2 - FAMILIA BORGES

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         O detetive Jackson entra na casa de dois andares como se estivesse marchando sobre ovos. Porém, todo o esforço no caminhar não era para pisar na cena do crime, mas, para não pisar no crime.

            Os pedaços dos corpos emolduravam toda a casa, desde a sala que ficava no térreo até o quarto do casal (casa essa, toda feita de tijolo aparente), que fica no primeiro andar.

            O cheiro de suor misturado com o do sangue estava deixando o ar insuportável... mesmo com todos usando máscaras.

           Por mais que eles estivessem no ramo a muito tempo, o crime de hoje levou embora uma família muito querida pela comunidade local.

        Vera estava morta ao lado da penteadeira do quarto do casal. Era uma peça única de madeira de mogno, com a moldura do espelho acoplada com as gavetas. São duas gavetas trancadas com chave.

Se a cabeça da mãe de Elis estava na penteadeira, a mão esquerda estava pregada na porta do banheiro. A polícia ainda não sabe se a mão foi pregada antes ou depois de ter sido decepada.

      Lembrando que quarto do casal Borges ficava no primeiro piso, logo à esquerda da escada de quem subia e, duas portas depois do quarto das filhas gêmeas: Ana e Suzana. O pai, foi o último a ser morto.

— E aí detetive? Loucura não é não ? — Pergunta o Dornelles. O policial civil foi o primeiro a chegar no local. As filhas do policial acordou o pai dizendo que estavam escutando gritos vindos da casa das amigas. — Moro ao lado deles a vários anos. São pessoas de bem. Que porra deu na cabeça daquela doida?

            Detetive Jackson passa um olhar fúnebre a sua volta. Todo o lugar parece um cenário brutal do pior estilo de um filme do Mike Myers. Personagem da franquia de terror Halloween.

— Por aqui detetive! — Grita Alfonso da entrada da cozinha.

           Tendo cuidado por anda passa, Jackson segue pensativo na direção do legista.

— E aí Alfonso? Que porra toda fudida foi essa?

— Detetive...

— A jovem, onde ela está?

— No andar de cima. A menina tem dezessete anos e jura chorando, que não fez nada disso.

— Sei... arrombamento?

— Não.

— Há vestígios de mais alguém na casa, fora a família?

— Até agora não.

— Que horas a desgraça aconteceu?

— Detetive, Elis disse que acordou por volta das 4 horas da manhã, quando viu os demônios.

— Demônios?

— Sim. Ela disse que matou todos.

— Meu Deus... então, os demônios são as irmãs e os pais dela?

— Infelizmente, sim. Todos mortos e desmembrados. O senhor deve ter visto os pedaços de corpos espalhados ali atrás.

— Sim... eu vi. Venha comigo.

           Subindo a cada dois degraus, Jackson chega rapidamente no primeiro andar. Os corpos e as partes decepadas das vítimas ainda não haviam sido ensacadas.

         O detetive tira um lenço cinza do bolso do paletó e protege sua boca. Alfonso, continua.

— Ana foi a primeira a morrer. Depois a mãe e em seguida a Suzana. Por último, e depois de uma briga corporal, foi o pai.

— Quantos anos as meninas tinham?

— Cinco anos. Mês que vem fariam seis anos.

— Meu pai do céu. Onde encontra-se a moça, mesmo?

— No quarto dela. Só mais uma coisa detetive Jackson...

— Diga.

— Os olhos das vítimas e a arma do crime não foram encontrados.

          O delegado Jackson respira fundo.

EU VELO SEU SONO - Lançamento 28/03/22 - Em Andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora