Apurei minha audição e escutava dois corações acelerados do meu pai e da coisa lá em cima. O olhar do meu pai era de desespero, da última vez que vi ele desse jeito foi o dia que ele arrancou a cabeça daquele ômega.
Acreditam que ele queria minha cabeça?? Eu era uma criança, linda diga-se de passagem mas ainda uma criança.
Foco Ayla!!!
Me concentrei mais na audição e percebi uma outra batida de coração, mas bem fraca
Quando dei por mim já estava quase saindo do alçapão e meu pai puxando meu pé para eu não sair. Levantei a "portinha" de madeira e deixei só uma fresta para ver o que era, mas sem ser notada.
Vi uma pata de animal, era uma corça e estava com uma das patas quebradas
Diego: O que está vendo? — Sussurrou
Ayla: É uma corça e parece que quebrou uma das patas, vem vamos ir lá — O puxei pela mão e saímos do alçapão.A corça se assustou e recuou. Mas logo caiu no chão. Demos um passo para frente e vimos um veado filhote.
Diego: Vamos Ayla, me dê sua mão vou te ensinar uma coisa. — Estendi minha mão e me abaixei ao alcance da corça, coloquei a mão na barriga da mesma e logo grunhiu de dor. — Se concentre na dor do animal, esvazie sua mente e se concentra.
Me concentrei e logo vi minha veias da mão se tornarem em uma coloração preta e senti uma dorzinha no peito, meu pai tirou minha mão suavemente da corça.
Ayla: O que aconteceu? O que eu fiz? — perguntei meio atônita.
Diego: Você tirou a dor dela filha, não está doendo mais. — Sorri ao ouvir isso. — Agora cure a pata dela com as palavras do livro.Me posicionei e coloquei a mãos por cima da pata mas sem encostar e recitei as palavras, vi uma luz roxa saindo de minhas mãos e entrando na pata da corça.
Levantei o olhar e vi o filhote vir em encontro com a mãe. O filhote chegou mais perto e logo passei a mão em seu fucinho molhado.
A corça se levantou eu e meu pai recuamos dois passos. Nós temos uma conexão inexplicável com a natureza e os animais, olhou para nosso rosto e bateu a pata no chão, em forma de agradecimento eu acho.
Se virou e seguiu com seu filhote. Olhei sorrindo para meu pai e olhei os dois sumindo entre as árvores.
Ayla: Viiiu, não tinha perigo nenhum — Sorri convencida.
Diego: Se lembre das regras, se ouvir algo suspeito corra — Me aconselhou.Ayla: Eu cansei pai, cansei de me esconder.
Diego: Ayla já falamos sobre isso, nã vamos ultrapassar a cerca — Logo completei o que ele sempre dizia.
Ayla: O mundo e as pessoas são cruéis — Disse em um sussurro.O que eu mais queria era conhecer o mundo lá fora, como era uma alcatéia, como um alfa liderava todos. Eu só queria um lugar seguro.
Ayla: Vou ir no rio tomar um banho — Abaixei a cabeça e segui a trilha.
Eu sabia que tudo era para me proteger, to sendo uma egoísta por pensar só em mim mesma, posso querer sair da floresta mas meu pai passou por muita coisa por culpa minha.
Ele veste a máscara de homem forte, mas sei que está quebrado por dentro e o que quebra meu coração é saber que a culpa é toda minha e não posso reverter isso.
Quando percebi escorreu uma lágrima do meu olho e logo vieram outras. Olhei pro céu e soltava soluços de tanto chorar.
Ayla: Me desculpa mãe!
Fiquei um tempo escorada em um tronco e fui em direção o rio antes de escurecer.
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Diego: Minha borboletinha vem aqui — Colocou as mãos em cada lado do meu rosto — Eu te amo, e não queria te deixar magoada mas não posso nem imaginar você em perigo.
Ayla: Eu sei pai — Suspirei — Eu que errei, sei que é pra me proteger e fui egoísta pensando em sair — O abracei forte — Me desculpa — Minha voz saiu abafada por meu rosto estar colado em sua camisa.
Diego: Tudo bem meu amor, sei que você tem curiosidade para saber o que tem lá fora, não é culpa sua.
Ficamos um tempo abraçados em silêncio quando ele resolve desfazer o abraço e me dar um beijo na testa.
Diego: Vamos dormir, amanhã é dia de corrida.
Ayla: Espera… Hoje era meu dia de folga — cruzei os braços inconformada por ter esquecido.Diego: Boa Nooite filha. — Cara de pau, ainda se faz de desentendido
Ayla: Nada disso pai, volta aqui — Fui atrás dele — Eu vou cobrar mais tarde — Gritei para ele ouvir.As discussões vinham mas meu pai sempre me ensinou que quando chegasse a noite tudo tinha que se resolver.
A gente nunca dormia sem se resolver, nem que precisássemos ficar a noite toda acordados.
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No meio da noite acordei com muito calor, não conseguia parar de me mexer sentia o suor escorrendo pelas minhas costas, barriga, testa.
Ayla: Pai — Sussurei, minha garganta estava seca, não conseguia falar mais alto — Pai, acorda.
Estava ofegante, mas não conseguia levantar, se eu me erguesse provavelmente caíria.
Diego: Ayla? O que foi? — Veio para perto e tocou na minha testa, percebendo todo o suor — Você tá ardendo.
Ayla: tá… Tá doendo — Disse fraca — Meu corpo todo dóiSenti meus olhos pensarem e minha respiração ficar lenta.
Diego: Filha, não dorme está bem vou preparar aquele chá e logo você vai estar melhor. Ayla me escuta, fica acordada não fecha esses olhos — E foi a última coisa que escutei antes de desmaiar
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A última híbrida
WerewolfEnquanto o mundo se tornava uma espécie de prisão, havia uma família bem longe daquele caos. Uma garota, que faria de tudo pra se sentir livre e um pai, preparado para enfrentar o que fosse para ver a liberdade de sua filha.