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Letícia Silva - sua decisão só torna tudo pior.

Encaro a televisão, tentando absorver as reportagens que se desenrolam enquanto me mantenho deitada na cama. O som das notícias se mistura com a batida na porta. Rosa entra, segurando uma bandeja, acompanhada de outra mulher que não reconheço. Decido não dizer nada e apenas deslizo para a ponta da cama, voltando minha atenção para a tela.

— Achei melhor trazer seu café da manhã aqui no quarto — Rosa diz, com um tom gentil. — É importante você se alimentar antes de se organizar para a viagem.

— Viagem? — pergunto, sentando-me abruptamente na cama, a confusão estampada no rosto.

— Letícia, não questione, por favor — ela responde, mantendo a calma, mas seu olhar revela preocupação.

— Questionar? Eu não tenho nem o direito de falar? Então é isso? Sentar e ficar calada enquanto ele me leva e faz o que quiser? Não, eu não vou aceitar isso! — minha voz sobe, cheia de indignação.

Um silêncio tenso se instala. Rosa, ainda segurando a bandeja, concorda com a cabeça e a coloca sobre a mesa. Em seguida, faz um sinal para a outra mulher, que se aproxima do closet.

— Vamos arrumar suas malas para a viagem. Desculpe — ela diz, olhando nos meus olhos com uma mistura de empatia e tristeza.

— Eu não vou. — Respondo, levantando-me e caminhando em direção ao banheiro.

— Letícia... — Rosa tenta me chamar, mas interrompo.

— Chega, Rosa! Você não entende? Eu não sou um objeto para ser transportado de um lugar para outro! — grito, virando-me para encará-la.

— Eu sei que isso é difícil — Rosa diz, com a voz suave.

— Segurança? — questiono, rindo nervosamente. — Desde quando isso é sobre segurança? É sobre controle!

Interrompo qualquer palavra que poderia vir a seguir ao bater a porta do banheiro com força e trancá-la. Afasto-me da porta e deslizo até o chão, apoiando a cabeça no box de vidro, enquanto encaro a porta à minha frente, um pouco distante. O silêncio se estende, e sinto que ele dura muito mais do que deveria, fazendo-me fechar os olhos e refletir sobre inúmeras coisas.

— Hélio, deixa ela comigo. Eu cuido dela, e ainda tem vários dos seus seguranças aqui que não deixarão ela sair sem a sua permissão. Por favor! — ouço a voz de Rosa, abafada, vinda do quarto.

— Sem acordo! Ela vai comigo, e isso é tudo! Agora, onde ela está?! — A tensão em sua voz me faz levantar de imediato, um misto de medo e alerta percorrendo meu corpo.

Permaneci em silêncio, afastando-me cada vez mais da porta, arrependendo-me de ter me trancado ali. Cada segundo que passava parecia aumentar a tensão no ar. Se ao menos eu tivesse cumprido suas ordens, talvez tudo estivesse bem. Mas a ideia de obedecê-lo me deixava inquieta.

A imensidão do silêncio foi quebrada por batidas na porta. Não eram batidas comuns; eram agressivas, cada golpe reverberando em meu peito.

— Vou falar apenas uma vez, Letícia. Sinceramente, estou sendo bonzinho até onde posso, enquanto você me trata como se estivesse lidando com um idiota. Abra a porta agora, porque se eu entrar, posso garantir que você vai se arrepender de ter negligenciado minhas ordens. Deveria obedecê-las! — a voz dele ecoou, carregada de ameaça.

Senti meu coração disparar. Eu sabia que ele não estava brincando.

— Hélio, por favor! — gritei, tentando manter a calma, mas a tremedeira na minha voz entregava meu medo. — Eu só preciso de um momento para pensar!

MEU DONOOnde histórias criam vida. Descubra agora