara com Lamar e Diarra.
— Você está bem?
— Sim. Por que eu não estaria? — dou um sorriso falso.
— Porque você vai embora.
Não precisava lembrar disso.
— Eu não vou sozinha. — prendo o meu cabelo.
— Ir embora com Bailey, é igual a ir sozinha.
— Não fala assim. — digo — A gente nunca perguntou sobre o que aconteceu com ele.
— Claro, ele não fala com ninguém. — Lamar deu de ombros.
— E você já se perguntou o motivo dele não falar com a gente?
Ficou um silêncio depois do que eu falei.
— Tanto faz, não deve ser algo tão chocante.
— E se a gente perguntar? — Diarra sugere.
Olho para Lamar e logo concordamos.
— Pode ser. Mas não sejam insensíveis.
Ficamos conversando por um tempo, na verdade, bastante tempo.
— Cadê ele? — Di pergunta.
Dei de ombros.
— Até esqueci de perguntar, quem era aquele bonitão que estava na sala enquanto a gente discutia? — Lamar questiona curioso.
— Um garoto da escola. E também esbarrei com ele naquela festa que eu fui com a Sina.
— Que sortuda, Any. Ele deve gostar de você.
Começo a rir.
— Como assim, Di? Eu nem conheço ele direito. — continuo rindo.
Quando a porta se abre, estabelece um silêncio.
Pego um caderno e escrevo algo:
"Quem vai perguntar?"
Diarra aponta para Lamar.
— 'Tá. Só dessa vez. — ele se vira — Então, Bailey, o que aconteceu com você?
— O que quer dizer com isso?
— Como foi parar no lar adotivo?
— Mesma coisa. Meus pais morreram, como o de vocês. — responde.
— Ah, vai. Todo mundo já falou detalhadamente como aconteceu, por que você não quer falar?
— Porque não. É tão difícil ouvir? Se eu quisesse falar, eu já teria falado.
Olho para eles, não tinha mais como convencer ele de falar algo.
— Adorei esse diálogo. Trocamos mais de cinco palavras juntos. — sorrio tentando esconder o nervosismo.
— Vai, cara. Não deve ter sido tão ruim.
— PUTA MERDA, QUAL PARTE VOCÊS NÃO ENTENDERAM QUE EU NÃO QUERO? — abriu a porta e bateu com força, saindo por ela.
— Vocês não precisavam ter forçado a barra. — vou até a porta.
— Aonde vai? — perguntaram juntos.
— Atrás dele.
— Depois dele gritar com a gente? — Di cruza os braços.
— Ele é nosso irmão e somos uma família, devemos apoiar uns aos outros.
Saio do quarto e desco as escadas.
— Ei, Bailey.
— O que foi?
— Calma, eu só queria pedir desculpa.
Deu de ombros.
— Assim, a gente vai embora juntos, para o mesmo lugar. Então, eu só acho que a gente deveria se conhecer. Só se você quiser. E eu prometo que não vou contar para a Di e nem para o Lamar.
— Eu não confio em promessas.
— Mas eu sou uma pessoa de palavra.
Ficou em silêncio.
— 'Tá. Pode ser. Eu te conto.
Assenti.
— Acidente de carro. Foi assim que eles morreram. Eu só tinha 4 anos.
— Você... estava junto?
— É, eu estava. Eles estavam discutindo após ter saído de uma consulta da minha mãe. No final, ela bateu o carro. Me tiraram de lá, pediram para uma enfermeira cuidar de mim, o nome dela era Olivia. Ela ficou comigo o dia todo, apenas falando que meus pais iriam ficar bem, a Olivia me levou 'pra casa dela. E no outro dia, eu estava no lar adotivo. Foi um garoto que me contou que meus pais morreram.
Aquilo era tão triste de ouvir.
— Mas minha mãe iria morrer do mesmo jeito, ela tinha uma doença terminal. Enfim, e agora eu vou voltar para o lar adotivo de novo.
— E é por isso que você não fala com a gente?
— Na verdade, não. Eu confiei muito nas pessoas e me machuquei depois, é mais fácil não conversar com ninguém.
— Sabe que pode conversar comigo, não é?
— Sério? — assenti — Obrigada, Any.
Subiu as escadas.
continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Our History - ʙᴇᴀᴜᴀɴʏ
RomanceAny vive com seus irmãos, e todos eles - inclusive Any - são adotados, ela sempre foi feliz e teve uma vida boa depois que foi adotada. Até esbarrar com Josh em uma festa da mãe de sua melhor amiga. Mas quem é Josh Beauchamp? Ele nunca gostou da s...