The Darkest Of Poison - Dramione

Capítulo 10

O crepitar da lareira fazia com que o silêncio da sala parecesse menos desconfortável. Hermione estava sentada, encolhida, em uma poltrona sentindo o calor que o fogo passava. O fogo nada mais era do que um amontoado de moléculas em constante agitação e essa era a única informação que conseguia se prender para não prestar atenção em sua roupa ensanguentada.

Malfoy havia saído a meia hora com o corpo flutuando. Não disse nada, apenas acendeu a lareira e indicou que Hermione sentasse. Ela não recusou e desde então estava aquecida e relativamente calma. 

Malfoy. Ela tinha salvado Malfoy. As palavras ecoavam em seus pensamentos sem peso algum, apesar de tudo o que ele havia feito para ela e seus amigos. Hermione não se sentia culpada por salvar a sua vida.

- Que bom que pensa assim.- A voz de Malfoy ecoou pela sala. Ele passou por sua poltrona se sentando na ponta do sofá a frente dela. Com os braços apoiados nos joelhos, o loiro deu um suspiro pesado e cansado. - Você me...

- Não termine essa frase.- Hermione levantou a mão.- Não fiz isso por você. Fiz isso porque...nem eu sei porquê.- Ela bufou. 

Um breve silêncio se manteve.

- Porque?- Malfoy perguntou baixo.

- Não sei. Só...acho que ninguém merece ser tratado que nem lixo.

Malfoy engoliu em seco, tentando não olhar para Hermione.

- Granger, eu...

- Eu sei que você não gosta de mim. Não gosta nem da minha sombra. O que eu fiz aqui era a favor dos meus princípios, não dos seus. Se está se sentindo um lixo agora é por sua conta. Minha consciência está limpa.

Ninguém falou mais nada. Hermione se sentia meio culpada de ter sido grossa com Malfoy, mas não quis contornar isso. Talvez fosse melhor assim. Não poderiam ser mais que inimigos.

Depois de um tempo, Malfoy se levantou e sem dizer uma palavra saiu da sala.

Quando Hermione voltou para o quarto, uma muda de roupa tinha sido deixada em cima da cama. Ela rapidamente tomou um banho e trocou de roupa, se deitando logo em seguida. 

[...]

Ela acordou várias vezes durante a noite, sonhando com o corpo do homem caindo aos seus pés. O desejo de salvar Malfoy nos sonhos era nítido. Um sentimento tão real, que Hermione passou duas horas olhando pro teto pensando no que aconteceu e no que estava sentindo tanto nos sonhos quanto na vida real. 

Assim que amanheceu, Hermione pulou para fora da cama e rumou em direção a biblioteca. Estava decidida a terminar os livros de oclumência e treinar mais um pouco.

E assim se seguiu. Sem Hermione não ver Malfoy por longos dias.

[...]

Dezembro havia chegado. E junto consigo trouxe o início do frio. Sempre que podia, Hermione tentava acender a lareira da biblioteca com sua própria magia. Algumas vezes conseguia, outras vezes sua cabeça estava tão cheia que ela não conseguia nem uma mísera faísca.

Outubro e Novembro não foram os melhores meses. Hermione ainda era levada como um animal a reuniões das quais os comensais da morte estavam. Voldemort passou a não aparecer na maioria dessas reuniões e quando aparecia, Hermione sempre acabava apagando e acordando só dois dias depois. 

Gweyra disse a Hermione que Narcissa tinha ordenado à pequena elfa que procurasse algumas roupas para o inverno. Mesmo que o próprio Voldemort tivesse ordenado que não mudaria a situação de Hermione. Hermione se perguntava qual situação era...