Capítulo 13

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Os sonhos de Hermione se tornavam cada vez mais estranhos e seus pensamentos vagavam sobre toda vez que estava com aquela maldita capa verde. Todos os sonhos tinham um tom de dourado e a voz que dizia esperar Hermione lhe parecia familiar para ela. Seu tom, sua segurança, tudo isso parecia confortá-la contra tudo o que ela já tinha passado.

[...]

5 de Janeiro de 1999

Uma música clássica tocava ao fundo enquanto pessoas vestidas elegantemente andavam pelo e dançavam pelo recinto. Hermione novamente se encontrava acorrentada. Não tinha visto Malfoy em lugar nenhum e por alguns segundos se sentiu sozinha. Os olhos do loiro sempre estavam voltados para ela em seus breves momentos em que ambos se viam. 

Sentia falta do calor da lareira da biblioteca. Sim, ela estava presa. Porém, não era pior do que estar acorrentada feito um animal de estimação, nem Nagini era tratada desse jeito e Hermione começou a desconfiar que a cobra era mais bem tratada.

Horas se passaram e o estômago de Hermione já estava pedindo por comida. Por sorte, ninguém veio ao seu encontro. Não sabia quantas horas seria a atração do showzinho de horrores e se tivesse uma varinha ela já teria acabado com pelo menos a serenidade de metade daquelas pessoas.

Tivera tempo de estudar cada possível saída, cada detalhe, cada som e figura. Agora que sua mente estava protegida, todas as informações que precisava se encontravam atrás de um muro dentro da sua mente. Um muro que só ela sabia acessar. Seu único problema eram as correntes que Hermione descobriu estarem encantadas.

De repente uma canção começou a tocar e Hermione a reconheceu. Era a mesma canção que ela tinha ouvido no dia em que pegou seus pais dançando no meio da sala. Os olhos de Hermione arderam com as lágrimas. Como sentia falta de seus pais, da sua casa, da sua vida normal. Por mais que gostasse de sua vida como bruxa, no fundo, Hermione sempre se perguntou se não seria melhor ser uma trouxa.

Ela ouviu atentamente a canção. Encolhida, cantarolou os últimos versos como se fosse um mantra. Quando a canção terminou, Hermione ouviu um clique atrás de si. Rapidamente ela se virou e encontrou a corrente cortada. Não havia ninguém por perto ou até mesmo olhando para ela.

A voz na sua cabeça agiu então.

Se levante. Saia daí.

Hermione, então, se levantou com cuidado segurando uma parte das correntes para que o barulho não se sobressaísse nas conversas e na música. A capa de Hermione era pesada e se arrastava no chão à medida que ela saia apressadamente do salão.

Passou por uma porta lateral que dava acesso aos corredores da mansão. As poucas velas acesas deixavam Hermione atônita. Se alguém tivesse visto sua saída a essa altura já teria vindo atrás dela e por essa razão não pensou duas vezes antes de sair correndo até seu quarto.

Tantas passagens, tantos corredores. Como tudo se tornava tão parecido quando se está desesperado?

Passos.

Hermione parou e ouviu o som de passos. Sua respiração estava exasperada e seu corpo latejando e queimando.

Não fique parada.

Ela olhou em volta. Uma porta mais à frente encontrava-se fechada.

Esconda-se.

Hermione foi até a porta e para sua surpresa estava destrancada. Ela rapidamente entrou e fechou. Quando finalmente parou de ouvir os passos, Hermione respirou profundamente e ajeitou as correntes de modo que não a machucassem. Quando terminou, deu uma olhada em volta.

O recinto na verdade era uma sala de estar. Diferente do resto da mansão, as paredes eram circulares dando uma impressão de aconchego ao lugar. As pilastras eram esculpidas com arabescos e serpentes. No teto, um enorme lustre com velas acesas e os móveis eram antigos pintados de branco e dourado.

- Nossa.- Hermione exclamou. Tudo em volta não tinha a aparência mórbida da casa. Parecia um recinto aparentemente moderno para uma mansão tão antiga.

Depois de alguns minutos contemplando a sala, Hermione se lembrou do porque estava ali, mas já era tarde demais.

A porta foi aberta com toda a força possível e uma meia dúzia de homens entraram na sala. Hermione prendeu a respiração. Ela pensou no que estava prestes a acontecer e olhou rapidamente os rostos que estavam à sua frente. Quando um dos homens fez menção de avançar na sua direção, Hermione ouviu a voz atrás de todos.

- O que está acontecendo aqui?- A voz de Malfoy sobressaiu. Os homens pularam, alguns com os olhos arregalados, outros fecharam a cara na mesma hora.

- Hora, o mestre não avisou que ela era a atração do show?- Um deles cuspiu num tom de escárnio.

- De fato. Mas, suponho que foram vocês que arrebentaram as correntes dela. Que bela ideia de caçada.- O loiro falou indiferente.- No entanto, acho melhor vocês saírem daqui.

Um silêncio pairou e os homens se entreolharam.

- Porque faríamos isso?- Outro perguntou.

Hermione não se mexeu. Não sabia nem se estava respirando. De repente, Malfoy esboçou um sorriso.

- Porque ela é minha.

The Darkest Of Poison - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora