Capítulo 13: Júnior

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Beto Velásquez.

— Tchau, mamãe. Tchau, papai! — Gritou Júnior com a agitação natural de uma criança, saindo como um raio do quarto dele.

— Espera, Júnior! — Disse mamãe correndo atrás do pequeno.

Sorri, lembrando de quando eu era pequeno e mamãe corria atrás de mim e da Tamara.
A morena mais velha pegou o filho no colo e encheu ele de beijos, fazendo ele rir com a sensação de cócegas. Henrique também afagou os cabelos encaracolados do pequeno e logo ele foi ao chão, correndo em minha direção e segurando a minha mão.

— Beto, tem certeza de que quer ir nesse almoço? E ainda levar o Júnior? — Perguntou Henrique, preocupado. Ele não confiava nesse perdão tão fácil, no fundo nem eu confiava.

— O que de tão ruim pode acontecer num almoço? — Respondi, puxando meu irmãozinho pra perto e acariciei seus cabelos. Ele estava impaciente e queria sair logo.

Henrique preferiu não responder e apenas encolheu os ombros, demonstrando sua falta de otimismo. Penélope também se manteve em silêncio e assentiu, concordando com a dúvida do marido.
Olhei para o pequeno que segurava a minha mão e tentava me arrastar para a porta, sorri pra ele.

— Vamos, carinha. A gente vai se atrasar!

— Vamos, Beto!

[...]

No carro, Júnior se distraía com um bonequinho enquanto eu dirigia focado. Eu ainda lembrava de cada detalhe do dia da inauguração, da bagunça que foi com aquela maluca da Fedora. Ainda estava muito longe de toda a desgraça acontecer, mas devo admitir que tinha tudo sido muito divertido. Na parte profissional, eu tinha muito orgulho de Tancinha. Vê-la evoluir e saber que tinha um dedinho meu na história me dava uma sensação boa, sabendo que foi uma ajuda bem feita. Entre um pensamento e outro, Júnior me chamou pelo nome e eu murmurei simpático.

— Onde a gente vai, Beto? — Perguntou ele, espiando pela janela.

— Pra Cantina da Tancinha, Jú.

— Lá tem salgado? Que nem coxinha, esfirra, mistinho... Porque na minha escola tem uma cantina e o papai de vez em quando compra pra mim essas coisas.

Dei uma risada calorosa, adorava essas perguntas engraçadas de criança e como elas associavam as coisas. Balancei a cabeça negativamente e olhei para Júnior pelo espelho, confuso com a minha reação. Ele só conhecia uma cantina.

— Não, maninho. Cantina é um restaurante de comida italiana, que nem macarrão, lasanha, pizza... Essas coisas que levam massa — falei, desviando o olhar para a estrada de novo.

Júnior assentiu e voltou a se distrair com seu bonequinho, talvez impaciente, querendo chegar lá logo.

Não levou muito tempo até que chegássemos lá, só tive um pouco de dificuldade pra estacionar porque era muita gente no evento, significando o sucesso que Tancinha havia feito nesse meio tempo. Quando chegamos, fomos recebidos por fotógrafos profissionais e Júnior se divertiu sendo fotografado por tanto tempo. Logo em seguida, adentramos o local, percebendo que algumas coisas estavam mudadas. O local estava mais amplo, no fundo do salão havia uma área pra crianças que atraiu os olhos do meu irmão, mas tive que pedir pra que ele esperasse um pouco pra cumprimentar a anfitriã. Falei com alguns convidados que eu conhecia e tive que explicar quinhentas vezes que o baixinho era meu irmão mais novo, mesmo ele sendo a cópia exata do pai dele. Enquanto eu batia papo com alguns convidados que eram da Peripécia, senti uma cutucada no ombro e virei na direção imediatamente, me deparando com Tancinha. Sorri fraco, mas ela parecia radiante demais pra se envolver com a minha reação diante sua presença.

Salve-se, Coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora