Lavando roupa suja

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Draco

Não me importavam os olhares assustados e desapontados que recaíam sobre mim. Não me importava os socos e golpes que havia levado. Não me importava o fato de todos estarem achando que eu compactuei com esse matadouro que foi feito da mansão ao qual eu nem sabia. Não me importava o meu pai ter mentido e me dito que os pais dela haviam sido assassinados na Austrália. Só me preocupava com ela... Nada doía tanto quanto ver a decepção estampada naquele frágil rosto. Suas palavras me feriram mais do que trinta punhais. Será que ela realmente quis dizer aquilo? Eu não posso ser tão mau de deixar ela pensar que eu sequer por um segundo soube disso e agi normalmente. Não seria justo com nenhum de nós.

Me levantei sendo empurrado por Potter.

-Você é mesmo um babaca Malfoy! Como fui deixar a Mione falar contigo?!

-Se liga Potter! Você acha realmente que eu tenho coragem de fazer uma coisa dessas? Hã, Diz!

-Não duvido de mais nada... - Desistiu limpando as mãos na calça.

-Aham, mas você sabe a verdade porque querendo ou não você me conhece.

Ele se aproximou entredentes e eu permaneci parado. Não vou perder a minha pose em frente a um salão cheio de gente.

-Então faz um favor? Desaparece da vida dela. Você sabe que ela não merece nada disso e sabendo ou não do que saiu nesse jornal você faz ela sofrer.

-O que está acontecendo aqui? - Interrompeu McGonogal

-Nada professora, vamos Gina? - Respondeu Potter acompanhado pela ruiva.

-Sr Malfoy, posso falar com você na minha sala por favor?

Chegando na sala, um bule e uma xícara de chá apareceram voando e eu dei um gole. Afinal, não comi nada ainda hoje.

-Acho que já deves ter lido o jornal hoje não é Sr Malfoy? - Assenti - Pois eu sei que já fizeste coisas que a maioria das pessoas não faria, mas também sei que tudo que fizeste foi por falta de opção e que por sua conta nunca o terias feito, estou certa?

-Sim...

-Pois então sei que se você soubesse o que estava escrito naquele jornal hoje, teria falado a alguém. Seja a mim ou a Sta Granger.

-Claro Professora. - respirei fundo, realmente queria que ela acreditasse em mim. - Eu já fiz coisas terríveis na minha vida e sei que não sou santo e continuo sendo meio babaca com todos. Mas nunca, nunca na minha vida seria capaz de fazer tal atrocidade. Eu sabia sim que os pais dela haviam sido assassinados, pois meu pai havia me dito. Porém ele havia me dito que eles haviam morrido em Austrália. Eu estava esperando o memento certo para contar. Nunca esperaria que ele estivesse me escondendo tal coisa. Além disso se soubesse que a minha casa era um depósito de pobres vítimas do meu pai, já teria solucionado isso à muito.

-Acho que nunca havia te ouvido falar tanto Sr Malfoy. E eu acredito em você. - ela estendeu os braços. O Draco de sempre teria feito uma cara de poucos amigos e recusado o abraço. Porém a carência que sentia naquele momento não permitiu que eu o fizesse. Deixei-me afundar naquele abraço reconfortante e quando me afastei escutei tudo o que precisava ouvir. - Sei que vai ser difícil, bem difícil, mas você tem que explicar tudo isso à menina Granger e ser paciente. Tente deixar o ego um pouco de lado e não deixar a opinião dos outros te desincentivar. Eu sei que você não é uma má pessoa e somente teve maus exemplos. Agora vá. Procure-a perto do lago, onde ela costuma estar.

Obrigado - Tudo que consegui dizer, porém acho que era o suficiente.

Não a achei em lugar nenhum, dei voltas e voltas nos jardins, na quadra e perto do lago. Até pensei em a procurar na floresta, quando me lembrei de uma possibilidade melhor. Tinha aprendido um feitiço para acabar com escudos e deveria funcionar. Assim que o fiz, logo pude avistá-la mesmo a beira do lago, de cabeça baixa.

-Posso falar contigo agora? - perguntei cauteloso porém firme.

-Não tenho NADA para falar contigo!

-Você acha que eu te esconderia uma coisa dessas?

-Lógico! Conhecendo seu caráter sei que você esconderia coisa até pior... Agora deixa eu ir!

-Não, você fica aqui! Isso não é verdade! Eu realmente não seria capaz de fazer isso nem com o meu pior inimigo! - me exaltei e não deveria. Senti que ela se assustou. - Desculpa... mas realmente não gosto que afirmem coisas sobre mim sem realmente saberem. Eu não sou esse monstro. Eu, ao contrário do que todos acham tenho sentimentos e nunca me sentiria bem sabendo que alguém tão próximo de mim ficou sem a família desse jeito. Ainda mais sabendo o quão ruim isso é... você sabe que odeio as atitudes da minha.

-Talvez você esteja falando a verdade, mas como saber. Você já fez tanta merda que acho super possível você estar me enganando. Talvez esteja falando isso só porque perdeu a compostura na frente da escola.

Isso me magoou mais do que devia. Será que as pessoas pensam que eu sou tão superficial assim e que realmente não ligo par os sentimentos alheios?

-Olha para mim, no meu olho. - Ela hesitou mais olhou - Eu estou pouco me fodendo para o que aqueles idiotas pensam e quer saber eu já fiz muita, mas muita merda mesmo. Mas nada, nada se compara à acusar os outros de uma coisa tão pesada quanto essa. Caso te interesse meu pai me falou que os seus tinham sido assassinados na Austrália por outros comensais. Eu ia te contar no dia da primeira ronda mais VOCÊ não quis saber. Mas quer saber, acho que você não tá nem aí e eu tou perdendo meu tempo em tentar te explicar.

-Você não acha que é difícil para mim saber de tudo isso? Como você acha que eu estou me sentindo?

-Você está se sentindo do jeito que me senti a vida toda. Eu nunca tive uma família estruturada nem amigos que me apoiassem, por isso só fiz burrada a vida inteira. Você tem muitos amigos para te apoiarem agora e sinceramente eu pensei por um minuto que eu também fosse ser uma boa ajuda para ti porque EU TE ENTENDO. Mas você tem que ser a dona da razão sempre. E quer saber, fica aí sofrendo fica. Você já arruinou tudo mesmo. Nem sei o que ainda estou fazendo aqui me humilhando. - saí andando evitando as lágrimas

-Malfoy espera... - foi em vão, pois apertei o passo. Não queria deixá-la ali sozinha mas não podia demonstrar que as lágrimas corriam. Isso era péssimo sinal. Sinal de que Blás estava certo. Estava misturando sentimentos ao jogo e isso só pioraria a situação...

I can't remember to forget youOnde histórias criam vida. Descubra agora