Capítulo 20: Morta?

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Beto Velásquez
Alguns dias depois...

O reencontro com Alexia trouxe certa paz pro coração, além de pedir conselhos para ansiedade pra minha querida avó Ermê e conversar com o Zezinho, que era um bom ouvinte.
Os dias na cidade me impossibilitaram de estar lá com eles fisicamente, mas não tornou impossível que eu conversasse com todos eles todos os dias pelo celular do meu primo.
Alexia e suas amigas não cansavam de reclamar que queriam suas vidas novamente, apesar de amarem a companhia dos "Velásquez Caipiras" — como ela os chamava. Eu tentava acalmá-las, apesar de não fazer ideia de como andava as investigações da Polícia Federal.

Enquanto isso, em São Paulo, eu trabalhava normalmente e saía de vez em quando com Tancinha, meu sobrinho e os filhos adotivos dela. Não havia comentado nada sobre ter reencontrado Alexia, até porque não sei em que nível isso podia afetar nossa amizade que vinha sendo bem proveitosa e que minha terapeuta aprovava muito. Se bem que as pessoas já se perguntavam como minha ansiedade havia ido embora tão cedo depois de uma simples viagem pro interior. Esse segredo eu manteria por bastante tempo e, de preferência, até o final do programa de proteção.

*    *    *

Alexia Máximo

Já sentia saudade do Beto, apesar de ter visto ele recentemente e de falar com ele diariamente pelo celular do Zezinho — que ainda me surpreendia por ser tão parecido com ele.
A falta de uma previsão de sair desse lugar e de voltar pra vida normal era torturante e a única coisa que me confortava era conviver com pessoas incríveis como os Velásquez Caipiras, Kyra e Luna. Brigávamos feito irmãs, mas talvez essa fosse a parte divertida de estarmos juntas.

Era meio dia, um calor insuportável. Eu e as meninas decidimos ficar no lago tomando sol e tomando banho lá. Bem, mais a Luna. Eu tinha medo dos peixes e só fui daquela vez porque estava com o Beto e a Kyra era meio nojentinha pra isso. Nosso refresco era uma mangueira que os funcionários do sítio arrumaram e que salvava nossa tarde. Deitei na toalha que havia colocado na grama e abaixei os óculos de sol aos olhos, tomando sol de barriga pra cima. Suspirei ao lembrar que só tive o privilégio de ficar assim no Rio de Janeiro umas duas ou três vezes.

— Que decadente, hein? Eu podia estar assim na Barra da Tijuca — reclamei, afastando um mosquito com uma das mãos.

— Eu também, minha família tem um apartamento de férias por lá, sabia? — Disse Kyra, passando a décima camada de repelente nas pernas.

Dei de ombros e balancei a cabeça negativamente.

— Herdeira. — Murmurei.

— Sou mesmo, e daí?! — Retrucou ela.

— Eu poderia estar assim em Cancún e não tô reclamando. Aliás, tô adorando essa experiência no meio meio mato. Vejam o lado positivo das coisas, meninas! História pra contar pros filhos — disse Luna, voltando à superfície depois de um mergulho.

Sentei imediatamente na toalha novamente, tirei os óculos e troquei olhares incrédulos com Kyra, que sabia da origem de Luna tão pouco quanto eu. Aliás, o que ela estaria fazendo em Cancún uma hora daquelas?

— Cancún? — Perguntamos de forma uníssona para a mais nova.

Ela deu uma risadinha e cruzou os braços, arqueando uma das sobrancelhas.

Salve-se, Coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora