Vênus.

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  Aos três anos de idade, Shuhua era considerado uma criança estranha.

  Sua mãe lembra-se perfeitamente como aquela época foi difícil. Era obrigada a ouvir outras mães dizendo como sua filha era mal educada por na maior parte do tempo se manter calada, não responder e ao menos olhar em direção a pessoa que a chamava. Sempre gritando quando estava em lugares agitados, coloridos e barulhentos.

  Nessa época, Zhao, seu ex-marido, ainda estava em casa, e vendo que a sua querida filhinha estando daquela maneira, decidiram levá-la ao médico.

  Foram diversos exames feitos em Shuhua, para finalmente descobri o que havia de errado com a garota. De início foi um choque em tanto ouvir da boca do médico que sua filha tinha TEA, no entanto, aquela era de longe a menos difícil fase depois da descoberta.

  Assim que Shuhua foi diagnosticada, sua mãe cuidou de tudo para que a garota se sentisse confortável, pesquisou o máximo de informação e dicas para criá-la da melhor forma, diferente de seu marido.

O homem ficou em choque quando descobriu. Passou cerca de dois dias em silêncio pensando sobre toda essa situação nova. Havia realizado seu sonho de ter uma filha e a criá-la como sua pequena princesa, mas ao seu ver, Shuhua tinha vindo quebrada

  E então ele decidiu fugir. Não sabia lidar com isso, não queria isso, e assim que viu uma oportunidade nova em outra pais para trabalho, ele as largou.

  Foi difícil, muito difícil ver o homem que amava fugir por medo, fugir de sua responsabilidade e sua filha, as deixando como se não fosse nada. Mas, diferente do que muitas que estivessem em sua situação, não perdeu horas e horas chorando por aquele homem, mesmo que o amasse com todo o seu ser, tinha uma única pessoa que ela amava ainda mais. Shuhua.

Inicialmente, foi complicado conciliar o trabalho com cuidar da sua criança e a casa. Cerca de dois anos se passaram para conseguir se restabelecer perfeitamente, sem precisar de ninguém, e nesse meio período uma nova família tinha se mudado para a casa da frente.

  Foi aí que ela o conheceu.

Sempre muito gentil e atrapalhado. Via de longe ele tentando enfiar aquele saco de lixo gigante dentro da pequena lixeira. Talvez foi naquele momento em que tivesse se perdido da melhor maneira possível.

A partir daí que tudo ficou ainda melhor. Aos poucos foram se conheceram, saíram e para que enfim, virassem namorados e ele apresentasse Miyeon para Shuhua.

No começo foi complicado para Miyeon, achava Shuhua uma garota extraordinária, mesmo sendo alguns meses mais nova. Ela tinha uma facilidade absurda de entender alguns assuntos de seu interesse e foi assim que a pequena coreana se aproximou ainda mais da taiwanesa. Desde então, quase vivem grudadas.

Miyeon tem um senso de proteção gigante a qualquer coisa relacionada a Shuhua, desde a descoberta de que Zhao tinha feito. Praticamente a colocava em uma bolha, onde para ter acesso a Shuhua teria que primeiro falar diretamente com ela.

— Querida, coma sua comida ou irá esfriar. — A mãe da garota de cabelos longos e escuro, disse atenciosamente. Lavava a louça ouvindo uma música suave e baixa, enquanto observava Shuhua por cima do seu ombro, vidrada na tela do notebook.

— Shuhua, coma logo! Mamãe já está terminando a louça e você mal tocou na comida ainda. — Pegou uma maçã da fruteira, olhando para sua meia irmã pegar o garfo e levá-lo até a boca.

— E então. — A senhora se virou para olhar as duas garotas. Tinha um sorriso grande nos lábios que faziam seus olhos quase que se fecharem e criar leve rugas ao lado. — Como foi a escola? Não tive nenhuma ligação da diretoria, provavelmente as coisas devem estar indo bem, certo?

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