Capítulo 2

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Lorena olha para Pedro, envergonhada.

-Pai, o que faz aqui?

-Ainda tem a coragem de perguntar. Eu vim te levar pra casa. Vamos! E você, gajo, vá embora!

-Pai, por favor. Não faz isso!

-Não discuta comigo, Lorena. Vamos agora!

Lorena olha para Pedro chorando. Durval pega a filha pelo pulso, dá um olhar de desprezo para o rapaz e sai com Lorena, que não para de chorar.

Ao entrarem em casa, Durval começa a sua bronca e Lorena senta no sofá emburrada.

-O que tu tenes na cabeça, menina? Como ousa me desobedecer dessa maneira?

-Pai, eu quero curtir minha adolescência. Essa foi a única forma que eu encontrei.

-Ah claro, pra curtir a juventude tem que desobedecer os pais. Parabéns, Lorena. Você tem sorte que eu não sou que nem meu pai que qualquer desobediência batia de cinto. 

-Vem cá, como foi que o senhor descobriu? A Raquel abriu a boca não foi?

-Me inclua fora dessa que a minha boca é um túmulo. -Raquel aparece tomando sorvete.

-Não, Lorena, eu escutei você dizendo para aquele gajo lá na padaria. Tu nem percebeste que eu estava descendo. Pera lá, Raquel tu também sabia dessa palhaçada? -Durval pergunta, nervoso e Raquel e Lorena se olham assustadas.

-Pai, eu... -Raquel tenta se explicar.

-Que bonito, minhas duas filhas tentando me enganar. Senhor, o que eu fiz pra merecer isso?

-Isso é sua culpa, pai. Se você não tivesse essa regra ridicula de só poder namorar quando entrar na faculdade nada disso teria acontecido. -Lorena diz, nervosa.

-Não venha jogar a culpa pra cima de mim, Lorena. Eu tenho meus motivos para agir assim.

-Mas, papai, o vovô não era assim, porque a tia Luísa namorou o Marcelo na adolescência. -Lorena tenta convencer o pai.

-Pois é, e depois o que foi que aconteceu? Ele a abandonou! -Durval rebate o argumento da filha.

-Mas, eles voltaram, papai! -Lorena tenta de novo.

-Lorena, tenta entender que eu não quero que te machuquem. E o caso da sua tia é um caso a parte. A maioria dos namoros de adolescência não dão em nada!

-Mas, papai eu vou me cuidar. Não vou deixar que me machuquem.

-Desiste, Lorena. Ele não vai se render.

-E você me deixa tentar, sua pessimista!

-Chega, as duas! Lorena, você está de castigo um mês trabalhando na padaria pelo que fez. E tu, dona Raquel, vai arrumar a casa toda amanhã por ter encoberto sua irmã.

-Valeu, pirralha -Raquel diz para a irmã e recebe uma língua de troco.

-Bom, e sobre a regra que está sendo tão discutida, você tem razão, Lorena. Tá na hora de mudar isso. -Durval diz firme.

-Então eu posso namorar? -Lorena pergunta, empolgada.

-Pode. -Lorena se anima ainda mais. -Quando sua irmã namorar também. -O sorriso de Lorena se desmancha e Raquel solta uma leve risada.

-Quê? Você tá de brincadeira né pai? 

-Não, isso é bem sério. Do contrário você só vai namorar quando sair de casa, aí você pode fazer o que bem entender. Mas, enquanto estiver sob o meu teto, só namora quando Raquel namorar. Não queria que a regra mudasse, tá aí!

Dez coisas que eu odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora