Prólogo

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Saio da boate com raiva, não devia ter vindo aqui hoje. Olho pelo estacionamento a procura do meu carro e quando vejo o Porsche vermelho vou até ele. Minhas pernas estão leves e minha visão turva, respiro fundo, traço o caminho em minha mente e tento ficar sóbria.

Entro no carro e me dirijo de volta ao meu hotel, no caminho ouço meu celular tocar e após analisar a estrada vazia eu me viro para o banco do passageiro pegando o celular.

Sinto um baque contra mim e levanto a cabeça percebendo que bati em um carro. Pego minha bolsa e confiro se o talão de cheques está lá dentro.

– Boa noite, eu – Paro de falar vendo um homem moreno de terno descendo do carro em que bati. – Me desculpe, bebi demais, não devia estar dirigindo, mas vou pagar pelo estrago, só me fala seu nome que te faço um cheque e...

– Tudo bem – Ele diz ajeitando o terno – O estrago foi mínimo, não precisa se preocupar...

– Helena, Helena Roberts – Me apresento.

– Samuel – Sua voz rouca é uma das melhores coisas que já ouvi na vida, seu perfume é forte sem ser enjoativo e completamente delicioso, e tenho que me segurar para não inspirar fundo. Me detenho a olhar somente para seu rosto.

– Por favor, eu faço questão. Bati em seu carro e não posso ir embora sem resolver isso.

– Já disse, está tudo bem. Boa noite, Helena – Samuel diz entrando no carro, meu nome saindo de sua boca é como uma melodia perfeita.

Quando estava voltando para meu carro ouço o ronco estranho vindo do motor de seu carro e paro. Vejo-o tentar ligar o carro novamente, mas sem sucesso, vou até o carro e bato na janela.

– Oi – Digo quando ele abaixa a janela me encarando. – Parece que causei bem mais que um amassado, hein.

– Vou chamar um táxi, meu hotel não está tão longe – Ele diz pegando algo no porta-luvas e descendo do carro.

– Hotel? Onde está hospedado? – Pergunto. – Se for perto do meu posso te dar uma carona.

– Walker Palace. Acho melhor você não dirigir nas condições em que está – Diz me olhando de cima a baixo. – Pode acabar se envolvendo em algo mais sério que uma batida de carros.

– Esse hotel é meu, quer dizer, estou hospedada lá – Murmuro a mentira, não sei porque omiti o Walker na apresentação e agora, o fato de ser a dona do hotel. – Se quiser uma carona, até... deixo você dirigir meu carro.

– Que coincidência, não? Vamos, eu te levo de volta – Diz passando por mim e indo até o meu carro.

Caminho devagar tentando andar em linha reta, mas fracasso e meu salto quebra me fazendo torcer o pé.

– Droga! – Choramingo sentindo uma dor crescer em meu pé.

– Está tudo bem? – Pergunta me analisando preocupado.

– Não, meu salto quebrou e torci meu pé. Acho que não vou conseguir andar.

Samuel vem até mim e se ajoelha na minha frente me ajudando a tirar os saltos, ele analisa meu pé que dói cada vez mais e me pega no colo indo até meu carro.

Ele me põe deitada no banco de trás e dirige até meu hotel, no caminho pego no sono.


Acordo sentindo a luz do sol em meu rosto, resmungo e puxo a coberta tampando meu rosto. Sinto uma pontada de dor em meu pé e me sento na cama percebendo imediatamente que não estou em meu quarto. Olho para baixo e percebo que estou com uma blusa masculina, ao meu lado o cara da noite passada dorme tranquilamente. Forcei minha cabeça a se lembrar qual era seu nome e como eu havia chegado à cama dele.

Tento me levantar com cuidado para não o acordar, mas falho. O moreno deitado na cama solta um grunhido e me viro vendo-o passar a mão no lugar onde eu estava deitada a segundos atrás.

– Bom dia – Ele murmura com a voz rouca e sonolenta.

Fico o encarando tentando me lembrar qual era seu nome, droga. E se eu tiver transado com ele?

– Ah, oi... – Digo forçando um sorriso.

– Samuel.

– O que? – Pergunto confusa demais, vidrada em seu rosto amassado de sono.

– Meu nome, é Samuel. Você provavelmente não se lembra já que estava totalmente embriagada ontem quando nos conhecemos – Ele sorri.

– Ah, sim. É claro. Olha eu queria pedir desculpas por ter estragado seu carro, Samuel – Respondo andando até a porta. – Vou mandar um dos funcionários do hotel te entregar outro carro. – Abro a porta para sair, mas paraliso – Só me diga uma coisa, nos não... quer dizer, nos só dormimos, certo?

– Se tivéssemos transado, você com certeza se lembraria, Dea – Ele murmura divertido me olhando com as sobrancelhas arqueadas.

– O que aconteceu com minhas roupas? – Questiono confusa tocando sua blusa que eu vestia.

– Estão na lavanderia – Ele diz. Continuo o encarando sem entender. – Estavam sujas. De vomito. Assim como sua bolsa e o banco de trás do seu carro – Explica.

Sinto meu rosto quente e não sei o que dizer. Isso é bem a minha cara, passar vergonha na frente desse gostoso.

– Certo... De qualquer forma, Samuel. Obrigada pela ajuda e mais uma vez, me desculpe por bater em seu carro – Peço antes de sair correndo do seu quarto.

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Dea – Deusa em italiano.

La Mia Dea HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora