Capítulo 23

491 23 0
                                        


P.O.V Lilian

Eu olho pra Carol e ela sussurra pra mim:
— Desculpa.

E eu nem consegui sentir raiva. Tava muito preocupada com o Júnior. Ele não é do tipo que chora. As meninas saíram do quarto e ele sentou na cama.

— O que foi, amor? Que cara de choro é essa? — o Júnior me pergunta, se aproximando, visivelmente preocupado.

— Nem vem, Júnior. Foi você que entrou no quarto com essa cara de enterro. Fala logo o que tá acontecendo.

— Lilian, então... independente do que eu for te dizer agora, eu te amo, tá? Você é a mulher da minha vida. Eu quero...

— Júnior, sem enrolação. O que foi? — falo, já nervosa.

O Júnior me olhava, e mil coisas passavam pela minha cabeça. Pensei nas piores notícias possíveis. E ao mesmo tempo pensava no neném. Tava tudo tão confuso. Até que ele interrompe meus pensamentos:

— A Isabella me ligou.

— Ah, não, Júnior! Não me diz que você tá trocando ideia com essa criatura de novo? Júnior, puta que pariu! — me alterei. Fiquei tão nervosa que acabei gritando com ele.

— Ela tá grávida, Lilian — ele disse, e eu vi as lágrimas escorrendo dos olhos dele.

— O quê? — falei, incrédula.

— Amor... me desculpa.

— Amor um caralho! Você não sabe o que é camisinha, Júnior? Você não sabe?! — gritei, descontrolada.

— Calma, Lilian... calma.

— Calma?! Você tá me pedindo calma? Júnior, sai daqui! Você é um irresponsável!

— Amor, por favor... me escuta. Tem calma.

O Júnior tentava me tranquilizar, mas eu só ficava mais brava ainda. Senti meu sangue ferver. Parti pra cima dele. Dei tapas enquanto ele tentava me segurar e eu só gritava:

— Eu te odeio! Por que tu fez isso comigo, véi?!

— Amor, calma! Para, por favor! Vamos conversar! — ele dizia tentando me conter, mas eu tava fora de mim.

O Marquinhos abriu a porta junto com as meninas. Ouvi a Belle mandando o Thiago descer com as crianças, e o Marquinhos me tirou de cima do Júnior.

— Tem calma, Lilian! Véi, tem calma — ele falava, me segurando.

— Lilian, vamos conversar, bora resolver isso. Amor, por favor!

— Amor um caralh*o! Sai daqui! SAI! — eu gritava, e a Belle e a Carol tiraram o Júnior do quarto, assustadas.

O Marquinhos fechou a porta, sentou na cama comigo e me abraçou. Eu desabei em lágrimas. Não sabia o que fazer. Naquele momento, já tinha me arrependido de bater nele, mas... eu precisava botar pra fora. Não tinha como simplesmente dizer "ah, a Isabella tá grávida, amor? Que bom! Vamos criar juntinhos!".

— O que tá acontecendo, hein? Você não é assim. Eu sei da Isabella. Assim que soube lá embaixo, mandei o Júnior subir e te contar. Porque essa não é a reação que eu esperava de você.

— Eu tô grávida, Marquinhos. Eu tô grávida. Que azar o meu... por quê isso? — falei, soluçando de tanto chorar.

— Você tá grávida?! Meu Deus, Lilian... por que não me contou?

— Marquinhos, eu acabei de descobrir. Olha isso. — Fui até o banheiro e entreguei o teste pra ele.

— Puta que pariu, véi... Meu Deus. O Júnior nem sabe, né?

— Marcos, ele jogou a bomba... como eu ia dizer isso agora?

— Lilian, você tá errada. Você é minha melhor amiga, mas perdeu a razão. O Júnior subiu pra conversar, e você bateu nele como uma doida. Eu sei que podem ser os hormônios, então só te julgo 50%. Mas o Júnior... ele não pensou nem nele quando recebeu a notícia. Ele só pensou em você. Tava chorando feio lá embaixo, imaginando tua reação. Já pensou como ele deve tá se sentindo agora? Eu nunca vi o Júnior assim.

— Eu sei, Marquinhos. Eu só não sei o que fazer agora. Nem consigo imaginar como ele deve tá.

— Você sabe, sim. Primeiro: pedir desculpas pelo seu comportamento infantil. Mesmo triste ou com raiva, você perdeu a linha. E segundo: contar pra ele. Ele foi sincero contigo.

— Eu vou fazer isso. Só vou lavar o rosto e vou até ele.

— Ótimo. E eu vou chamar as crianças e explicar que foi só um ensaio da peça de teatro que vocês vão apresentar.

— Essa explicação é péssima — falo, óbvia.

Respirei fundo, me acalmei, lavei o rosto, peguei o teste e guardei na roupa. Desci. As meninas disseram que o Júnior tava na quadra. Fui até lá. Ele tava sentado no meio da quadra, cabeça baixa. Meu coração partiu na hora. Me aproximei e levantei o rosto dele.

— Lilian, me desculpa, de verdade. Eu errei, véi. Mas se o filho for meu, eu vou ter que assumir as consequências. Eu... — ele tentou falar, mas eu interrompi.

— Júnior, eu que te peço desculpas. Eu te bati, me alterei, agi como uma criança mimada. A situação me chateia demais porque você sabe tudo o que rolou com a Isabella, e isso me faz relembrar. Mas se for seu filho, você tem que assumir, dar amor, ter responsabilidade. E eu entendo. Eu... não sei o que aconteceu. Eu saí de mim.

— Tá tudo bem. Eu sei que não foi uma notícia fácil. Eu fui um irresponsável. E os seus tapas — que doem pra caralho, aliás — me fixaram isso ainda mais — ele falou tentando me fazer rir, e eu soltei uma risada fraca.

— Eu vou dar um jeito nisso. Tudo vai se resolver.

O Júnior tentou me tranquilizar. Eu tirei o teste de dentro do sutiã e entreguei pra ele. Ele me olhou surpreso.

— É seu?

— É, Júnior. Eu tô grávida. E eu nem sabia como te contar... mas com certeza não era nessas condições.

— Lilian, você tá falando sério? — ele falou, parecendo animado com a notícia.

— Eu tenho cara de quem brinca com esse tipo de coisa, Júnior? Ainda mais no meio dessa confusão?

As lágrimas escorreram no meu rosto.

— Amor, por que você tá chorando? Eu sei que essa situação com a Isabella é complicada, mas... eu vou ser o melhor pai do mundo. Amor, essa é a melhor notícia que você podia me dar.

— Eu sei disso...

O Júnior deu vários beijos na minha barriga. E eu... nem consegui reagir, por mais que eu estivesse tentando.

continua...

inefabbleOnde histórias criam vida. Descubra agora