Capítulo 9

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Hermione sentiu quando um par de braços a pegaram antes que desmaiasse. Assim que acordou estava novamente em seu quarto. Não havia ninguém no recinto e o corpo de Hermione estava menos dolorido do que o esperado. 

As palavras de Malfoy ecoavam pela mente da garota. Seu primeiro intuito foi levantar e tomar um banho, mas nem isso ela estava com vontade de fazer. Não sabia como ainda aguentava estar na própria pele. E a cada hora que passava a repulsa até de seus próprios toque a faziam se encolher mais e mais.

Hermione buscou a adaga que mantinha guardada. Sim, era ridículo a essa altura do campeonato ter uma arma sem usá-la. Paciência sempre foi uma de suas poucas virtudes e desde a noite da festa Hermione percebeu que se usasse a adaga no momento errado poderia ser morta e seu corpo seria deixado numa vala qualquer.

A lâmina fria tocou nas mãos de Hermione e ela a analisou. E se tentasse tirar a própria vida? Seria poupar qualquer informação sobre seus amigos. Informações que Voldemort talvez já tivesse. 

Não, Hermione. Precisam de você.

Hermione começou a hiperventilar ainda com a adaga em suas mãos. Os dedos de Hermione apertaram a lâmina até que os nós dos dedos ficassem brancos e um enorme pingo de sangue escorresse. O metal quente roçando contra a pele de Hermione.

Muito convidativo...

Ela fechou os olhos, deixando a dor percorrer cada canto do seu corpo até que estivesse pronta para soltar a adaga.

Sangue e mais sangue. Hermione já estava acostumada. Já sentiu vários cortes em sua pele. Já possuía tantas cicatrizes que era possível que quem visse seu corpo ficasse horrorizado. Algumas finas no rosto. Outras grossas no joelho. Algumas lesões que foram se curando durante o tempo. Hermione podia olhar para os braços e ainda enxergar os roxos que antes estavam lá.

Hermione soltou a lâmina e olhou para as mãos ensanguentadas. Haviam cortes que iam das palmas das mãos até os dedos. Alguns superficiais, outros profundos. Ela nem percebeu que estava tremendo enquanto segurava o objeto e isso fez com que mais machucados surgissem. 

Demônios. Sim, cada corte era um demônio. Uma morte. Um momento de paz e dor.

Naquela noite, Hermione dormiu com as mãos abertas e cheias de sangue.

[...]

28 de Setembro de 1998

E assim Hermione passou os próximos dois dias. Trancada dentro do quarto, evitando comer e observando o céu que agora estava nublado. Cada respiração era uma assombração e a noite o frio tocava sua pele, deixando a lembrança de que estava sozinha. Estava, por hora, segura.

Os cortes de Hermione estavam agora envoltos por ataduras. Ela não sabia quem tinha cuidado dela e não se importou com isso. A única coisa que se importou foi olhar o lugar onde escondeu a adaga e descobrir que ainda estava lá.

Nesse meio tempo isolada, Hermione não quis ver a pequena elfa que sempre a visitava assim que terminava o trabalho. Não se sentia à vontade com Gweyra tentando animá-la. Hermione queria ficar sozinha com os próprios pensamentos. Ela não se sentia mal por ter passado por aquilo. Na verdade, ela sentia-se vazia.

[...]

29 de Setembro de 1998

Mais um dia se passou e conforme o sol da manhã subia no horizonte, dando os primeiros sinais de um novo dia, ela ainda não se animava a sair do quarto. Cada passo que dava dentro daquela casa era uma condenação física e psicológica.

Antes que Hermione pudesse se mexer na cama para olhar mais além da janela, a porta se abriu revelando um loiro alto cuja feição era uma mistura de desconfiança e frieza. Hermione rapidamente se encolheu, evitando qualquer contato visual com ele.

The Darkest Of Poison - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora