Capítulo 12: Fraqueza

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Beto Velásquez.
Um mês depois.

Estava na Peripécia haviam mais ou menos catorze horas, muito tempo a mais do que eu era contratado pra ficar. Sentado na minha mesa, olhando vidrado pro computador enquanto conversava com o décimo cliente só naquele dia, resolvendo o criativo da empresa e sua nova campanha. O slogan e a nova logo estavam resolvidos, tudo se encaminhava pra um negócio limpo e fácil, que poderia ser resolvido no dia seguinte com a equipe de editores e o resto do setor criativo. A empresa estava vazia, se aproximava das oito horas da noite.

Não era a primeira vez que eu fazia isso desde que Alexia sumiu da minha vida daquela forma trágica, nem mesmo seria a última. Iria completar um mês do começo do programa de proteção e eu já perambulava como zumbi. Incrível como Alexia era a luz que faltava na minha vida.
Meus dedos passavam hábeis pelas teclas, enquanto ouvia passos no corredor. Henrique chegava com o filho — automaticamente meu irmãozinho —, Júnior, nos braços.
O pequeno de quatro anos pulou do colo do pai do chão e correu pra me dar um abraço.

— Oi, maninho! — Exclamou estridente o pequeno Velásquez.

Aliás, Júnior nem devia ter Velásquez no nome. Uma confusão no cartório deixou ele assim, mas até que combinou.

— Oi, carinha. Tudo bem? — Respondi, bagunçando os cabelos dele.

— Sim! Eu vim com o papai te buscar, mas vou ficar com a mamãe. Ele quer sair com você — revelou a criança.

Henrique assentiu e eu soltei um longo suspiro. Júnior se soltou e foi brincar com a bolinha de basquete que eu deixava no meu escritório, acompanhada de uma cesta. Enquanto ele se divertia, meu padrasto aproveitou pra aprofundar o assunto.

— Beto, onde quer que a Alexia esteja, viva ou morta, acredito que ela jamais gostaria de te ver nessa situação, cara. Ela te fez um bem tão grande, aí você vai e regride tudo? — Advertiu ele.

— A minha vida sem ela não tem sentido, Henrique! Eu amava ela, de verdade. Pensava num futuro com ela. E acontece uma tragédia dessas? Inacreditável! — Disse, recapitulando cada momento assustador daquela noite que eu a "perdi".

Henrique balançou a cabeça negativamente e se jogou no sofá, mas antes advertiu Júnior que quase derrubou um vaso com a bolinha, àquela altura eu não me importava se um quadro ia quebrar ou não. Nada tinha sentido. Voltei os olhos ao computador, tentando acertar os últimos detalhes do negócio com a empresa. Quando terminei, meu melhor amigo foi até a tomada e desligou a máquina, me fazendo bufar.

— Eu me recuso a te ver mal como antes, Beto Velásquez. Você vai SIM sair comigo, no seu bar favorito. Se eu não te levar pra sair, sua mãe me mata — confidenciou o moreno, se levantando e pegando o filho no colo, que se distraiu com o resto da decoração.

— Ah, vai. Vamos, então — me dei por vencido, tirando um grande sorriso do meu melhor amigo.

Me aproximei dele e do pequenino, enchendo Júnior de cócegas e arrancando várias risadas do menor. Peguei ele no colo e juntos fomos até o carro, não levando muito tempo até que chegássemos na casa da minha mãe. Entregamos o pequeno pra dona Penélope, dei um beijo na minha mãe e juntos seguimos até o Grand Bazaar.

[...]

Era uma sexta-feira, o lugar estava cheio, como estaria em qualquer começo de fim de semana. Muitos casais, muitos amigos.
Eu e Henrique estávamos sentados na parte externa do bar, com uma torre de chopp enorme dividindo mesa conosco, mais alguns aperitivos. Peguei uma batata frita e enfiei na boca, olhando pro nada com o famoso "olhar de peixe morto".

— Beto, qual é! — Protestou meu amigo, batendo na mesa e me assustando.

Respirei fundo.

— Eu não consigo... Era pra ela tá aqui, conhecendo você, a mamãe, o Juninho — lamentei, passando a mão pelo cabelo — não dá, Henrique. Vou embora.

Salve-se, Coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora