Capítulo 26

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Durval e Raquel se olham, nervosos. Lorena aguarda uma resposta.

-Não, Lorena, não foi bem isso que eu quis dizer. Não foi pra proteger a Raquel. Na verdade, usei as palavras erradas. O que eu quis dizer é que...

-O papai contratou esse garoto pra ficar de olho em mim, com medo de eu aprontar, depois daquele episódio do vídeo da festa. -Raquel mente e Durval consente.

-É, é isso mesmo. Raquel, você não vai fazer algo assim de novo.

-O quê? Pai, o senhor ficou louco? Sério, o senhor tá achando que a gente é o que? Não pode fazer nada que tem castigar, prender, proteger. O senhor acha que tá cuidando da gente assim? -Lorena fica revoltada.

-Me respeite, Lorena. Eu sou o pai de vocês e sei o que é melhor pra vocês.

-É nessas horas que eu sinto falta da mamãe. Pelo menos a gente podia viver. O senhor está acabando com as nossas vidas! -Lorena sai correndo para o quarto.

-Lorena, volte aqui! Por que você foi falar isso pra ela? Agora ela vai ficar ainda mais brava comigo.

-Ah, foi a primeira coisa que me veio em mente. Pelo menos ela não sabe da verdade. Não se preocupe, logo ela tá de boa de novo. Até porque não vai ser ela que vai ser vigiada o dia inteiro por um garoto.

-Raquel, nós já conversamos sobre isso.

-Bom, essa confusão toda me fez perder a fome. Boa noite pro senhor. -Raquel se levanta.

Raquel entra no quarto e encontra sua irmã a frente do notebook, tentando ligar pra mãe, aos prantos.

-Não adianta, Lolo. Você sabe que ela não vai atender.

-Sai, sua pessimista. Agora vai ser diferente, tem que ser.

Passado um tempo, ao ver que a mãe não iria atender de jeito nenhum, Lorena cai no choro. Raquel a abraça.

-Não fica assim, por favor.

-Eu quero ir embora dessa casa, Raquel. Eu não aguento mais o papai querendo controlar tudo. Olha o que ele vai fazer com você. Isso é doentio já.

-Eu sei, o papai é tradicional demais. Ele dizia que o vô era pior. É criação, não tem jeito.

-Mas, ele podia pelo menos tentar mudar, tentar entender a gente. Mas não, é só regra atrás de regra, proibição atrás de proibição. Eu tô cansada! Cansada de ser impedida de viver!

-Pois é, mas por enquanto é isso que temos que suportar. Vamos torcer pro pai amolecer aquele coração de pedra que ele tem.

No dia seguinte

Guilherme chega cedo na casa de Durval para começar o serviço.

-Muito bem, rapaz. Bem pontual.

-Quero fazer o serviço bem feito, senhor.

-Sei, bem, vamos aguardar as dondocas sairem do quarto.

Passado alguns minutos, as duas saem do quarto. Ao ver Guilherme, Raquel fecha a cara.

-Não acredito que é verdade mesmo.

-Não comece, Lorena. Esse assunto ficou para ontem. O Guilherme está aqui para acompanhá-las para a escola. Agora venham tomar café.

-Tô sem fome. -Lorena diz ríspida.

-Eu passo também. -Raquel faz o mesmo.

-Bom, já que querem ficar com fome, vão logo para a escola. Sem reclamações.

Dez coisas que eu odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora