EU VELO SEU SONO - Lançamento 28/03/22 - Em Andamento

8 - A ONDA

O que aquelas letras e pontos significavam, Jude Salomão não sabia. Porém, ela escutou uma voz bem longe dizendo algo que ela de imediato não entendeu.

As ondas foram recolhidas para o fundo do mar e a vastidão seca mostra um mundo de areia que estava coberta pela água.

A jovem voltando a caminhar na direção da escuridão, percebe que a areia começou afundar seus pés com mais facilidade.

A cada nova passada, mais as pernas entravam numa areia que ficou preta, parecendo areia de mangue, que lembra uma lama.

E o cheiro era forte. Como se estivesse malhando enxofre a cada nova pisada na areia densa e escura.

Vozes e mais vozes começaram a tagarelar coisas sem sentido algum. Depois foi o som de uma sirene e a terra começou a se mexer para os lados... se chacoalhando.

Jude Salomão gela de medo pela primeira vez quando percebe algo se formado a quilômetros de distância... uma muralha líquida começa a ser erguida e vem na sua direção. Apesar que, mesmo estando tão longe, o tamanho daquela onda era gigantesca e quando chegasse ali destruiria todo o lugar.

Um novo pedido de socorro. Dessa vez é mais forte e de fato estava vindo de dentro da escuridão. Jude Salomão se apressa mais uma vez mexendo-se o mais rápido que pode.

Olhando na direção do mar, a onda dobrou o tamanho.

Jude ao fazer mais um impulso com mais força e determinação, é projetada ao ar fazendo um salto inesperado, cruzando a areia lamacenta e chocando-se com um coqueiro.

A porrada abre-lhe o supercílio, mas, quando pensa em se lamentar, ela escuta um grito agudo vindo de uma casa.

A casa estava dentro da área escura, e Jude Salomão só conseguiu vê-la agora, a pouco mais de 50 metros da casa.

Um vento forte passa por ela e a derruba de costas no chão. Ela sente dor... muita dor. Um novo grito desesperado a chama pelo nome estampado na camisa que está vestindo: Rush! Socorro! Estou aqui!

Jude Salomão olha para os restos mortais do que parecia ter sido algum dia uma linda casa de praia.

A parede, pelo lado de fora, subia uma rama de folhas verdes com galhos estranhas... que pareciam veias. O mofo estava por toda a pintura e se mexia, misturando-se com as sombras.

A janela era de madeira e estava pendurada, toda quebrada e com pedaços que pareciam queimados, de onde saía uma fumaça embranquecida e fedorenta...mais à direita tem um buraco na parede que para uma pessoa de tamanho normal, não terá problema de passar por ela.

Como Jude Salomão não poderá entrar pela frente da casa, devido as pedras pontiagudas que a cerca pela frente, a jovem caminha na direção desse buraco para entrar na casa.

Com cuidado, Jude entra na casa e aparece bem na sua frente uma escada de concreto, toda deteriorada pela maresia e com as ferragens a mostra, subindo para o segundo andar, haja vista o primeiro andar só existe por causa de três paredes que seguram o piso do quarto segundo andar, onde tem uma porta de aço.

Olhando para sua esquerda, não há parede alguma na frente da casa, liberando toda a vista para o mar. O vento é frio como a morte e traz o cheiro da maresia para dentro do que um dia parece ter sido uma sala.

Três batidas por dentro da porta de aço e uma voz de menina pede socorro... Jude Salomão ao pisar no primeiro degrau toda escada cai fazendo um barulho estrondoso.

Correndo para a frente da casa, na tentativa de procurar subir pelas pedras, Jude Salomão sente a esperança lhe faltar ao ver que a onda triplicou de tamanho e não vai demorar muito para arrastar tudo para dentro dela.