Boa leitura!
Não sei ao certo, o que me acordou, só sei que despertei com a sensação de alguém está me chamando.
— Naomi? — a chamei baixo. Nada. Cloe ao meu lado, dorme feito pedra.
Tentei ouvir algo a mais, porém nada. Só o barulho do mar longe. Calcei as pantufas, joguei por cima do ombro um xale enorme, caminhei calmamente até a cozinha, a porta de trás está aberta, a luz da lua banha o piso, a brisa do mar entra preenchendo todo ambiente. Na beira do mar está ele de pé, com as mãos nos bolsos. Não dá para ver nitidamente que é ele, mas, eu sei que é. Meus passos fez barulho na areia, o que o fez olhar por cima do ombro.
— Não conseguir dormir. — disse assim que parei ao seu lado.
— Porquê? — Ele balançou a cabeça negando.
— Não sei. Talvez a cama estranha, o som do mar ou... — se calou, mexeu com a ponta do pé na areia.
— Também queria estar em outro lugar.
— Humm...
Ficamos parados um do lado do outro, apenas olhando as ondas quebrando na praia. Por um momento, me sentir tentada abraça-lo, a cobri-lo com meu xale, compartilharmos o mesmo calor. Ergui a cabeça para olhá-lo. Ele parece está irritado, chuto... uma luta interna.
— Eu vou entrar. — falei.
— O sol vai nascer daqui a umas duas horas. — disse quando me virei para ir embora. Voltei a ficar do seu lado, encarando-o.
— Está me convidando para ver o nascer do sol? — Ele balançou a cabeça devagar mal dando para saber, se era negando ou confirmando.
— Eu gostaria. Mas não quero causar mais problemas do que já causei a você. — Dito isso, ele me olhou rapidamente depois voltou a olhar para as ondas.
— Do que você está falando? — Sou totalmente idiota já que eu sei a que se referiu. — Ah! Não foi sua culpa, se você fosse o príncipe William minha mãe reclamaria. Ela acha defeitos em qualquer um.
— Está me dizendo para não me sentir especial? — Sorriu, o que fez sair um som gostosinho. E foi impossível não sorrir de volta para ele.
— Todo mundo é especial. — Dei de ombros. — Pelo menos é o que minha irmã Cloe diz. Não dá para dar muito crédito a ela já que, é uma criancinha.
Ele riu de novo.
— Engraçado, que todos esses anos de amizade entre nossos pais, mal trocamos uma dúzia de palavras.
Ele tem razão.
— Você andou pensando nisso? — perguntei. Christian mudou a posição, trocando o peso do seu corpo de uma perna para outra.
— Sim.
— Claro. Isso acontece, as pessoas não param para falar comigo... Acontece por eu não ser interessante. E eu concordo com elas.
— E eu discordo completamente.
Fui pega de surpresa, confesso. Olhei por cima do ombro na direção da casa dos meus pais, e para minha sorte não há ninguém na janela, nenhuma sombra de alma.
— Não me faça acreditar em algo que não existe. Que não é real!
— Se algo não existe automaticamente ele não é real.
— Você entendeu ou não?
— Só estava implicando com você.
Eu sabia disso, mas não consegui ficar calada, não mais depois que ele começou a falar comigo. A sensação de ter alguém conversando com você sem implicar o tempo todo com meu jeito de falar, de agir, enfim me faz querer estar do lado dessa pessoa. E essa pessoa é o Christian.
— Eu também gostaria de ver o nascer do sol com você. — falei depois de um tempo em silêncio.
— Outro dia.
Por um segundo eu fiquei esperançosa, de que ele arriscaria levar uma bronca da minha mãe. Até eu arriscaria, para ver o nascer do sol com ele. Se isso não é romantismo ao extremo eu não sei o que é e eu cai do cavalo.
— Claro. — me virei para entrar, dessa vez ele não disse nada que me fez ficar. Arrumei o xale sobre meus ombros e voltei para casa. Ao virar-me para fechar a porta dei de cara com ele. Levei um susto. Fiquei parada com a mão sobre o peito, o xale deslizou sobre os meus ombros e braços caindo graciosamente no chão. Sem dizer nada, Christian se abaixou, pegou meu xale o colocando sobre meus ombros.
— Fica lindo em você. — disse enquanto deslizou as mãos no meu braço, me sentir formigar. Baixei o olhar.
— Hummm! — alguém pigarreou atrás de mim.
Qualquer pessoa menos minha mãe. — fiz uma prece me virando para vê quem é. O pai do Christian.
— Boa noite senho Harris.
— Stella. — ele olhou do filho dele para mim.
Quem estiver de fora, talvez pensaria que tivéssemos prestes a nos beijarmos. Tenho consciência disso, vendo agora o jeito que o senhor Jeremy está olhando para nós. Graças Deus não é minha mãe.
Não esperei nenhum dos dois dizer nada, e acredito que não sobreviveria a um questionamento vindo dele. Então assim, passei pelo mais velho o mais rápido que pude, porém, apressando só o passo assim que estava longe da vista de ambos, corri para o meu quarto.
Não me deitei ao lado da minha irmãzinha, me sentei na poltrona, arrumando o xale sobre mim, com a mão sobre o peito sentir meu coração acelerado. Estávamos de fato prestes a nos beijarmos. E tenho impressão de que seria... Glorioso.
Capítulo pequeno, eu sei. Mas, depois desse início os capítulos serão maiores.
Espero que tenham gostado.
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Amor com culpa (concluída)
Random2° LIVRO CONTEÚDO +16 🔞 CONCLUÍDO! Nossas dores não podem ser sanadas por uma mágica. Mas podemos aprender a conviver com elas, com o passar do tempo, e seguir em frente. Viver é sofrer, disse um poeta. Que pena que existam tantos poetas insensívei...