Jude cai num sono profundo. Ela sente seu corpo se movendo como se estivesse num ônibus, de olhos fechados e em pé, indo de um lado para o outro embalada por suaves curvas.
O som do baixo, tocado na música, parece dar o ritmo de quão profundo ela vai entrando no sonho. Jude logo percebe que está sonhando. Como isso é possível? A jovem não sabe.
Ela continua no quarto, mas os tons antes eram coloridos agora estão cinzas. Tudo a sua volta vive num cinza escuro e olhando para seu guarda-roupa percebe uma luz amarela escapando por entre as frechas da porta central.
Jude abre a porta do seu guarda-roupa e então percebe a luz que vem do chão. Abaixando-se puxa o que parece ser um alçapão de madeira, abrindo-o e ver uma escada em espiral.
Uma grande e larga escada em espiral, também feita de madeira e com as paredes roxas pulsando sem parar. Como se através das paredes, tivessem veias ou artérias pulsando no ritmo do coração de Jude Salomão.
Por mais estranho ou louca que fosse aquela imagem, era lindamente perturbadora. E quando digo perturbadora não estou dando conotação negativa, mas sim, algo surreal... somente visto em sonho, algo tão belo. E talvez tenha sido por causa disso que Jude Salomão tenha tocado na parede pulsante e percebido o quanto era quente. Parecia a pele quente de seu pescoço quando era castigada com febre.
Voltando para a descida, ela escuta um som molhado. Parece chuva. E continuando a descer, segue na direção da luz amarela... que é cada vez mais lá embaixo. Mais profundo. Mais distante do seu quarto.
Jude Salomão, olhando para trás, percebe que está conectada com seu corpo material por um imenso fio de prata preso em sua cabeça. As notas musicais dançam por esse fio espiritual e ao tentar toca-lo, sua mão passa através dele, deixando um rastro pelo ar, como uma nuvem que se dissipa e logo volta à sua antiga formação.
Um rangido de porta velha batendo sucessivamente contra algo, a faz olha para baixo. A luz amarela parece não se alterar aos movimentos bruscos da porta que abre e fecha.
Jude Salomão continua descendo, e por mais estranho que pareça não sente medo. Mesmo assim, ela não se deixa ficar com os sentidos desatentos. Todo cuidado é pouco quando está em outro mundo.
Chegando na porta de madeira que continua com seu bate-bate infernal, Jude interrompe esse processo adiantando seu pé de direito e com sua mão esquerda empurra a porta para fora.
Um mar verde e azul desponta diante dela. As ondas parecem se mover bem devagar, num ritmo quase inexistente. As areias são brancas e bem finas ao toque das plantas dos seus pés.
Foi aí que Jude Salomão percebeu que ao passar pela porta ficou descalça. Como? Ela não sabe. Olhando para o céu, percebe que há 4 sóis e 1 lua.
Porém as luzes dos 4 sóis não consegue passar pela lua. Deixando uma determinada região daquela praia, numa medonha escuridão.
Jude Salomão segue na direção da escuridão que tem em sua volta, uma luz amarela. Como se a escuridão não deixasse a luz entrar.
Um raio cai no meio do mar e as ondas recuam para longe. Jude Salomão sente que isso não era um bom sinal e lembra-se da sua professora de história, que certa vez falando sobre Tsunamis, sinalizou para toda classe ficar atenta aos grandes recuos das ondas... porque isso não seria um bom sinal.
As imensas casas de praias destruídas pela erosão e pelo mar, vão aparecendo a cada momento que Jude Salomão se aproxima da escuridão.
São grandes estruturas de ferro e concreto que foram levadas pelo mar. As imagem eram um contraste medonho com a beleza do local.
A morte interrompendo a beleza da vida.
Em uma dessas casas, que ficam na beira-mar, tem uma delas que chama a atenção de Jude Salomão.
Toda casa estava em ruínas, exceto por uma parede com 3 metros de comprimento por 2 de altura, que no centro dela havia um quadrado feito com azulejos vermelhos e amarelos e que a disposição deles, quando foram organizados se alternando, lembrava um espiral.
E nos azulejos vermelhos haviam letras, e nos amarelos pontos.
P . C . X.
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EU VELO SEU SONO - Lançamento 28/03/22 - Em Andamento
Mystery / Thriller4 pessoas de uma mesma família mortas. Elis, a filha do casal é a única suspeita. Há 10 anos Jude Salomão fez sua primeira incursão nos sonhos de uma vítima de agressão, ouvindo uma música de Heavy Metal, da banda Black Sabbath. Elis, entra num e...