Capítulo 61

84 10 3
                                    

Guilherme olha assustado para o pai, que está com uma expressão furiosa.

-Como você pode fazer isso, seu moleque? Eu achando que não tinha como piorar, mas você consegue se superar, Guilherme.

-Pai, como foi que o senhor descobriu?

-Isso não interessa! O que está em jogo nesse momento é que você é um imprestável que só sabe envergonhar sua família!

-Envergonhar quem? Por eu ter um emprego digno e honesto?

-Faça-me o favor, Guilherme. Então além de trocar a Carla por essa filha de padeiro ainda tá trabalhando nesse lugar imundo e sem classe? Caramba, agora você conseguiu me surpreender. -Roger bate palmas, irônico.

-Meça suas palavras para falar da minha filha e da minha padaria, escutaste? Senão...-Durval fala num tom ameaçador.

-Senão o quê, padeiro? Vai querer que eu te mande pra cadeia de novo? -ao escutarem isso, Guilherme e Raquel se olham confusos.

-Eu até poderia ir pra cadeia só pra ver essa sua cara arrogante quebrada outra vez. -Durval não esconde a sua fúria. -Eu tenho pena do Guilherme, um menino de ouro, ter um pai tão cafageste e imprestável coml tu.

-Você não se mete com o meu filho, seu padeiro. Aposto que você contratou o meu filho pra esse lixo de lugar justamente para me provocar, não é? Mas eu só digo uma coisa: ele não fica aqui mais nenhum dia!

Nesse meio tempo, vários funcionários da padaria e clientes se aproximaram para ver a confusão.

-Você, Guilherme, como você pode desonrar a sua família desse jeito? Olhando pra você com esse uniforme, todo sujo, quem iria dizer que você é da família Pessoa? Você está sujando o nome que você carrega.

-Pois eu prefiro mil vezes trabalhar com esse uniforme do que fazer parte dessa família de hipócritas!

-Não tente me desafiar, Guilherme. À partir de hoje você não volta mais a trabalhar nesse fim de mundo nem chegar perto dessa menina! Agora eu tenho mais vergonha ainda de te chamar de filho.

-Então me deserda logo de uma vez. Me livraria do peso de ver sua cara todo dia!

-Cala essa boca! Vamos embora agora!

-Eu não vou voltar com o senhor!

-Vai voltar sim! Eu sou seu pai e você tem que me obedecer!

-Eu estou às ordens do seu Durval, se ele não me liberar, eu não saio daqui.

-Pois peça demissão, pois aqui você não trabalha mais!

-Tu escutaste o garoto! Agora vá embora daqui e não volte nunca mais na minha padaria! -Durval cospe as palavras.

-Quando você chegar lá em casa, nós vamos ter uma boa conversa. -Roger aponta para Guilherme.

Nisso, Roger vai embora, furioso. Todos os funcionários e clientes que estavam ali cochichavam sobre o acontecido.

-Gui, você tá bem? -Raquel pergunta vendo o garoto afagar as mãos no rosto.

-Esse desgraçado é o seu pai, Guilherme? Caramba, que FDP. -Jeff fica inconformado.

-Nunca vi um pai dizer coisas tão pesadas. Sinto muito, Gui. -Vini bate no ombro do amigo.

Guilherme fica um tempo em silêncio, enquanto todos olham pra ele. Depois, ele olha para Durval.

-Seu Durval, será que eu posso tomar um banho? Eu preciso esfriar a cabeça.

-Tudo bain, gajo. Nessa hora vai te fazer bem.

Dez coisas que eu odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora