O local é escuro. Elis não consegue enxergar um palmo a sua frente. Uma presença opressora a faz ficar quieta.
Cascos parecidos como de cavalos pisam o chão molhado e misturasse com o som crescente de sucessivos pingos na água.
A respiração daquele ser no escuro parece se incomodar com o peso que seu corpo carrega. Elis continua parada, imóvel, ela precisa sair daquele cúbico.
Ela não sabe como foi parar ali. A única coisa que vem a sua memória é que estava sendo interrogada pelo detetive e caiu nesse limbo.
Ao olhar para sua esquerda consegue diferenciar do escuro uma passagem. Uma porta aberta. E sem demorar mais ela corre para o que entende ser sua escapatória.
Mas ela cai. Elis não sabe precisar quanto tempo continua caindo. Tudo é muito incerto. Que mundo é aquele? Ao mesmo tempo em que cai, ela por alguma razão não tem medo de espatifar no chão.
Uma pequena luz começa a se formar. Um ponto de luz que chama a atenção da jovem, que vai caindo na direção daquela sinaleira.
Elis percebe que o pequeno ponto de luz continua lá, porém o seu tamanho vai aumentando... crescendo... maior, cada vez maior e mais claro.
Mas a claridade que emana daquele lugar é fosca. Sem vida. Como se a luz estivesse morta e vazia.
Você vai entender a sensação. Imagine uma luz que não ilumina, que quanto mais exposta sobre a página de um livro, mais essa luz não ajuda a identificar as letras nem entender o significado das palavras. Uma luz sem claridade.
Elis passa por aquele buraco de luz e choca-se em seguida com uma montanha de concreto, areia, barro e lutando para se segurar em algo áspero que não a deixe cair por mais tempo, Elis enfim consegue.
Elis percebe então que conseguiu se segurar numa varanda de uma apartamento destruído, que faz parte de um predio envergado e também destruído.
Fazendo toda força possível para subir para dentro do imóvel e poder parar e pensar no que significa toda aquela loucura.
Nada faz sentido.
Enfim, ela consegue. Depois de entrar no apartamento com extrema dificuldade, Elis deita-se no piso destruído e com as cerâmicas faltando ou partidas pela metade.
Elis, levantando-se com dificuldade vai o mais perto possível da varanda destroçada e com cuidado, olhando aonde pisa, percebe as fuligens de cinzas caindo e foi aí que percebeu o cenário de guerra que aquela cidade se encontrava.
Os prédios estavam destruídos e alguns deles faltando boa parte da estrutura, como se uma bola de fogo estivesse passado por dentro deles ou pelos lados.
Elis não se atreve a olhar para as ruas lá embaixo e que ela acredita que existam. Seu coração acelera com o desespero de não entender o que está acontecendo e mais ainda... e se ela fosse ficar presa ali para sempre?
Com cuidado, Elis move-se para trás caminhando de costas para a porta. Toda atenção é necessária para não cair daquela varanda. Seu coração não para de acelerar e sua respiração fica ofegante.
Ao se virar e olhando para a porta, uma montanha de pelo tromba no seu corpo. Elis cai no chão e vê a criatura asquerosa babando na sua direção e com seus dentes podres cerrados para ela.
O Cocker Spaniel inglês, aquele cachorro amável, de pêlo marrom e orelhas grandes, transformado numa besta demoníaca e sedenta de sangue com sua cabeça virada para cima e seus olhos para baixo.
Elis não acredita no que está vendo.
— Biscoito? É você?
A fera ao escutar o próprio nome parte com ferocidade na direção de Elis.
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EU VELO SEU SONO - Lançamento 28/03/22 - Em Andamento
Mystery / Thriller4 pessoas de uma mesma família mortas. Elis, a filha do casal é a única suspeita. Há 10 anos Jude Salomão fez sua primeira incursão nos sonhos de uma vítima de agressão, ouvindo uma música de Heavy Metal, da banda Black Sabbath. Elis, entra num e...