Dez coisas que eu odeio em você

Capítulo 44

Kate fica paralisada e Benicio sorri.

-Oi, Kate.

-O que tá fazendo aqui?

-Eu tô fazendo esse curso de informática. E, você tá fazendo o que aqui? -pergunta, cínico.

-A mesma coisa...

-Olha que coincidência. -ele finge surpresa.

Ela olha estranho e volta sua atenção para o professor, que voltou com sua aula. Porém, sempre que ela olhava para o lado, Benício estava olhando pra ela, o que a deixa ainda mais desconfiada.

Na casa de Raquel

Guilherme On

Estou aqui sentado, mexendo no meu celular. Sinceramente, eu tô achando esse trabalho um saco ultimamente. Tipo, a Raquel não sai de casa, a não ser pra ir pra escola e ir na Mirela de vez em quando. Fora isso, eu fico aqui sem nada pra fazer, me sentindo um inútil. Talvez ela tenha razão, o seu Durval exagerou em pagar alguém pra fazer isso. Não era pra tanto. Mas, como eu preciso de grana, aceitei, né.

De repente, acordo do meu transe, com Raquel na minha frente. Ela tá com um cara meio desanimada, pra variar.

-Resolveu sair do quarto um pouco?

-Não aguento mais ficar presa lá dentro. Mas, se eu sair, vou ter que te levar junto. -ela revira os olhos.

-Bom, e por que você não termina o episódio da Dark Lady?

-Eu já terminei, mas vou postar só hoje à noite. Eu não tenho nada pra fazer.

-Bom, me faz companhia, eu também não tenho nada pra fazer.

Ela faz uma cara que me deixa com medo. Caramba, Guilherme, como você é burro. A garota já é difícil de lidar e você ainda dá uma dessas.

Ela pensa um pouco, até dizer:

-Hum, por que não?

Então, ela senta na poltrona na minha frente e eu arregalo os olhos. É o quê? Ela topou de boa? Sério, o que tá acontecendo com essa garota? Enfim, que ela fique de boa assim todo dia agora.

Um silêncio se instaura e eu nem sou louco de abrir a boca. Se eu falar qualquer coisa é capaz de estragar tudo.

-O que foi? -ela pergunta.

-O que foi o quê?

-Por que tá me olhando com essa cara?

-Não, é que é estranho você estar aqui, conversando por livre e espontânea vontade.

-Guilherme, relaxa, eu não sou esse monstro todo que você tá achando. Pode conversar comigo de boa.

-Mas, e antes?

-Você não quer mesmo falar de passado, não é?

-Não, claro que não. Só preciso me acostumar com isso.

-Enfim, o que você quer fazer?

-Eu não sei, o que tem pra fazer?

-A gente podia sei lá, jogar alguma coisa.

-Pode ser. O que você tem de jogo aí?

-Só um minuto. -ela levanta e vai no quarto dela.

Meu Deus, o que acabou de acontecer aqui? Ela tá sendo legal comigo? Me chamou pra jogar? Eu não tô delirando? Calma, Guilherme, lembra do que o tio Marcelo disse, ela não é uma pessoa ruim, só difícil de lidar. Mas, mesmo assim, é estranho. Será que finalmente estou conquistando a confiança dela