:twenty-two:

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Kento Nanami e Satoru Gojo estavam assombrados, não por uma maldição ou um monstro qualquer, e sim pela minúscula figura do seu corpo, mas eles sabiam que não era você ali.

— Onde ela está? – A voz de Satoru soou raivosa, e pela primeira vez se tratando de você ele não sorria.

— O que fez com [S/n]? – Kento falou, ameaçando lutar com ela, mas não faria isso, não quando a pessoa tinha seu lindo rosto, mas claramente não era você.

Os olhos estavam vermelhos, em um carmesim intenso e radiante, as marcas em sua pele cresceram, espalhando-se por todo seu corpo, mas não ao ponto de se abrirem mais.

— Infelizmente nada, ainda sou ela. – A voz soou ao lado deles e um sorriso imenso se abriu nos lábios marcados. — E sei tudo que ela pensa, especialmente como ela gosta de vocês dois, seria uma pena se algo ocorresse com os dois.

— Você poderia até tentar, mas duvido que consiga encostar em nós, só devolva a consciência a ela. – Satoru falou erguendo a mão e quase abrindo seu domínio, mas ele não o faria, não com você.

Os dois se assustaram quando a mão esquerda voou em direção ao seu rosto e acertou precisamente a bochecha rosada.

— Inferno de criança. – Você murmurou cansada e irritada. — Se não posso tocar neles, pelo menos irei infernizar um pouco seu relacionamento.

Eles entenderam o que você fez, mesmo não tendo o controle acertou seu próprio corpo para avisar, avisar que mataria ela dentro de sua consciência se encostasse neles.

— Vocês nunca se perguntaram como foi possível gostarem da mesma pessoa? – Soou divertida e um sorriso contente nos seus lábios perfeitos apareceu. — Ou como uma mesma pessoa pôde amar os dois? Nunca pensaram ser uma mentira. Ela está usando os dois, usando o platinado para transar e o loiro para ser romântica.

— Mentira, ela nunca faria isso. – Kento rosnou baixo, desacreditando das palavras.

— Será mesmo? Por que será que ela nunca ficou com os dois num mesmo dia? Ou saiu com os dois publicamente? Apresentou vocês dois como namorados? Comentou sobre com os amigos? – O olhar queimava em empolgação, sabendo que você lutava internamente contra cada palavra. — Ou até mesmo transou com os dois de uma vez só? Os três juntos? Porque ela tem intenções diferentes com os dois.

Seu corpo se aproximou, como se contasse um segredo aos dois, e um sorriso aberto e vitorioso se abriu em seu rosto, vendo o estrago que fez com os dois. Um aperto em seu braço e outro e suas costas, a impedindo de recuar foi firme e colérico.

— Devolva ela agora mesmo. – Nanami falou, a voz rouca e baixa, afetado pelas palavras do demônio.

— A devolva agora mesmo, ou o inferno não será nada agradável para você. – Satoru ameaçou aumentando o aperto em seu braço e um sorriso apareceu em seus lábios.

— Por experiência própria, o inferno é muito mais do que pensam, afinal quem comanda lá é ótima. – E com um piscar de olhos a feição mudou, de uma diabólica para uma serena e fraca.

O corpo amoleceu nos braços de Nanami e ele a segurou, tentando ver seu rosto e acordar você.

— Ela está cansada demais, deve ter sido sofrido aparecer lá. – Satoru falou abrindo suas pálpebras e encarando as írises avermelhadas, mas sem responderem á luz.

— Vou levar ela para casa. – Nanami falou e o outro o parou, assistindo a feição desentendida do loiro.

— Ah não vai não, ela vai comigo. – Falou Satoru, a segurando perto, mas foi impedido pelos braços de Nanami.

— Agora não é hora de brigarmos, Satoru. – Ele praticamente rosnou com raiva. — [S/n] precisa de nós, e não de mais uma briga, ela já deve estar confusa o suficiente.

Uma tensão foi imposta entre o olhar dos dois, o clima era quase palpável e irritadiço, porém foi quebrado com o chamado de Megumi por você.

— Ela está bem, Megumi. – Satoru sorriu ao jovem. — Só bebeu demais e acabou adormecendo, Nanami vai levar ela para casa, não vai?

— Sim, a amiga de vocês ficará bem. – Ele encarou os jovens preocupados, os confortando sobre seu estado de saúde, logo saindo e a colocando no banco do passageiro.

Antes de sair trocou mais um olhar com Satoru e sentiu ele internamente brigar consigo, mas não o faria, afinal, Nanami estava certo, você já estava muito confusa para ter mais uma briga.

A troca de humores fazia sentido agora, como em alguns momentos você parecia tão adorável e inofensiva, já em outros ficava hostil e irritada facilmente, chegando a parecer como uma segunda personalidade.

Nanami encarou sua face adormecida e suspirou, podia ser verdade o que falara mais cedo? Estava usando os dois? Agora tudo podia ser possível com a descoberta de outra personalidade totalmente oposta, eles não saberiam distinguir qual era a sua verdadeira e qual era a dela.

Ele subiu até o seu apartamento com você nos braços, antes cumprimentando o porteiro e explicando uma desculpa humana para ele, que liberou para ele subir.

O loiro não faria mais nada com você, a deixou na cama e a cobriu com a coberta, tirando os sapatos e a deixando confortável, mas você voltou ao estado comum, acordou e antes dele sair o chamou.

— Ken?... – Murmurou e foi o suficiente para ele se virar e encarar você, se apoiando na porta preguiçosamente. — Me desculpe....

— Você não fez nada de errado. – Ele falou calmamente, encarando seus olhos se encherem de lágrimas e seu corpo se encolher no cômodo, que pareceu tão grande.

— É mentira...eu nunca faria isso com vocês.... – Falou baixo e ele concordou tirando os fios que grudavam em sua face tristonha, depositando um beijo em sua têmpora. — Jamais, me perdoa....

— Não é você quem deveria pedir perdão... – Falou tranquilamente e você negou, limpando os olhos tristemente, sentindo a maquiagem sair em suas mãos. — Eu esqueci de tirar isso...

— Não faz mal, eu vou tirar... – Riu tentando não transparecer seu estado frágil, se levantando e o encarando antes de se erguer e sentir o corpo desobedecer a seus comandos e cair mais uma vez na cama. — Ah...

— Quer ajuda? – Ele a encarou e você timidamente concordou, não querendo concordar, mas odiava dormir de maquiagem, principalmente borrada por suas lágrimas.

Então foi levantada da cama mais uma vez, agora sentindo os braços dele em suas costas e abraçando a cintura dele com suas pernas, dando mais equilíbrio para ambos.

A peça fria de mármore da pia contrastou com sua pele, que agora queimava de calor. Apontou onde tinha os lenços umedecidos de tirar os resquícios e ele foi buscá-los, sentia cada vez mais seu corpo mole e doer.

Sentiu ele segurar seu rosto delicadamente, a mão grande encaixou em seu queixo e firmou o toque, limpando sua face com o tecido, encarando levemente suas expressões, buscando algum sinal de violência ou dor, mas não o fez, pois estava se sentindo bem com ele, tão leve quanto uma folha de papel.

— Só...me desculpe, por favor. – Falou quando sentiu ele parar os movimentos, mas ainda segurar seu rosto. — Por favor, não me odeie também.

— Nunca. – A voz dele soou perto de seu rosto, a respiração acariciando sua pele e o toque aquecendo seu coração. — Eu nunca poderia te odiar, nem se um dia você me odiar, mas eu nunca te odiaria [S/n]. 

𝐞𝐧𝐝 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃 ∫ satoru gojo & nanami kento Onde histórias criam vida. Descubra agora