Tudo normal... ou não tanto.

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Hermione

Dois dias se passaram e nada de cartas, bilhetes, sinais de fumaça.. nada! Ele não deu sinais de vida, como se tivesse desaparecido da face terrestre. Depois da nossa última conversa, eu estou achando que ele não está nem aí, que não está interessado como eu estou, que eu não significo nada para ele, apenas mais uma que caiu em sua lábia... Pensei que fosse ser diferente dessa vez, que comigo seria diferente, que ele tivesse mudado. Mas acho que me enganei, ele não está tão aí para mim, se tivesse, teria se preocupado em mandar um bilhetinho sequer.

Por mais que eu estivesse triste, não iria contagiar o resto daquela casa com as más energias que carregava, por isso, me fingi de mulher forte e decidida e procurei estar sempre feliz com meus amigos, que me distraíam desse drama. Acho que nem George mais aguenta esse mimimi todo com Draco. Nem eu pra ser sincera!

Mas, enfim, agora o grupo estava todo na sala, havíamos acabado de jogar um jogo da tabuleiro e novamente Ron ganhou. Depois de Molly aparecer, chamando Harry, Ron e George para ajudá-la no campo, só restou eu, Gina e Gisele na sala. Gina e Gisele conversavam sobre a viajem de Gisele enquanto eu apenas lia meu livro quieta no meu canto. Do nada uma pessoa aparece na lareira, assustando nós três, que sacamos as varinhas dos bolsos imediatamente. Mas era apenas Luna, o que era estranho. Ela não tinha uma feição muito boa, bem parecida com a minha ultimamente. Com certeza esteve chorando, tendo grandes bolsas embaixo de seus olhos, essas marcavam sua clara pele. Nos entreolhamos e corremos ao seu encontro, a abraçando. Ela então desatou em choro, pude sentir seu peso indo em direção ao chão. A expressão no rosto de Gisele dizia "Não sei o que se passa mas com certeza foi grave", e deve ter sido mesmo, pois nunca em minha vida eu havia visto ela chorar. Muito pelo contrário, ela é a pessoa mais positiva, saltitante e alegre que conheço, é a luz de alegria que contagia todos à volta. Vê-la assim tão triste, tão fraca me fez sentir tão desanimada... Sentei no chão à sua frente, enquanto Gina e Gisele sentaram no sofá aos seus lados.

-O que houve? - Finalmente perguntei, já ficando agoniada por vê-la desse jeito. Aos poucos ela respirou mais fundo e quando estava mais calma começou à explicar.

-Eu conheci um garoto, já faz um ano e, bom... ele nunca notou a minha presença. Eu também estava naquela coisa com Neville e não liguei tanto. Porém assim que eu e Neville decidimos ser só amigos ele começou a me mandar cartas, e eu também conversava, muitos flertes, muitos elogios e corações, palavras e mais palavras bonitas. Eu logo me apaixonei, e em menos de duas semanas de conversa eu já estava completamente encantada e ele parecia tanto quanto eu. Pegamos bastante intimidade, contamos segredos profundos e fizemos planos para o futuro... enfim, tudo perfeito. Porém, eu sempre fiz questão de dizer que queria um namoro, mas ele, por outro lado, dizia que tinha acabado de sair de uma relação e que por mais que gostasse de mim, havíamos de ser só "amigos, ou um pouco mais". E era estranho pois em Hogwarts ele fingia que não me conhecia, desviava o olhar quando estava com os amigos e eu ficava levemente desconfortável. Isso não foi suficiente para eu desistir. - Ela pausa e nós ainda a observamos atentas. - Aí marcamos de nos encontrar, foi lindo, ele me beijou e foi a tarde mais agradável de todas... então tudo mudou, como um clique ele não parecia mais tão interessado. Ele me tratava às vezes como se eu não fosse importante, muitas vezes me ridicularizava "na brincadeira", fazia muitas vezes troça do meu corpo e comentava sobre as "partes negativas" dele. Muitas vezes me escrevia apenas para dizer o quanto ele era o melhor em tudo, o quanto as meninas escreviam cartas para ele e o quanto ele queria ser bom no futuro. Eu, por mais que visse que ele não estava tão afim, não conseguia parar de pensar que não conseguiria alguém melhor para mim e que ele era o centro da minha vida. Eu simplesmente acordava pensando nele e ia dormir pensando nele, mesmo quando eu dormia sonhava com ele... e quando me olho no espelho, não vejo uma saída para isso, pois eu sinto muita paixão, muito rancor e muita vontade de sumir sempre que penso nisso e... já não sei o que eu faço... - Ela suspira, deixando uma lágrima escorrer e volta a falar, olhando para suas mãos. - Eu não entendo como uma pessoa que faz planos comigo para o futuro consegue simplesmente fingir que eu não existo em público. E em alguns momentos ser tão romântico e preocupado e em outros ser tão babaca e me por tão, tão abaixo dele, como se eu precisasse dele para respirar, o que de certa forma acontece. Eu sinto tanta vergonha de mim mesma, tanta raiva de tudo! Até acho que ele está certo quando diz algumas coisas... eu nem sei mais o que pensar. Toda vez que eu tento, acabo sempre voltando a conversar como um cão. - Nesse momento ela volta a chorar, cobrindo seu rosto com as mãos.

I can't remember to forget youOnde histórias criam vida. Descubra agora